Martinelli

CAPÍTULO 5

Fronteira entre Mântua e Cremona, Itália.

Caleb estaciona o carro em frente à uma mansão luxuosa, um cassino clandestino como havia previsto, é claro que estaria aqui. A estrada deserta e de difícil acesso, faz com que o lugar seja esquecido por moradores e turistas fazendo com que seus frequentadores sejam específicos e seletivos, e claro convidados seletos da alta sociedade italiana.

— Tem bastante seguranças — Caleb comenta olhando para mim no banco de trás pelo retrovisor. Louis que está ao seu lado não faz questão alguma de desviar sua atenção da entrada do local, o infeliz me convenceu de trazer mais um para fazer a minha segurança.

— Um ponto para Pietro que preserva a segurança da sua casa de jogos — debocho dando de ombro.

— É do seu pai essa merda, Jade?

— Pietro, Caleb, ele não é meu pai — rebato abrindo porta do quarto. O que faz Louis nem esperar por um segundo para tomar iniciativa e se posicionar ao meu lado. Caleb desce do carro sem pressa, como se não fizesse diferença a presença dele ali, olho para o ruivo ao meu lado que tem o peito estufado em prontidão.

— Vamos? — Caleb aponta a curta escadaria da mansão depois de entregar a chave do carro para o manobristas, ele me encara buscando alguma coisa que não sei.

Olho para trás sentindo a sensação de estar sendo observada, nada, apenas um chafariz antigo a enfeitar a frente da mansão.

— Fique de olho aberto — peço ao homem que está ao meu lado direito, ele olha para Louis e depois  para mim. — Não é o Truco que me preocupa.

— Como quiser, ficaremos atentos a qualquer mínimo sinal suspeito.

Sinto sua mão repousar sobre minhas costas guiando-me em direção a entrada, a mão áspera é quente, mas não sinto que é um toque caloroso e sim para me movimentar mais rápido caso haja algo que fuja do seu controle. Subimos as curtas escadas causando curiosidade aos seguranças parados na porta principal, que estudam cada movimento nosso, tentando concluir se somos convidados ou polícia.

— Boa noite, senhorita, cavalheiros — um homem bem vestido e com um tablet nas mãos nos comprimenta sem medir o olhar sobre nós. — Seus nomes, por favor!

Abro um sorriso gentil. — Jade Martinelli. Eles são meus acompanhantes e tenho certeza que não precisa saber o nome deles.

O homem demora uns segundos para assimilar as palavras, se perde um pouco em olhar para mim e o tablet em sua mão, percebo quando engole a seco quando entende a situação. Seus lábios congelam em um sorriso amarelado forçado e seu semblante de tédio se torna convidativo, em segundos, da água pro vinho pela simples menção do meu sobrenome.

— Perdoe, senhorita Martinelli! — ele faz sinal com a mão para chamar alguém. — Vou pedir que alguém os acompanhe durante a noite e lhe guie para a nossa ala vip.

— Não a necessidade — falo tocando seu braço o impedindo de chamar alguém para nos acompanhar. — Gosto de jogos comuns.

O homem não abre a boca, apenas concorda nos dando passagem, o impacto de nossa chegada é imediata logo no hall luxuoso, onde algumas moças recolhiam acessórios e casacos para guardar. Conforme adentramos mais na casa de jogos, olhares curiosos, minuciosos, cheios de poder, luxúria e inveja são lançados em nossa direção. Louis anda a um passo atrás de mim e Caleb, deixando claro sua função, enquanto Caleb acompanha meus passos como se fosse deixar milhões de euros aqui.

Desvio meu foco para o homem ao meu lado, olha cada coisa a sua volta com atenção, buscando uma falha, um mínimo sinal de perigo para me tirar daqui. Estranhamente sinto a sensação de segurança. Desvio meu olhar quando o mesmo parece notar algo nas pessoas a nossa frente, não muito distante, um pequeno grupo parece exaltado demais, todos viciadas por jogos de azar. Não generalizo, mas é a verdade. Aqui não é um simples lugar de jogatina, como a maioria dos lugares de Vegas, não existe diversão apenas compulsão, compulsão doentinha que os faz apostar até suas próprias filhas e esposas. Os valores são altos e os riscos de frequentar uma casa clandestina mais ainda.