No hospital

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"Mia, levante-se por favor, amiga, não me deixe agora.... Miaaa."

Aos poucos comecei a retomar a consciência , eu estava em uma cama no hospital, não tinha mais ninguém no quarto, era uma sala privada, só existia eu ali. Olhei para a porta que estava bem a frente da cama em que eu estava deitada e não vi ninguém, olhei para o lado, havia uma janela na parede em que estava a cabeceira da cama, a meu lado esquerdo, e também não havia ninguém ali que estivesse me esperando acordar. Fiquei triste com isso até que alguém abriu a porta, era um médico e ele estava com uma prancheta na mão, parecia ser a folha em que constaria a situação da minha saúde.

"Como está, a paciente misteriosa?" Ele olhava-me com esperança de que eu dissesse quem era meus pais, ou simplesmente de onde eu tinha vindo. Respondi:

"Não sou misteriosa, só não tenho alguém que se preocupe realmente comigo" Ele me encarou com pena. Odiava esse efeito que eu causava nas pessoas, eu sempre causava esse efeito quando me perguntavam sobre minha família ou algo parecido. Apesar que os que me conheciam também me olhava assim.

O médico se aproximou de mim, ao meu lado esquerdo, perto da janela, se virou pra mim, me encarou e disse:

"Você chegou aqui sozinha, precisamos de alguém para avisar que esta aqui, por acaso já é maior de idade?"

"Não, não sou maior de idade e não tem ninguém para que você possa avisar que eu estou aqui, já disse que ninguém se preocupa." Disse com raiva, já não suportava mais olhar para a cara de dó daquele médico.

"Sendo assim garota, não iremos liberar você tão cedo, se sua família não se importa, lembre-se de alguém que já é maior de idade, qualquer amigo, para que possa ser liberada." O médico caminhou até a porta, mas antes de sair se virou para mim e disse. "Mais tarde passo aqui para ver se já lembrou de alguém." Olhei para ele e bufei virando a cara, típico de uma adolescente que faz birra para conseguir o que quer.

(...)

" E então? Já lembrou de alguém?"

Mas que caramba, era aquele médico novamente, não queria lembrar de ninguém, já estava com raiva de estar ali e não ter ninguém me procurando. Mas isso não me surpreendia, eu já sabia que isso ia acontecer. Mas mesmo assim isso me chateava, claro que não era obrigação de ninguém, já que eu era adotada e tinha mais três meio-irmãos, e os meus tutores só se preocupam com eles, me pergunto todos os dias porque é que eles me adotaram, mas nunca tive coragem de perguntar realmente para eles. Eles só me davam comida e banho, e coisas básicas de higiene, mais nada. Agora para seus filhinhos queridinhos, davam até comida na boca se fosse necessário. Morar com eles era extremamente irritante.

Me virei para o médico e disse:

"Tenho uma amiga que completou dezoito ontem. Pode ser ela?" O que foi? Eu não queria ficar mofando naquele hospital, queria ir sair dali e fazer hora na rua até ficar bem tarde e encontrar meus tutores e seus filhos dormindo, só para não olhar para a cara deles.

"Pode sim" O médico disse sorrindo e ao mesmo tempo pegando uma caneta para que eu pudesse anotar o número.

Peguei a caneta e comecei a escrever

555-3256 falar com Luíza

Entreguei ao médico, que imediatamente dirigiu-se a porta para que pudesse fazer a ligação. Mas que vontade de se livrar de mim, ri com esse pensamento, e comecei a sentir meus olhos pesados. Adormeci.

(...)

"Mia, levante-se por favor, amiga, não me deixe agora.... Miaaa."

Abri os olhos e vi Luiza gritando. Mas espera aí, me lembro de já ter escutado isso antes. Que estranho.

"Por que raios você esta gritando Luiza?"

"Uai, você está ai deitada na cama de um hospital de olhos fechados, pensei que estivesse morta." Ela disse como se tivesse acabado de passar um sufoco.

"E o que que isso tem a ver Luiza! Deixa de ser dramática, eu só adormeci" Disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

"Isso faz sentido"

"Claro que faz doida." Disse sorrindo. Ela sorriu também.

"Então Luiza, deixe-me falar sobre a saúde de Mia."

Nem tinha percebido que o médico tinha entrado no quarto.

"Claro diga Doutor, eu falo para a mãe dela depois." Disse Luiza.

"Se você encontrar o corpo dela fique  a vontade para me dedurar." Disse revirando os olhos, mas eles não me deram atenção então o médico começou a falar.

"Ela chegou aqui inconsciente e com alguns hematomas no braço, e no rosto. Por acaso sabe se ela se envolveu em alguma briga?"

"Não doutor, Mia é pacifica, nunca se envolveria em uma briga, talvez ela tenha caído e machucado." Luiza disse e eu via que ela estava mentindo, ela sabia que eu tinha me envolvido em uma briga,  e iria usar isso contra mim depois. Bela amiga eu arrumei.

"É, pode ser" O médico disse isso, olhou para meus hematomas, eu virei o rosto mas percebi que não me olhava mais e sim para Luiza, esticando a prancheta com um papel para que ela pudesse assinar. Ela assinou e ele se virou pra mim e disse.

"Pode ir se quiser, mas aconselho a dizer aos seus pais que esteve aqui."

"Não devo satisfação aos meus pais e você não tem que se meter." Disse com ira na voz, encarando-o com esperança de intimida-lo. Mas não aconteceu, ele so virou as costa e antes de sair disse.

"Você deve saber o que é melhor." E saiu.

(...)

"Sua mãe vai te matar, e eu não quero estar perto, quando eu contar, vou abrir a porta e sair correndo e ...."

"Cale-se Luiza, Você ás vezes fala demais. Já to muito irritada e você fica arrumando formas pra me ferrar? E mais uma coisa ela não é minha MÃE" Disse gritando com Luiza no meio da rua.

"Pelo menos vai me contar como se machucou assim?" Ela disse mudando de assunto.

"Não estou com cabeça para isso agora."

Já estava na porta da minha casa, abri, e entrei, despedi de Luiza, eu queria ficar sozinha, então comecei a subir as escadas até meu quarto, quando minha Tutora me interrogou.

"Onde estava Mia?" Disse com raiva.

"Na casa da Luiza."Disse sem me virar para ela e ainda subindo as escadas.

"Quando eu estiver falando com você, é melhor se virar para mim." Disse ela impaciente.

Me virei, e como se estivesse fazendo pouco caso da situação a encarei, com meu rosto cheio de hematomas leves.

"Oh meu Deus Mia, você se envolveu em alguma briga...?" Ela falou 'preocupada' e subiu as escadas até meu encontro, tocando os meus machucados, que por final estavam doendo muito. Então reclamei.

"Aí, esta doendo, pare com isso."

Ela me encarou séria, e a 'mãe preocupada' desapareceu de uma só vez.

"Você não estava na casa da Luiza por que eu liguei para lá e a mãe dela atendeu e desmentiu sua afirmação. Seja onde estava Mia, eu irei descobrir e você irá se arrepender por não me contar." Disse me olhando com desprezo. Ela começou a descer as escadas e eu atirei.

"Não finja que se importa ok?" 

Ela fingiu que não ouviu, e eu continuei a ir em direção a meu quarto. Lá era o melhor lugar do mundo pra mim

O lugar Onde Tudo Termina [COMPLETO]Where stories live. Discover now