No LIEs

| Cap. 06 |

Depois do beijo que Harry depositou na minha testa, colocou as mãos no volante e ligou a embraiagem dando assim, início à nossa chegada do trabalho.

Sempre gostei da companhia pacífica do Harry, mas desta vez parece que um nevoeiro de tensão está sobre as nossas cabeças deixando-me não à vontade.

- Pareces preocupada.- Harry informa, pousando os seus olhos constantemente em mim. Disfarço a minha inquietação com um sorriso fino pelos meus lábios. Tenho de esquecer as coisas que têm acontecido ultimamente, para ter alguma paz de espírito.

- Eu falei com a Lana.- o meu silêncio fê-lo continuar com a conversa, talvez assim as coisas fiquem mais leves.

- Sobre o quê?- tento mostrar-me curiosa para fazê-lo prosseguir com a conversa.

- Fiz-lhe aquela proposta.- o pisca é ligado pela sua mão grande, os seus dedos compridos a fazerem pressão para trás. O meu cérebro automaticamente lembra-se daquela proposta.

- E então?- a minha curiosidade aumenta à frequência que a conversa se decorre.

- Ela aceitou.- informa-me ele com um debruçar de ombros, como se aquilo que ele me dissesse fosse invulgar.

- Ótimo, Harry!- anteriormente, estava um pouco apreensiva por poder prejudicar a galeria, mas se o problema resolvido posso bater as palmas de alegria.- Agora podes fazer aquilo que querias, não é?

A sua excitação nula deixa-me desmotivada para continuar a mandar foguetes, nem parece que a notícia é boa. Harry demora um pouco a responder, como se tivesse a pensar detalhadamente naquilo que diria, ao mesmo tempo que se mantém atento à estrada. Eu encaro-o com foco, como se eu estivesse a preparar-me para ler a sua mente.

- Quem me dera a mim ser tão otimista como tu.- o homem com a t-shirt um pouco molhada nos abdominais, obviamente de transpiração, olha-me com um sorriso simpático, um pouco das suas covinhas surgiram deixando encantada.

- Como assim? A Lana não aceitou?- a minha incredulidade está muito elevada neste momento.

- As coisas não são assim tão simples.- o semáforo faz com que o carro pare por uns segundos, minutos talvez. Harry liga o rádio, apenas um som sereno é transmitido por ele.

- Na verdade são, as pessoas tendem em complicar as coisas.

- Mesmo assim, Aimee. Não vou fazer uma pintura com a Lana a fazer-se de modelo.- comenta ele em tom de piada, com um revirar repentino de seus olhos.

- Então porque lhe fizeste a proposta?- inquiro eu. O Harry não está a fazer o mínimo de sentido, não para mim.

- Foi uma coisa de momento, nem sei porquê.

- Ahh, mas mesmo assim. Não era essa pintura que ia faturar bem?- insisto. Como eu não quero fazer-me de modelo, nem que a galeria fiqur prejudicada, era um alívio enorme se esse papel fosse desempenhado pela Lana. Afinal os seus cabelos pretos são um arraso, para quem gosta.

Harry para o carro de repente, notava-se que estava um pouco alterado, porém fiquei mais descansada quando vi que já estávamos em frente ao meu prédio. Algumas luzes já se encontravam apagadas, mas a do meu apartamento continuava ligada.

- Não, Aimee!- sobressalto-me no assento do carro, fazendo-o tremer com a minha impulsão. Ele ficou perturbado por alguma razão.- Será que não percebes que tu é que tens de fazer isto? A Lana não tem nenhuma qualificação para fazer a pintura, ou achas que eu te escolhi só por que sim?

Arrefeço os meus pensamentos com um suspiro demorado. Com toda a sua alteração eu fiquei incrédula deixando-me em modo erupção, mas para alívio nosso já me acalmei.