Capítulo 4

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Não pude responder ou sequer gritar pelo susto ou por qualquer outro motivo. Além da sua mão me tapar a boca, quando entro em pânico não consigo falar, gritar ou sequer sussurrar, como se de repente tivesse ficado sem cordas vocais.

- Espero-te neste mesmo local daqui a umas horas... Pode ser... às 23h, pouco antes da hora do recolher obrigatório. Não esperes chegar a tempo do recolher da meia noite mas prometo-te que não arranjarás problemas com isso. - Cessou o discurso e pude sentir que sorria e por momentos ainda pensei que ele pudesse ter coração no meio de toda aquela frieza e rudez, mas rapidamente voltou ao seu habitual tom rígido - Já sabes que isto não é um convite Olivia, e espero que estejas ciente das consequências se me tentares desafiar...

Fechei os olhos e inspirei profundamente poucas milésimas de segundo depois de Nathan retirar lentamente a sua mão de junto da minha face. Ignorei a curiosidade que me tomou relativamente a olhar para trás e tentar descobrir os caminhos percorridos pelo rapaz do chapéu, e resolvi correr até à porta mais perto de mim de modo a evitar uma gripe profunda ou algo do género.

*

Olhei para o meu relógio de pulso de tom dourado uma última vez antes de sair do meu quarto, este cujos ponteiros marcavam 10:47 pm. Depois de trancar a porta do 308, dei início ao batuque constante que os saltos altos das minha botas pretas Stradivarius produziam enquanto percorria os corredores e mais tarde a pedra clara do chão do pátio.

Parei somente quando me encontrei a dois metros do rapaz vestido de escuro encostado à parede - quase tão clara quanto o chão - que olhava para mim desde o momento em que atravessara as mesmas portas que há umas horas atrás. Assim que Nathan se desencostou da parede pegou-me rapidamente, mas quase delicadamente ao mesmo tempo, e encaminhou-me entre esquinas e outros caminhos até chegarmos a uma parte isolada do Campus perto das grades que cobriam toda a EF Academy New York, à exceção de entradas/saídas.

- Eu vou primeiro. Limita-te a repetir o que fiz e corre tudo às mil maravilhas. - Avisa enquanto olhava embasbacada para o próprio à medida que percorria as grades e as atravessava, no final, para o outro lado do colégio. - Pronto, é a tua vez.

Parece-me um ótimo dia para ter trazido saltos altos, realmente.

Coloquei as minhas botas entre as grades e agarrei-me a estas. Apesar de nem sequer ter chegado a chover hoje, as barras de ferro estavam molhadas e incrivelmente frias, o que me fez rezar para que acabasse por sair dali, não só com a roupa intacta sem que lhe faltasse um único pedaço de tecido, como também pedir para chegar até ao outro lado com a roupa minimamente e quase totalmente seca.

Ao saltar para o chão, já do outro lado da gradação, a minha bota escorrega na grade e desiquilibro-me. Nathan agarra-me pelos braços mas não me impede de torcer o meu pé esquerdo assim que os tacões tocam na relva.

- Porra! Foda-se, o meu pé! - Reclamo ao tentar não pensar na parte cliché daquele cenário todo.

- Ninguém te manda ser desastrada. - Comenta o indivíduo do qual apresso a soltar-me dos seus braços.

Volta a pegar-me na mão, pouco ou nada preocupado com o estado físico do meu pé, e encaminha-me durante longos metros, por entre árvores, até a um carro escuro estacionado numa estrada que acredito que não esteja muito longe da que dá acesso aos grandes portões brancos de entrada do Campus.

*

É isto? Fizemos a merda de uma hora de caminho desde Thornwood até sabe-lá-Deus-onde para chegarmos a um edifício velho? Digam-me que é uma brincadeira e que os One Direction vão aparecer a cantar para mim por de trás de um dos poucos carros estacionados perto daquele monte de cimento com metros, com pseudo janelas incorporadas.

Saímos ambos do carro e ele conduziu-me, uma vez mais, até à entrada do edifício onde seguimos sempre em frente até chegarmos a um elevador. Entrei extremamente reticente e senti o olhar de Nathan cravado em mim enquanto detinha o meu olhar no chão e evitava todos os meus pensamentos a cerca da minha claustrofobia.

Inesperadamente, o rapaz do chapéu - que, nem mesmo no dia de hoje, ele tinha deixado de trazer o acessório - coloca o seu braço a volta dos meus ombros e instintivamente e num ato sem pensamentos prévios, enrolo os meus braços à volta do seu tronco.

Seguidamente a esta cena amorosamente assustadora, ele leva-me até a uma espécie de balneários com vários cacifos, alguns bancos e uns quantos chuveiros incorporados numa das paredes. Faz-me agarrar o chapéu escuro enquanto despe a camisa escura, exibindo um físico que nenhuma rapariga se poderia queixar, seguidamente trocando as calças escuras e os sapatos quase requintados por uns calções vermelhos e umas sapatilhas negras.

- Já me podes dizer o que é que estamos aqui a fazer? Ou o que é isto pelo menos? - Pronunciei-me, rezando para que não soasse muito desrespeituoso para alguém como Nathan.

- Boxe.

- Boxe? Como assim, boxe?

- Hoje, querida Olivia, vais presenciar uma das minhas lutas de boxe secretas. - Respondia enquanto calçava umas luvas de boxe de um vermelho escuro, como sangue. - Tens um lugar reservado para ti na fila mais próxima ao ringue, perto de pessoas como agentes e coisas do género. Esp...

- «30 SEGUNDOS PARA O CONFRONTO ENTRE NATHAN, EM CASA, E O CONVIDADO, O GRANDE JOHN!!»

- Parece que temos de ir, segue-me. - Disse, enquanto o seguia ainda a processar a informação que me tinha chegado aos ouvidos. Porque raio ele me traria a um torneio de boxe?

Indicou-me o meu lugar e até pensei em puxá-lo antes que subisse para lhe desejar boa sorte, se é que sequer se deseja boa sorte neste tipo de confrontos, mas deixei-me estar como estava. Não valeria a pena de qualquer das formas.

Assim que o combate começa, os dois concorrentes prontificam-se a atacar e a defender-se um do outro, sendo que Nathan parece ser o que toma mais vantagem até ao momento, e apesar de me remexer vezes sem conta no lugar quando o rapaz do chapéu é atacado, mantenho-me no lugar. Contudo, não evito levantar-me assim que o oponente ataca Nathan pela direita na zona das costelas, este que não consegue impedir-se de mostrar a dor e acaba por cair no chão. 


***

Por amor de Deus, não me matem. Sei que não atualizo desde o dia 22 de janeiro mas a escola e as minhas atividades não me deixaram fazê-lo. Peço imensa desculpa e prometo tentar atualizar bem mais frequentemente.

Espero que gostem, apesar de não estar nada demais. Ainda assim, é aqui que se começa a perceber quem realmente é o nosso rapaz do chapéu ou Nathan.

Se quiserem ralhar-me ou assim, têm as minhas redes socias na bio, basta mandarem mensagem e, mais uma vez, peço mil desculpas. BEIJOS A QUEM AINDA NÃO DESISTIU DE MIM E DO LIVRO

x, Rain of lost words

OliviaWhere stories live. Discover now