Cap. 61

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Aquelas mãos nojentas passando por toda a extensão de meu corpo, me deixando um um ódio repugnante dele. Eu sinceramente pensava que a rixa que Jake tinha com ele não era algo tão sério assim, mas vendo esse homem ridículo, que usa a bebida para se defender de seus atos, vi que ele tem seus motivos para o odiar tanto. As lágrimas já desciam sem parar, era automático. O medo me invadia por completo, a vontade de fugir era grande. Em questão de segundos eu já me encontrava somente de calcinha e sutiã.

— Que delícia... — dá um forte tapa na minha bunda e eu grito abafado, por sua mão estar tampando minha boca. — Você é tão gostosa... — sussurra.

Ele dizia coisas absurdas em meu ouvido enquanto passava sua mão por meu corpo. Deslizada seus dedos por minhas bochechas, mas eu me esquivava. Era realmente nojento estar na mão de outra pessoa. Os tapas não paravam. Longe disso. Era tapa na coxa, na cara, nas pernas... Ele também apertava esses mesmos lugares com a mão, como se eu não sentisse a dor. Como eu queria nessas horas que Jake soubesse de tudo, de toda a verdade... Eu não consigo imaginar por mais quantos aproveitamentos desse ainda terei que resistir. Meu Deus, me ajude, eu não sei como sair dessa situação.

— Jake não sabe o que está perdendo..

Idiota.

— Tão linda... Deve ser tão apertada...

Nojento.

Poderia vir aqui mais vezes.

Nunca mais.

E era assim. Eu criava respostas mentalmente, pois sabia que mais tarde seria pior. Quando ele tirou sua mão podre e nojenta da minha boca gritei desesperadamente. Era minha única chance. Vai que alguém estava passando pela rua agora...

É, ganhei mais um tapa no rosto. O mesmo já deve se encontrar roxo, de tanto que já apanhei desse cara. Eu sou forte, eu sou capaz, mas acontece que ele é mais. Ele conseguia chegar até mim se eu subisse essas escadas correndo enquanto ele está aqui. Ele conseguia fazer qualquer coisa comigo, e isso me dava medo.

Jake Dornan On (O Capitão)

Eu ainda não acreditava no que tinha acabado de ver. Resolvi esfriar a cabeça indo para um lugar distante de casa e onde ninguém poderia me encontrar. Lembrei de um parque que tinha à mais ou menos umas meia-hora de casa, e era para lá que eu ia. O parque estava praticamente vazio, o dia tinha esfriado e todos se aqueciam com jacketas e roupas de frio. Fiquei um tempo ali, refletindo em tudo. Porque logo eu fui ser o Capitão mais bem falado do Rio de Janeiro? Porque logo eu? Que eu saiba eu sou apenas uma pessoa qualquer. Sem qualidade alguma. Sem sorte alguma. Sou apenas eu. Não gosto que as pessoas me vejam como o coitadinho apenas por ter perdido minha mãe cedo, ter um pai alcoólatra, e resolveu seguir à diante meio com tantos problemas. Mas é isso que elas pensam de mim. Talvez eu seja mesmo muito querido pelas mulheres e invejado pelos homens, mas porque eu me importaria com tudo isso se eu tenho a mulher da minha vida ao meu lado?

Só porque sou "famoso", não posso me apaixonar? Tá, se fosse assim eu nem teria virado policial. Muitos pensam que policiais apenas entram e saem num horário só, que comem reguladamente, não tem problemas, não podem frequentar festas e fazer algo para se divertir, a real é que é difícil viver com as pessoas pensando diferente da minha realidade.

O que mais me chocou até agora foi aquele roxo no pescoço de Jade. Tenho certeza que o Nathan não fez aquilo. Ele me conhece, me respeita, nunca fez esse tipo de "brincadeira" com Jade e nunca faria enquanto estivéssemos juntos. Estou bem triste. As pessoas fazem de tudo para atrapalhar o nosso relacionamento, e aos poucos estão conseguindo.

Depois de muito tempo pensando alto o clima começou a esfriar mais ainda e vi que já era tarde. Entrei no carro, seguindo de volta pra casa. Peguei um pouco de trânsito, mas nada que me fizesse ficar nele horas. Recebi uma mensagem do Matheus pedindo para buscar ele e Lucca no Batalhão, já que depois do hospital Lucca foi para lá. Mesmo enfrentando mais um pouco de trânsito passei no BPM. Estacionei na frente do mesmo, esperando eles se encontrarem comigo aqui. Não demorou muito.

— Aff, hoje o dia foi cheio. — Matheus fala ao sentar do meu lado enquanto Lucca sentava atrás.

— Só vim aqui agora para avisar sobre a nossa falta. — Lucca informa. — Vou ter que fazer dois plantões seguidos. — revira os olhos.

— Só você?

— Sim. O Delegado achou melhor você se cuidar e não frequentar plantões por enquanto. Ele disse que se você passar mal e não conseguir vir, para avisar. — assinto.

Pegamos um pequeno engarrafamento mas logo estávamos em casa. Estacionei na porta de casa e saímos do carro.

— Vou pegar as pastas de uns arquivos que você deixou no porta-malas. — Lucca informa.

— Vou ajudá-lo.

Assenti e abri a porta, que por um motivo estranho estava fechada. Até então tudo normal, o pior foi ver a cena que eu vi. Aquele cara estava por cima de Jade, enquanto a mesma, apenas de calcinha e sutiã estava apavorada e chorando com os olhos vermelhos. Corri até ele e o peguei pela gola da camisa. O trouxe até o meio da sala e o enchi de socos. Era cada soco que eu dava com vontade... Lucca e Matheus entraram, se assustaram com a cena, mas se manteram quietos. O rosto daquele cara já estava roxo, de tanto que bati. Chutei ele, dei tapas, tudo que eu estava com vontade de fazer a muito tempo. Os meninos me tiraram de cima dele, mas a vontade era de ver aquele homem morto! Quer dizer, não sei nem se ele está respirando depois de tanto que bati nele. Minha respiração estava acelerada, minha pulsação deveria estar mil por minuto. Olho para trás e vejo Jade encolhida no canto da sala chorando, abraçada com suas pernas. Vou até ela e levanto seu rosto segurando em seu maxilar, logo vendo todos aqueles roxos em seu rosto.

— Você está bem? — ela não fala, nem demonstra. Mas eu sei que não. Peguei ela no colo, que estava tremendo, e à levei para o quarto. Deitei ela na cama, vendo que ainda chorava bastante.

— O que aconteceu? — ela se manteve em silêncio. — Pode falar...

— Ele... Que fez isso. — aponta para o chupão e me olha no fundo dos olhos.

— Quando?

— À umas duas semanas atrás. Quando você saiu e eu fiquei aqui.

— Porra, Jade! Você não me falou nada? — passei a mão pelos cabelos e fechei os olhos por um momento.

— Eu estava com medo. Medo dele fazer algo pior comigo, com você...

— O que ele pode fazer comigo? Eu trabalho pra polícia! — falo como se fosse óbvio.

Ela abaixa a cabeça e começa a chorar novamente.

— É que eu tive medo. Medo dele fazer algo pior, medo de várias coisas... — informa em meio ao choro.

O Capitão 1 (Concluído)Where stories live. Discover now