— Tudo bem, hoje vamos fazer um jogo muito interessante que os ajudará na peça — proferiu a professora de teatro na segunda-feira, olhando-nos com animação. — Como podem ter notado, as cadeiras foram tiradas do centro do palco hoje.
Isso foi bem perceptível, pois continuávamos em pé desde que chegamos. Alex fez beicinho.
— Eu formarei três grupos com vocês. Um deles terá quatro alunos, enquanto os outros dois terão cinco. Vocês cinco serão o primeiro. — A professora apontou para os alunos indicados, escolhendo-me entre eles. Victoria também. Ela me deu aquele sorrisinho de quem estava tramando algo. — Por favor, fiquem aqui no meio. Os que eu não escolhi podem sentar-se ao redor.
Todos fizeram isso, restando-me me unir à professora. O grupo continha, além de Victoria e eu, duas garotas que eu quase não tinha contato e... Vincent... como sempre. Ótimo. Eu nem sabia por que a professora nos chamou, mas já estava com aquele frio na barriga por ele estar entre nós. Ele me olhou com fulgor e pôs suas mãos no bolso, vagando seus olhos pelo rosto da professora.
— O jogo é o seguinte: um de vocês cinco começará dizendo uma frase aleatória — explicou Martha, observando-nos. — Não importa qual seja. Seguindo a sequência, o aluno ao lado deverá emendar a frase com outra, mas... — Ela fez pausou, o suspense nos fazendo rir. — A frase do aluno posterior deverá começar com a letra que vem depois da primeira palavra da frase anterior.
Todos nós franzimos a testa, e só me veio na cabeça aquela famosa expressão perdida da Nazaré.
— Por exemplo: se eu começo dizendo tristemente "Hoje já é segunda-feira", Austin deverá prosseguir com "Impossível começar a semana sorrindo. Preferia ter ficado em casa", por exemplo, porque o "I" vem depois do "H".
Arqueei as sobrancelhas, entendendo a brincadeira aos poucos.
— Então Victoria continua com "Jesus, vocês reclamam demais. Não sabem apreciar as coisas boas da vida?". Nisso, Nicole entra com "Linda, não há nada de bom na segunda-feira", e assim sucessivamente, seguindo a ordem alfabética.
Sorri largamente ao assimilar a ideia, e uma olhada breve no pessoal ao redor de nós indicava que eles estavam tão admirados quanto eu. Inclusive Vincent, que, mesmo tentando disfarçar, se divertia com nossa professora.
— Poderia nos dar um desconto e tirar as letras "K, Y" e "W", né? — perguntou uma das alunas da roda.
— Tem razão, Carol. — Martha assentiu. — Muito bem pensado. Certo, com exceção dessas três letras, as outras estarão inclusas. Todos entenderam como mais ou menos funciona o jogo?
— Sim — dizemos.
— Okay. Para pressionar vocês, vou citar as três regras que devem ser seguidas até o fim. Primeira: cada aluno terá apenas cinco segundos para pensar numa frase que se encaixa perfeitamente com a anterior; portanto, assim que disseram suas palavras, já estejam preparados para as próximas — avisou a professora. — Em segundo lugar, e o mais óbvio, o diálogo tem que ser coerente e tem que fazer sentido. Se eu digo "Minha cor favorita é vermelha", certamente o outro aluno não poderá dizer "Nunca parei para pensar antes, mas já viram que a Terra é redonda?".
Todos nós rimos.
— Afinal, que relação existe entre a Terra ser esférica e o fato de eu amar vermelho, não é? — Martha sorriu. — E, em último lugar, a expressão de cada um de vocês também fará parte da brincadeira. Vocês não podem dizer "Estou muito feliz" com cara de quem morreu alguém; precisam demonstrar o que estão dizendo, sentir a adrenalina de estar atuando, entendem? Alunos que não moverem um músculo do rosto sequer durante suas falas sairão do jogo.
![](https://img.wattpad.com/cover/117088571-288-k875448.jpg)
YOU ARE READING
DEPOIS DO "EU TE AMO"
RomanceE se você tivesse que abrir mão da pessoa que mais ama para deixá-la ser feliz? Austin Fontennelle - um exemplo claro de vício anormal pelo sexo masculino - passa por essa situação no instante em que vê um novato de seu colégio: Vincent. Apostando t...