Sunnyville

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Com o telemóvel seguro entre o ombro e a orelha, o moreno transmitia algumas ordem a um dos funcionários, que se encontravam, atualmente, no museu, enquanto transportava cuidadosamente a caixa bem selada para o carro. O aviso em letras garrafais acerca da fragilidade do seu conteúdo fazia-o vibrar de entusiasmo e fazia, da mesma forma, a sua pele formigar de vontade incontrolável de abrir o retângulo de papel e, finalmente, vislumbrar os artefactos que embelezariam mais uma secção do museu. Desta vez, uma secção dedicada ao belo país que o vira atingir a grandiosidade profissional: Inglaterra.

Não era do desconhecimento alheio a paixão do Sykes pela antiguidade. Desde as pequenas escavações no jardim aos documentos históricos organizados na estante, Nathan foi aprimorando o seu conhecimento e, consequentemente, a paixão atingira níveis astronómicos. Não fora surpresa para os mais chegados a decisão de se formar em algo relacionado com história. Fosse nacional ou estrangeira, a história cativava o interesse e a curiosidade do de olhos verdes. Mais tarde, já adulto e ciente dos seus objetivos e dos recursos disponíveis para a concretização dos mesmos, o moreno inaugurou o seu próprio museu. A chegada constante de artefatos ao edifício histórico deixavam-no orgulhoso de si mesmo por somente ter acreditado nele próprio e ter cortado a audição para aqueles que, incansavelmente, tentavam destruí-lo. No fim de tudo, até aqueles de espírito negativo e destruidor estavam orgulhosos do homem persistente e inconformista em que Nathan se tinha tornado.

Sykes descansou a caixa frágil no banco dianteiro e, logo de seguida, envolveu a mesma pelo cinto de segurança com o intuito de reforçar a segurança dos artefatos. Se algum chegasse danificado, Nathan nunca se perdoaria. Seria de extrema irresponsabilidade permitir que tal acontecesse, e se havia algo de que o de olhos cristalinos era desprovido, esse algo era irresponsabilidade.

Enquanto isso, transmitia as últimas indicações ao funcionário. Preocupava-o deixar o museu na responsabilidade de outra pessoa que não fosse ele próprio. Tinha ciência de que era uma responsabilidade astronómica para uma pessa só. Por outro lado, por mais confiança que tivesse nos seus funcionários, não lhe agradava deixar o museu sem a sua presença permanente. Mesmo quando ocorriam visitas de estudo ao edifício histórico e ele possuía compromissos quase incanceláveis ao mesmo tempo, Nathan cancelava sempre qualquer compromisso não relacionado com o museu. Possivelmente, permanecer no museu vinte e quatro horas do seu dia ou a fazer investigações históricas fosse o motivo para ele ainda ser solteiro. Bom, não havia qualquer histórico de relacionamentos na vida do Sykes. Quando se reavaliava minusiosamente a vida completa do moreno até à atualidade, tudo o que se via era a dedicação e o amor que o mesmo possuía pela história mundial. O mesmo se aplicava aos amigos. Somente havia registos de pouca diversão com amigos durante a infância. Definitivamente, Sykes não possuía uma vida social muito ativa.

Após trancar o automóvel, uma vez mais por segurança, entrou novamente em casa e procedeu à procura dos seus pertences que, com certeza, encontravam-se espalhados pelos cómodos da habitação. E, definitivamente, estavam! A sua carteira perdida no bolso de um casaco no monte de roupa descansado na cadeira da secretária do quarto e o molho de chaves escondido entre os inacabáveis papeis espalhados pela secretária do escritório. Tornava-se incómodo morar naquela desorganização absurda. Se a senhorita Sykes presenciasse tal desorganização... era melhor nem pensar!

Certo de que tinha tudo o que necessitava, abandonou a casa, trancando-a. Posteriormente, após destrancar o automóvel, entrou no mesmo e, sem demoras, colocou o cinto de segurança. Levou a chave à ignição e rodou-a, permitindo que o barulho do motor soasse e que o veículo tremesse. Enquanto mantinha o olhar fixo no espelho retrovisor, retirou o carro do estacionamento. Já na via, incomodado com o fraco sol, resgatou os seus óculos de sol do porta luvas e colocou-os. Na primeira curva, manobrara o veículo para entrar numa nova rua, afastando-se, deste modo, do trajeto principal. Necessitava de um Frappuccino Caramelo para acalmar a fome que fazia o seu estômago rosnar. A estadia no Starbucks fora rápida o suficiente para se ver na estrada novamente.

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