Diamante Imperfeito

Cap 11

-E ai? Curte desenho, né? A Natalie, aquela mulher que saiu, sua... nova mãe, ou sei lá, ela não acha apropriado você assistir South Park, é cheio de palavrão e não é para sua idade, então vamos procurar uma coisa mais leve, como... - falo com o moleque, enquanto procuro algum desenho inocente que não ensine coisas erradas a ele. - Perfeito, Simpsons. Não parece errado.

Olho para ele, que ainda veste as mesmas roupas de ontem. Roupas. Vamos precisar comprar roupas para ele. Coloco o controle em cima da mesa de centro e ando até a cozinha para comer alguma coisa antes de começar o dia oficialmente. Olho para a mesa e vejo que ele comeu bolo, e tomou suco. Natalie de certo o alimentou. Tenho que colocar isso no meu checklist diário para daqui em diante.

- Então, acho que podemos ir comprar algumas roupas e coisas que você vai precisar até... que você vai precisar, o que acha?  - pergunto pegando a louça suja para levar para a cozinha.

Ele nem dá sinal de que está me ouvindo. Ótimo começo. Vemos aqui que comunicação vai ser o nosso forte. Bufo.

Em silêncio tomo meu café e apenas observo ele não fazer nada. Não sei a que ele está acostumado, o que gosta de fazer. Fico imaginando se a mãe desnaturada apenas o deixava na frente da TV o dia todo. Será que ela era carinhosa com ele? Será que ele vai desenvolver algum tipo de desturbio ou algo do tipo por sentir falta dela? Vou ter que ficar contando a ele como ela era ou fingir que não existiu? Não é justo com ela, mas não é justo com ele e para falar a verdade eu estou me fudendo para o que ela pensa...va.

Antes de pensar mais mil coisas que poderiam acontecer com ele, meu celular vibra na mesa, me fazendo voltar para a vida real em que eu tenho coisas para resolver e uma criança para cuidar, além de ficar criando situações hipotéticas  e em minha cabeça. Pego o parelho e vejo na tela o número de Lily. Droga.

- Eu já ia te ligar, juro. - atendo já me desculpando.

- Não ia nada, aposto que até desistiu da pequena aventura. O que houve? Você se tocou que isso não é nada parecido com você? - ela me provoca do outro lado da linha.

- Quero que você saiba que estou mostrando o dedo do meio para você neste exato momento e não, não desisti. Está tudo de pé, vou ligar para Bennet e depois nos encontramos, pode ser? Ele deve estar animado com isso.

- Claro, baby. Estarei no Fig & Olive, esperando. Beijos.

- Tchau. - desligo a ligação.

Levo a louça suja até a pia e volto correndo para meu quarto. Arrasto a porta do guarda roupa e pego uma calça jeans, e uma camisa polo qualquer. No processo de me trocar as pressas, ligo para Bennet e assim que ele atende, coloco no viva voz, para me ajudar.

- Você está livre hoje? - pergunto.

- Claro, William. Nenhum nós trabalha e estamos todos a sua disposição. - ele responde. Filho da mãe, não sabe atender uma ligação minha sem ser engraçadinho. Então decido que posso fazer o mesmo com ele.

Termino de colocar o sapato e volto minha atenção para a ligação. Ele provavelmente vai querer me socar, mas não resisto, tenho que tirar ele do sério.

- Só te liguei pra te avisar que vi Carrie hoje, acariciando um cara. Em um restaurante. - murmuro e logo em seguida consigo ouvir ele bufar. Deve estar rindo.

- Seu otário, eu até acreditaria, mas sei que ela saiu com Natalie para ver vestidos e flores e todo resto. Se eu fosse você ficaria preocupado, até porque na sua situação a noiva é você.

Termino de me trocar, pego minha carteira em cima do criado mudo e corro para a sala, para pegar o menino e sairmos.

- Ela já aceitou, só falta marcar a data e começar a parafernália. Que seja, vou me encontrar com Lily, achei que você gostaria de ir também, para ir se acostumando com a idéia. Na verdade eu sei que você iria de qualquer jeito.