14. Reminiscente

334 31 19
                                    

— Então vocês estão juntos de novo?

 Melissa indagou, parada em pé no meio da sala, enquanto Brian e Tobias estavam sentados lado a lado no sofá. Marise voltou carregando uma xícara de chá nas mãos.

— Sim — Tobias se adiantou, radiante. Ele virou para olhar Brian que sorriu.

— Vincent deve estar se revirando no túmulo! — Melissa bateu palminhas, saltitante.

 Brian sentiu vontade de rir daquele comentário mas não sabia se era certo. Sentiu-se satisfeito em saber que ainda nutria o mínimo de respeito por aquele que destruiu sua vida.

— Eu fico tão feliz em saber isso — disse Marise que não havia dito uma palavra sequer desde que Brian chegara com Tobias. Estava quieta, porém parecia feliz. — Acho que não é surpresa.

— De forma alguma — Tobias disse. — Sempre esteve muito claro o quanto você torcia por nós.

— Ahn — Melissa o encarou. — Eu acho que você está esquecendo de alguém — completou, mirando o polegar para si mesma.

— Claro, claro. Não há ninguém que tenha torcido para nós voltarmos quanto você, Mel — Brian deu uma piscadela para Marise, que bebeu um gole de seu chá.

 A verdade, Brian pensou ao voltar para seu quarto após avisar que tomaria banho, era que ele fora o único a desistir de sua relação com Tobias — até então. O único que se acomodou ao fato de ter se separado e ido morar em outra cidade; o único que teve medo de tentar recuperar o que ele não perdeu, mas sim foi tirado dele.

 Brian refletia enquanto estava debaixo do chuveiro, vendo a água correndo por seu corpo e descendo pelo ralo. Sentiu a exaustão que pensar no passado lhe trazia, sempre se alastrando sobre seu corpo como fogo em palha, deixando-o debilitado emocionalmente. Ele evitava ao máximo pensar em sua vida há sete anos atrás e em como tudo mudou drasticamente, mas estava ficando cada vez mais difícil esquivar-se das lembranças quando uma parte delas estava constantemente com ele. Tobias.

 Tobias trazia as memórias como uma avalanche: repentina e atroz. Mesmo não sendo voluntário, só de estar na presença de Tobias fazia com que Brian voltasse para aquela noite de 7 de agosto, quando parecia que tudo era um pesadelo infindável.

 Brian estava com a cabeça encostada no box e a água caindo em sua cabeça, quase lembrando de como tudo teve início, quando ouviu algumas batidas na porta seguidas do som de estarem a abrindo. Ele se recompôs acreditando que fosse Marise mas foi surpreendido por Tobias, que abriu a porta do box e entrou.

— Nós pensamos que tivesse desmaiado —disse vendo a expressão de Brian. — Você está aqui já faz meia hora.

— Eu só estava... pensando.

— Você pode pensar lá fora. Com roupas.

 Os olhos de Tobias começaram a descer pelo corpo nu de Brian, que enrubesceu.

 Brian abriu a boca para responder mas Tobias avançou em sua direção, o beijando de forma intensa. Nos primeiros minutos, Brian pensou em resistir mas quando Tobias colocou seu corpo contra a parede, ele cedeu. Sentia tudo o que aquele beijo provocava nele, apreciando cada segundo. Seu coração acelerado, o sangue pulsando incontrolavelmente... Era tudo muito bom para parar.

 Quando afastaram-se, Brian pôde perceber o quão molhado ele havia deixado Tobias. Porém, não se sentia arrependido — nenhum pouco — e Tobias sorriu de forma maliciosa antes de começar a se despir na frente dele.

— Eu já estava preparado para ser o próximo — contou Tobias.

— Quero ver a explicação que você vai dar para suas roupas estarem encharcadas.

AvalancheOù les histoires vivent. Découvrez maintenant