Capítulo Oito

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Já fazia quase quatro dias que Sungjin ignorava Junhyeok. Desde o acontecimento com Soora ao sair da loja de decorações e sua loucura de ouvir Wonpil, o garoto se viu em uma situação desesperadora e ele não sabia o que fazer, não sabia o que pensar. Por este motivo, ficou ainda mais fechado que o de costume. Ele vivia de fone por aí, não prestava atenção nas conversas e todos só conseguiam ouvir sua voz durante os ensaios. Aquilo acabou deixando todos preocupados mas ele se recusava a falar.

Naquele dia, numa terça-feira, o Park estava sentado abaixo de uma árvore antes da aula começar, com seu novo melhor amigo, o fone de ouvido, tentando dissipar da mente qualquer pensamento que o atrapalhasse naquele dia. Younghyun, que passava pelo local alegremente, parou de forma brusca ao ver Sungjin. O Kang era, definitivamente, a pessoa mais preocupada dali. Sabia que tinha algo acontecendo, mas nunca perguntava nada pois sabia que ele não iria lhe dizer. Entretanto, resolveu ir até Sung para ao menos conversarem.

— Ei, Park Sungjin. — chutou levemente os pés do mais velho e o viu erguer o olhar e tirar os fones. — Podemos conversar?

Sungjin não negou. Quando o ouviu suspirar, Younghyun abaixou-se para sentar ao seu lado rapidamente.

— Você pode me ajudar? — foi o que ele perguntou, num tom baixo.

— É algo... muito sério? Você não está morrendo, está? — Sungjin riu com aquilo e o mais novo arregalou os olhos. — Você está! Acha isso engraçado?

— Pode parar de show? Eu não estou morrendo! — revirou os olhos, desbloqueando a tela do celular para pausar a música. — Nunca aconteceu comigo, então estou com medo. Na verdade, confuso. Ou os dois, eu não sei. Com medo de ser verdade, confuso por não saber dizer se é verdade.

— Está gostando de alguém?

Younghyun deduziu rápido. Sabia como era aquele sentimento, foi assim que se sentiu em relação a Jae assim que o viu. Confuso. Com medo. Gostava dele? Não sabia ao certo a resposta, mas temia que ela fosse "sim". Sungjin assustou-se com a rapidez do outro e ergueu o olhar outra vez, fazendo-o sorrir.

— Estou certo?

— Como você sabia?!

— Sabe... — espreguiçou-se, tentando enrolar um pouco. — Eu me senti assim sobre o Jae. Eu não sabia se gostava dele e tinha medo de ser verdade. Acho que caras heteros não se sentem muito assim, na verdade. O que aconteceu para você ter medo de gostar de alguém?

Sung enrolou um pouco para falar. Não sabia o motivo de estar falando tanto e querer se abrir daquela forma para o Kang, mas não podia confiar em Pil num momento assim. O garoto era maluco, dizia isso pelo que aconteceu na loja de decorações. Younghyun o incentivou a falar quando percebeu que estava enrolando demais e ele deu mais um suspiro.

— As pessoas... elas acham que eu gosto de alguém. E dizem que esse alguém gosta de mim. Mas, eu nunca tinha parado para pensar nisso. E quando o fiz, senti meu coração acelerado demais. Acho que... é o mesmo que você sentiu.

— Hum... Olha. — Sungjin o encatou atentamente, e o Kang sorriu. — Cada pessoa se sente diferente quando está apaixonada, mas há uns sentimentos parecidos: o nervosismo, o frio na barriga, se você gosta de estar perto de tal pessoa, se sente-se bem. De qualquer forma, ignorar o Junhyeok não vai adiantar.

Ele sorriu e Sungjin ficou assustado. Como ele podia saber tanto com tão pouca informação? Ao dizer aquilo, ele se levantou e se despediu rapidamente. Logo, o sinal indicando que a aula começaria e Jin gemeu em irritação. Não queria ir para a aula, ouvir professores falando sobre o vestibular e muito menos ter os amigos no seu pé o tempo todo. E o pior: nem mesmo queria encarar Soora e muito menos o Im. Mas, ele precisava.

What Can I Do | DAY6Where stories live. Discover now