CAPÍTULO 2

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Mântua, Itália.

Sinto o avião pousando na pista particular em Mântua uma hora depois, puxo o ar inspirando fundo, é uma nova fase na minha vida, é o inferno abrindo as portas para o caos que vai vim. São meus medos do passado que vou precisar encanrar cara a cara, lutar pelo o que é meu por nascença, é passar por cima de cada um que tentou me derrubar e me apagar da história.

Não sou mais o fantasma que eles acham que existe, sendo sincera, duvido que exista alguma lembrança sobre mim.

Jade Martinelli não está morta.

Levanto-me ajeitando meu vestido e caminhando para fora da aeronave, a sensação que meu peito carrega é estranha e esmagadora quando piso no primeiro degrau para fora do jatinho, o arrepio que sobe minha espinha é um presságio, mas não vai me fazer parar, não depois de tudo. Conforme vou descendo o restante dos degraus do jatinho vejo alguns homens uniformizados de preto me encarando, são homens de D'Angelo, e como sei? Basta olhar suas caras fechadas para saber que temem mais a um homem do que a Deus.

— Bom dia, senhorita Martinelli, seja bem-vinda — um deles se aproxima com uma postura, extremamente, impecável. Sua barba por fazer, o cabelo levemente penteado para trás, um pouco mais alto do que eu e diferente dos demais seu uniforme preto carrega uma signa na lateral do seu braço esquerdo. O homem desconhecido estende a mão me ajudando a descer do último degrau. — O senhor D'Angelo pediu para entregar essa caixa — diz me entendendo uma caixinha preta que tirou do seu bolso da calça. — Também, pediu para comunicar que a partir de hoje faremos sua segurança aqui.

Apanho a caixa preta abrindo-a e me deparando com uma chave de um automóvel, o símbolo gravado na chave me faz sorrir, D'Angelo não precisava me dar um carro como presente. Porém, ele sabe que minha paixão por automóveis não vem de hoje, compro um novo para a minha coleção a cada grande conquista. Ele sabe que estar aqui é minha conquista.

— É claro — sorriu vendo o carro não muito longe de nós.

— Presente de D'Angelo — ele indica a bugatti Chiron Super Sport 300+ preta com duas listras laranja no seu capô. O carro é uma máquina que atinge mais de 400 km/h. É uma edição limitada que estou na fila para conseguir já tem alguns meses.

— Nossa! — ando em volta do carro o admirando e perplexa pelo presente. Dinheiro nunca foi o problema, no entanto, esse monstro custa milhões de dólares. E sei que D'Angelo usou sua influência também. Tiro atenção do meu novo brinquedo e encaro o homem que ainda seguia meus movimentos. Detesto ter alguém vigiando meus passos. — Não precisa fazer minha segurança. Mântua continua a mesma, nunca gostei de alguém me seguindo e também nunca precisei.

— Creio que, a senhorita, não entendeu — o homem diz sem nenhum tipo de gentileza. Paro na sua frente esquecendo um pouco meu carro. — Eu e meus homens somos seus seguranças particulares, somos totalmente fiéis às suas ordens, o senhor D'Angelo deu instruções rigorosas sobre quais providências tomar caso a senhorita não aceite nosso serviço.

— Se ele deu instruções de como conduzir a situação, devo dizer que sabem quem eu sou e que são mercenários?! — arqueio a sobrancelha.

— Sim, senhorita, sabemos tudo que é necessário. Ele foi bastante persuasivo.

Sei o que ele quer dizer em ter sido bastante persuasivo, dinheiro, D'Angelo os contrato com um valor bem generoso sem dúvida alguma. Suspiro frustrada. O dinheiro já foi gasto e não tem o que fazer, pelo menos por enquanto. E se for parar para pensar como o padrinho, esses homens não foram por capricho e zelo, faz parte do seu plano de me mandar de volta – ele só não compartilho comigo essa parte, porque sabia que iria negar. – é por poder. Poder sempre foi tudo para ele. A primeira impressão é a que fica.

Martinelli Onde histórias criam vida. Descubra agora