Avalanche

5. Confidente

 Dois dias. Brian estava em Eldorado havia dois dias e tanto acontecera naquele curto período de tempo.

 Sentou-se na cama e algumas gotas de suor molharam sua camiseta branca. Era 2h45 da madrugada e ele não conseguia dormir. Toda vez que fechava os olhos via Tobias dizendo "eu acho que você me ama".
Levantou-se e foi até a cozinha. Serviu um copo com água e bebeu tudo em um único gole.

— Você está bem? — Marise perguntou ao aparecer do nada usando uma camisola esvoaçante que lhe dava um aspecto fantasmagórico.

— Estou — Brian colocou o copo dentro da pia e se apoiou na bancada de mármore.

— Quer falar sobre o que aconteceu?

 Brian negou com a cabeça temendo que as lágrimas voltassem caso começasse a falar.

— O que quer que tenha acontecido, — continuou Marise se aproximando - eu não vou julgá-lo. — Marise tocou o ombro de Brian que olhava para a janela.

— Você sabia que ele tinha ficado noivo? — Brian perguntou com a voz trêmula.

 Marise fez que sim com a cabeça.

— Eu achei melhor não te contar porque você já estava lidando com muita coisa naquele momento — explicou Marise.

— Por quê? Você acha que eu me importo?

— Acho que se você tem dúvidas, talvez ainda se importe.

— Mas já fazem sete anos! — Brian sentiu as lágrimas queimarem em seus olhos.

— Não faça isso. Não se crucifique por não ter conseguido esquecê-lo — Marise segurou o rosto de Brian com as duas mãos.

— Mas eu tenho que esquecer! Ele seguiu em frente.

— Seguiu mesmo? — Marise sorriu e pela primeira vez até aquele momento, Brian sentiu algum resquício de esperança. - Ou ele apenas colocou um curativo em uma ferida que não cicatrizou?

— Do que você...

— Aqui — Marise puxou uma cadeira para Brian. — Por que você não senta enquanto eu preparo um chá?

 Brian assentiu e sentou-se à mesa. Marise acendeu a luz e pôde ver os olhos inchados do filho.

— Ele veio aqui, alguns meses atrás — disse Marise enchendo a chaleira com água. — Estava tão nervoso. Olhava para os lados o tempo todo, como se Vincent fosse aparecer para atacá-lo- Marise sorriu mas logo seu sorriso desapareceu. Talvez ela tenha lembrado do acidente. — Eu o tranquilizei dizendo que Vincent não estava em casa e, por Deus, parecia que tinha tirado um peso das costas daquele menino.

 Brian sorriu enquanto Marise colocava a chaleira no fogão.

— Eu perguntei como ele estava, como estava a Helena, mas ele continuava inquieto. Como se estivesse arranjando coragem para dizer algo. Então eu o encorajei a ir em frente e me dizer para que tinha vindo até aqui. Ele demorou certo tempo para finalmente me contar que tinha sido pedido em noivado. Eu fiquei um pouco surpresa mas disse que estava feliz por ele. E de repente ele me abraçou, chorando.

 Marise entregou uma xícara a Brian e pegou outra para si mesma e sentou-se ficando de frente para ele.

— Ele disse que não esperava ser pedido em noivado. Que só havia começado a namorar porque achou que seria um jeito de esquecer você. Mas aceitou porque achava que vocês... Bem, que não fossem mais ficarem juntos.

 Marise bebeu um gole de seu chá enquanto Brian mirava a xícara sem tocá-la. Sua cabeça doía com tantos pensamentos.

— Ele me contou que não sentia pelo noivo o que sentia por você e temia nunca sentir.