Cap. 14

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Jake Dornan On (O Capitão)

Acordo ainda meio sonolento e ouço algumas vozes aparentemente vindo da cozinha. Abro os olhos e vejo Lucca no outro sofá, olhando para mim e comendo um pedaço de torta acompanhado de um copo de suco de acerola. Se sento no sofá ainda com cara de morto e arrumo um pouco o curativo.

- O que aconteceu com seu braço?

- Tiro de raspão.

- Foi ao médico?

- Uhum.

Me jogo novamente no sofá e fico assim por um bom tempo. Assim que acordei de vez, fui à cozinha peguei algo para comer e voltei para a sala. Os meninos colocaram alguma coisa para assistir na TV, creio que seja um filme. Meu celular começou a tocar, o que foi motivo de Lucca e Matheus pausarem o filme e ficarem me olhando.

- Alô?

- Jake?

- Eu mesmo. Quem fala?

- Aqui é o delegado. É que acabamos de aprender seu pai por estar dirigindo embriagado e ser pego numa blitz. Será que você pode comparecer aqui?

- Uhum.

Desliguei o celular e se levantei frustrado por ter que ir até lá, só por causa desse homem que diz ser meu pai.

- Onde você vai? - perguntam em uníssono.

- Vocês também vão. - eles assentiram mas insistiam para que eu falasse onde íamos. - Na delegacia. Para fazer sabe o que? Buscar nosso grande alcoólatra. - reviro os olhos.

- O que ele fez dessa vez? - Matheus perguntou raivoso.

- Sei lá, parece que dirigiu embriagado.

- Só faz bosta. - Lucca reclama.

- Mas que carro ele pegou? Ele não tem carro... Ou tem?

- Ferrou. - Matheus se pronuncia depois de ouvir toda a conversa.

Peguei a chave​ do carro e do apartamento, tranquei tudo e desci com os meninos para o estacionamento. Como eram umas 21h da noite, as ruas não estavam tão cheias como de costume, então foi mais fácil chegar até a delegacia. Entramos pelos enormes portões do Batalhão, indo em direção à sala do delegado. Após abrir a porta da sala do mesmo, nos deparamos com aquele homem algemado e sendo segurado por dois policiais enquanto falava besteiras no ouvido deles. Não tive como não revirar os olhos. Cumprimentei o delegado e os policiais presentes na sala, começando uma conversa entre todos nós. O delegado explicou que o carro parecia ter sido roubado, mas talvez não fosse ele que tenha roubado, talvez um bandido, e depois entregue nas mãos dele. Em relação ao álcool, parecia ter tomado várias doses de cachaça, o que já é de se esperar.

- Mas como fazemos para tirá-lo daqui?

- Olha Sr. Dornan, era para eu entregar esse caso à justiça. Talvez nem isso, talvez até levá-lo preso rapidamente. Mas eu sei o esforço que vocês têm e que isso não iria fazer bem para o desenvolvimento de vocês, então achei melhor os consultar antes. Mas como o crime foi pego por nós, somente os policiais que estão nessa sala, iremos liberar ele, contanto que vocês comecem a cuidar dele. Talvez até morar com ele, não sei. Mas se ele voltar a fazer o que fez hoje, não temos outra alternativa.

- Ok, delegado. Isso não irá se repetir. - por mim, ele apodrecia na cadeia.

Fui beber um copo de água, eu tinha que me acalmar. Será que esse cara só me trás problema? Que saco! Encontrei com Lucca e Matheus segurando ele, encostados no carro. Não demorou muito para eu entrar e começar a dirigir.

- Ainda não arrumou nenhuma garota? Aff, você não serve para nada, né?!

Permaneci quieto, não adiantaria gastar tempo com uma pessoa bêbada.

— Poderia levar algumas lá em casa... Iria adorar. — fala todo bobão. — A sua mãe era muito ridícula! Eu tinha vergonha dela. Ô mulherzinha feia... Péssima ideia me apaixonar para se resultar em vocês... Aquela putinha de merda. — parei o carro no encostamento, abri a porta de trás, onde estava esse doente e Lucca, segurei na gola da camisa dele e comecei a socar a cara dele. Dei uma bela surra nele. Os meninos me olhavam assustados, e até tentavam me fazer parar, mas o que ele falou da minha mãe, não tem perdão.

Voltei a dirigir e dessa vez ele ficou quieto, na dele. Agradeço a Deus por isso. Cheguei na casa dele e deixei esse incompetente, lá. Por mim, ele ficaria aí sozinho, não tenho boas lembranças de quando morávamos com ele, mas os meninos insistiram em virmos morar aqui.

— Ele sabe se cuidar sozinho...! — tentei, mais uma vez, convencer eles de que estava certo.

— Jake, ele é um alcoólatra! Nenhum alcoólatra é seguro sozinho. — Matheus se pronuncia.

— Verdade, ele precisa de nós. Mesmo ele sendo do jeito que é, falando coisas sem pensar, se envolvendo em caminhos errados, ele não deixa de ser o nosso pai.

— O pai de vocês! Porque do jeito que ele falou da minha mãe, tenho certeza que agora, mais do que nunca, a última coisa que irei chamar ele, é de pai. — digo com nojo e disprezo.

— Nossa mãe! — Lucca me corrige.

— Pensei que era só minha... — falo como se só eu tivesse à defendido.

— Parem vocês dois, vamos pensar logo. Jake tem suas razões por pensar desse jeito, Lucca também tem por pensar igual à mim, mas temos que tomar uma única decisão!

— Então, Jake, vai vir com a gente ou não vai? — Lucca me encara com um olhar mortal.

— Eu vou fazer isso pela minha mãe. Que infelizmente não pode estar aqui para se defender desse idiota.

— Então vamos pegar nossas coisas no apartamento e vir, pronto... — Matheus disse como se fosse simples. — Foi difícil? — perguntou e não obteve nenhuma resposta.

Eu estava puto por eles tomarem essa decisão, e mais puto ainda, por eles não pensarem primeiro na nossa mãe, e sim nesse babaca.

Fomos para o apartamento e começamos a arrumar as malas, que eram poucas. Dispensei Sol, avisei ao porteiro sobre nossa saída do condomínio, paguei as contas que ainda estavam para vencer nesse mês, e só então, fomos para aquela maldita casa. Parece drama, mas só eu sei o que vivi nessa casa. Um dia ainda tomo coragem e desabafo com alguém, mas creio que esse dia não chegue tão cedo.

O Capitão 1 (Concluído)Where stories live. Discover now