Capítulo 7 -Um leve toque de emoção

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Com o corrido com Tião , ficamos uns dias sem ação e mais tristes até que a nossa rotina voltasse ao normal , já que quase sempre era morto um negro , seja pelo castigo que nos era dado , seja por se matarem ou de doença da alma.

Eu , estava preparando.umas rosas para que pudesse ser colocado no interior da casa em um jarro, quando uma carruagem veio se aproximando , e dentro dela saltou uma moça , , que sendo amparada pelo cocheiro , virou-se e deu um obrigada , eu só vi que se tratava da sinhazinha Rosa, porque ela era muito parecida com a mãe , moça bem mais bonita e mais magra , , eu vi quando a sinhá Acácia foi ao seu encontro , ela estava feliz e logo na entrada ela viu o jardim --- que lindo jardim mãe, --- não está uma beleza?, obra de nosso artista , Inácio , aproxime-se Inácio , e virando -se para a sinhazinha falou --- este é Inácio , Rosa , é ele que cuida do jardim , , ela mal me olhou , e foi andando e falando --- lindo , trabalho , negro , :eu apenas a fitei pelo canto dos olhos ela tinha o nariz em pé , mas eu fui com a cara dela .. , e continuei o meu trabalho, eu tinha muito o que cuidar e também sabia o meu lugar , a gente apanhava por nada e eu não queria encrenca , e ela se foi na companhia da mãe , que queria saber tudo sobre a tal corte., saiu me olhando com aqueles olhos enormes e eu fiquei com um comichão aqui em minha alma , e meu corpo ficou como se eu fosse voar , era bom o que senti ....

O dia foi morrendo e eu , não vi mais a sinhazinha , ela se aprumou na casa e de lá não mais saiu , eu queria ver ela novamente , por curiosidade , acho , mas ela não mais deu as caras, eu fiquei , ali até ir para outro serviço , mas tive orgulho das minhas plantas e como eu tinha acesso livre pela fazenda , sempre sob vigília de outros escravos de confiança do feitor ,( que não se cansava de dizer que se algum negro fugisse que não ficaria vivo) . ; mas eu nem me importava , eu não ia fugir mesmo, eu estava satisfeito com o meu serviço , mas a ameaça tinha que ser feita sempre, para não se perder o costume .Mas como ia dizendo , bastou o dia morrer , para eu sair em disparada , eu queria ver o pai Tonho antes de escurecer , , mas a sinhá chamou e disse --- Inácio, quero que amanhã , me consiga mais flores , para o quarto , estas aqui , estão murchas , eu apenas olhei as flores , que de fato estavam meio murchas , , e falei olhando-as , e pegando-as --- Sinhá , elas ficaram assim por conta do sol que bateu em cima delas , mas não carece não , que amanhã de manhã, eu dou um jeito e pedi licença , aí eu vi a sinhazinha Rosa , ela estava parada me olhando e ouvindo a prosa , eu criei coragem e pus , meus olhos nela , e encontrei ela rindo para mim, aquele olhar me consumiu por dentro, sem que eu soubesse exatamente o que era , o meu coração parecia que ia soltar pela boca , e foi só um instante , mas eu fiquei com o peso bom dentro do meu peito ; eu tratei de apressar meu passo , mas não teve jeito , não dava mais para ter com pai Tonho , ficou por demais tarde , e eu fiquei sem aquela vontade de ir , só vi aquela sinhazinha e foi por conta de Sinhá Acácia e as flores que ela falou que murchara e era eu que tinha que cuidar ... , as outras escravas , não pegavam no meu afazer , eu não gostava, eu que levava as flores , eu que colhia , eu fazia a minha parte , elas , as plantas , já se acostumaram comigo, elas me conheciam .. . é .. falei baixinho , o pai , vai ficar para o outro dia , eu não ia conseguir ir, então tratei de me conformar e voltei para a senzala e o pensamento na sinhá Rosa , ela me fez esquecer de tudo , eu fiquei com aquela imagem dela , parecia uma boa pessoa , e eu senti felicidade , sem saber o porque , eu achei que era por que eu nunca tinha recebido um elogio antes e a sinhá Acácia me elogiou e na frente da filha , e eu fiquei leve , e nem o mau cheiro da minha senzala , me fez ficar triste naquele dia , só via a sinhá Rosa e seu sorriso me olhando.

O Dedo de Deus (Obra não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora