Capítulo Um

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Jaehyung caminhava em passos lentos em direção à escola, um caderno em mãos onde revisava todo o assunto passado na aula passada. Temia que seu professor resolvesse passar algum tipo de prova surpresa, visto que sua turma era sempre a mais odiada pelos professores mesmo sendo uma das melhores da escola. No auge de dezessete anos, Jae não era do tipo de garoto que preferia sair ao ficar em casa; gostava do conforto e do silêncio. Não se considerava um garoto estudioso, que se vangloriava por suas notas altas; fazia aquilo porque gostava, e não havia necessidade de diminuir ninguém por causa disso. Apesar de passar metade de seu tempo estudando, gostava de conviver com JiWon, sua amiga de infância. 

Faltavam apenas poucos passos para que chegasse no local desejado, porém algo acabou chamando sua atenção. Ouviu um grito, aparentemente de dor, seguido do som de latarias sendo jogadas pelo chão. Uma de suas piores características era ser extremamente curioso e, mesmo que não gostasse disso, não conseguia impedir a si mesmo. Por isso, acabou seguindo o barulho; quando menos esperava, já estava na entrada de uma rua sem saída. Quase no final dela, haviam dois homens, aparentemente mais velhos que um estudante qualquer, rodeando o corpo caído de alguém mais jovem. Os braços cobertos por uma camisa xadrez parecida com a sua, mas quis acreditar que não era ninguém de sua escola. Ficou ali parado por um tempo, ouvindo os homens falarem algo para o outro, silenciosamente.  Mas a situação tornou-se um tanto tensa demais.

Logo, os homens já batiam no outro. Davam chutes fortes em toda a região de seu abdômen; Jae estava desesperado, sem nem mesmo saber o que fazer. Pensara em ligar para a polícia, mas esta chegaria muito tarde; ninguém da escola o ouviria, por isso teria de fazer algo por si próprio. Antes que pudesse fazer alguma coisa, pôde ver quem estava ali. O dono dos cabelos castanho escuro que sofria tanto naquele momento era ninguém mais que Kang Younghyun, um de seus colegas de classe. Este que tentava cobrir seu rosto para impedir que sofresse machucados ali, ele lutava para se manter calado. Jaehyung suspirou, dando um passo à frente, a fim de entrar naquela rua fechada. Ninguém pareceu perceber sua presença, por isso, resolveu chamar:

  — Ei! Não acham que já está na hora de parar?

Não sabia de onde tinha tirado tanta coragem, mas no mesmo instante arrependeu-se amargamente de tê-lo feito. Quando Kang deixou de ser o alvo, os dois brutamontes se aproximaram de si. Park engoliu em seco, sem nem mesmo conseguir mover um músculo de seu corpo. Em seu lugar, tentando levantar-se, sem sucesso por conta da dor que sentia, estava YoungHyun. Vez ou outra, o loiro o encarava e via sua expressão preocupada, algo que nunca pensara que veria um dia. Kang era um garoto arrogante, não se importava com o uniforme e estava sempre maltratando os outros, se metendo em confusão. Apesar de estudarem juntos, o conhecia apenas pelos boatos que sempre circulavam a escola.  

O homem mais alto puxou Jaehyung pelo colarinho da camisa, empurrando-o contra a parede em seguida. O mais baixo fez uma careta de dor, tentando não resmungar baixinho. Fechou os olhos, tentando ao máximo controlar seus pensamentos e seu corpo; sabia que alguma coisa ruim poderia acontecer. Younghyun, agora já conseguindo levantar, procurou rápido alguma coisa para que pudesse ajudar Jaehyung a sair dal sem se machucar. Achou garrafas vazias de Soujo jogadas em um canto, logo pegando duas; se aproximou em passos lentos, tanto pelas dores que sentia quanto para não chamar atenção. Logo, quebrou as garrafas na cabeça de ambos os dois homens e puxou Jaehyung pelo pulso, começando uma corrida desorientada.

Os dois correram o mais rápido que seguiam, Kang sempre olhando para trás com medo de serem seguidos. Não demorou muito para que chegassem na escola, a entrada estava praticamente vazia. Os dois jovens tinham a respiração acelerada, Jae estava assustado depois de tudo o que havia acontecido. Ainda surpreso, também, pelo YoungHyun que via à sua frente. Este que ainda segurava seu pulso o encarou quando conseguiu recuperar o ar.

What Can I Do | DAY6Where stories live. Discover now