18. Até que a morte os separe

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— Desculpa — Brian disse para Tobias assim que Marise e Melissa foram levar David, Arthur e Fred até a porta. Eles estavam a caminho do quarto. — Acho que me excedi um pouco esta noite.

— Está tudo bem — disse Tobias. — Você só teve um dia ruim.

— Sim, eu tive — Brian abriu a porta do seu quarto e entrou. — Mas você não tem culpa. Aliás, eu não deveria ter dito o que disse.

— Sobre eu ter trocado a Vanessa por você? — Tobias entrou em seguida, fechando a porta atrás de si. Aquela frase ficou presa em sua cabeça, ecoando e o deixando alheio o resto do jantar.

 Fred percebeu como Tobias havia ficado disperso e até tentou falar das namoradas que teve antes de conhecer David, na tentativa de o confortar.

— Sim — Brian respondeu.

— Você não me "roubou" de ninguém porque eu já havia terminado com ela antes de ficar com você. Não é sua culpa eu ter me apaixonado por você.

— Mesmo assim — Brian começou a se despir parado no meio do quarto. — Foi um comentário infeliz.

— Não fique se martirizando — disse Tobias olhando para as costas nuas de Brian, enxergando apenas com a pouca luminosidade que entrava pela janela.

— Eu não vou — Brian deitou na cama apenas com as roupas debaixo e bateu ao seu lado. —Você vem?

 Tobias encarou o espaço vazio, apreensivo.

— Acho melhor eu...

— Qual é, minha mãe precisa entender que eu não sou mais um adolescente para ficar colocando meu namorado para dormir no quarto de hóspedes.

Meu namorado — Tobias sorriu. — É a primeira vez desde que você se refere a mim desse jeito desde que voltamos a ficar juntos.

— E é muito bom dizer em voz alta — declarou Brian.

 Tobias se aproximou, subindo na cama e deitou-se ao lado de Brian — que o puxou mais para perto de si, fazendo com que ele deitasse a cabeça em seu peito.

—Sabe, às vezes eu me pergunto como teria sido se você tivesse escolhido ela em vez de mim.

— Sério?

— É algo besta, eu sei. Mas... — Brian hesitou, pensativo. — Eu imagino que nada teria acontecido com a gente.

— E entre a gente. Porque tudo aconteceu quando ficamos juntos.

 Brian assentiu sentindo uma tristeza quase inevitável ao pensar aquilo.

— Nós ganharíamos de um lado e perderíamos de outro em qualquer uma das situações.

— E em todas elas eu prefiro acabar assim, junto de você.

 Brian encontrou a mão de Tobias e entrelaçou seus dedos com os dele. Tobias observou suas mãos encaixadas e um pensamento — um tanto quanto maluco — cruzou sua mente ao ver o dedo anelar de Brian.

— Eu também. Você faz valer a pena.

 Tobias olhou na direção de Brian e os dois se beijaram. Pensar nas hipóteses poderia fazê-los chegar a conclusões de que de certo modo, o que acontecera só ocorrera por causa deles, mas eles sabiam que mesmo se pudessem mudar o passado, não escolheriam ficar longe um do outro.

 Brian acordou primeiro, no dia seguinte, não lembrando direito quando haviam caído no sono. Olhou para Tobias, deitado em seu braço, e um sorriso tomou conta do seu rosto. Ele estava adormecido com uma expressão de calmaria em e Brian achou que seria um pecado acordá-lo, então continuou deitado, apenas observando Tobias e ouvindo o som de sua respiração. Perguntou-se como a vida poderia ser incrivelmente imprevisível. Iria fazer um mês — apenas um mês — que ele tinha voltado e sua vida já não era mais a mesma. Há um mês atrás ele não contava mais com a viabilidade de ficar com Tobias novamente, e se pensasse, logo afastava esse pensamento o considerando nulo. E agora, Tobias estava dormindo ao seu lado, como nunca havia feito. Refletir sobre as coisas que eles não tiveram a chance de fazer, o entristecia. Eles perderam muito tempo por conta da distância que fora imposta e acabou findando o que mal havia começado.

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