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Acordei na manhã seguinte com a sensação de ter sido atropelada por um caminhão, e isso deve ter acontecido pelo menos umas dez vezes durante a noite. Com muito custo sai da cama e me arrumei para o trabalho.

Quando sai do quarto, encontro o Lucas dormindo no meu sofá. Ele não foi embora afinal. Não sei como me sinto sobre isso. Acho que preciso de uma boa dose de café para pensar.

O garotão deve estar no seu vigésimo sono, e ele realmente fica incrível dormindo. Parece um anjo intocável e dá até uma certa dó o acordar.

É, não dá não. Me aproximei do sofá com cuidado e o empurrei com força o suficiente para o derrubar no chão.

- Caralho, Manuela! - Ele levantou desesperado, me arrancando um sorriso. - Isso é jeito de acordar às pessoas?

- Café? – Respondi ironicamente, já escorada na bancada. - E só recebi um olhar puto em resposta. - Enfim, eu preciso ir trabalhar agora.

- Não vamos conversar sobre ontem?

- Não, a conversa de ontem, terminou ontem. Hoje estou zero disposta a dramas e preciso ir trabalhar. Você pode trancar tudo e entregar a chave para a Marina. - Joguei a chave de casa para ele. - Ela deve estar na sua casa mesmo.

- Só me desculpa, tá?

- Tchau, Lucas. - Peguei minhas coisas e saí de casa.


______ _____

A manhã de trabalho na clínica é bem intenso. Além de várias coisas burocráticas para resolver, como terminar o fechamento do mês z ainda a agenda da Dra. Juliana está lotada. Onde aperta para chegar sexta-feira a noite?

Honestamente, não sei se vou beber pra lidar com todo o estresse da semana ou dormir para compensar a jornada dupla sem a Carina na clinica. Um dúvida cruel. Outra coisa cruel está prestes a acontecer, a mãe do Lucas tem um procedimento na clínica e vou ter que acabar de uma vez com toda essa farsa.

- Bom dia, Sra. Marcela! Espero que esteja tudo bem. - Sorrio da forma mais sincera que consigo. Ela é uma boa mulher, não merece o filho que tem. - Qual procedimento faremos hoje?

- Manuela, minha querida, já passamos dessa fase do "senhora".

- Sinto muito, mas esse é o tratamento que precisamos ter com nossos clientes. - Ela arqueou as sobrancelhas bem feitas.

- Entendo, claro! Formalidades, não é mesmo? - Assenti. - Mas, como sua chefe não está aqui, e temos uma relação mais intimista, de sogra e nora, podemos pular isso. -

- Sobre isso, podemos conversar no meu horário de almoço?

- Você está me preocupando, Manuela. Aconteceu algo entre você e o Lucas? - Assenti novamente. - Vocês terminaram não é?

- Não gostaria de conversar sobre isso aqui, por favor, aceita meu convite de almoço.

- Tudo bem. - Respirei fundo e voltei a abrir o meu melhor sorriso.

- A Dra. Juliana já irá lhe chamar. Fique à vontade. - Ela se sentou bem próximo da recepção e não parou de me avaliar nem um segundo sequer. Sei que ela não irá gostar nada de saber dessa história, mas também não posso deixar brechas para que ela alimente uma coisa que não existe. Nunca existiu.

Marcela saiu do consultório um pouco mais de uma hora depois, já estava aflita devida tamanha ansiedade. Combinei de encontrá-la no shopping em alguns minutos. Precisava trancar a clínica e obviamente enviar uma mensagem para o Lucas.

"Bom tarde garotão! Espero que sua ressaca ainda não tenha te matado! Estou indo almoçar com minha sogrinha.
Ops!!! Ex-sogrinha.
Aliás, ela já sabe quê terminamos. Agora ela irá saber o motivo.
Faça suas malas! Beijos."

Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora