PRINCESA E PIRATA ESTÃO FELIZES

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Capítulo dezesseis

Emma nunca pensou que uma vida tão simples seria tão satisfatória.

Ela foi criada em meio a muitos criados, ouro e riquezas, mas precisava admitir: existe um certo prazer na simplicidade de uma vida menos abastada. Mais proximidade entre pessoas talvez. Menos falsidade. Emma não tem certeza.

Não que ela ache que o dinheiro seja algo de todo mal; na verdade, ela acha que quem pensa assim não passa de um tolo. Mas, ela entende quando dizem que dinheiro por si só não traz a felicidade. Um equilíbrio na vida traz.

Killian proibiu seus homens de chamarem-na de "Princesa Emma" desde que a tomara como mulher (formalmente ao menos, não demorou muito para a barriga de Emma começar a ficar realmente aparente e como os homens de Killian não eram burros, algo estava muito claro ali). A partir daquele momento ela deveria ser chamada de Senhora Jones ou simplesmente Senhora, mas nunca algo íntimo como Emma a não ser que ela desse tal intimidade (e ela não dava a qualquer um). Qualquer homem que ameaçasse contar a qualquer pessoa de fora do navio que ela era a princesa foragida tinha uma ameaça sobre sua cabeça. Emma não sabia ou queria saber o que Killian faria com o estúpido indivíduo, mas sabia que não seria algo bonito.

Eles param bastante em tabernas. Emma não pode beber nada, mas ela gosta de acompanhar Killian. Capitão Gancho é uma figura famosa e se tornar a muito obviamente grávida esposa de seis meses dele é uma experiência interessante. As reações das pessoas variam desde choque a risos, desde "felicidades ao casal" a "não acredito que você deixou uma vagabunda qualquer te dar o golpe", mas uma coisa nunca varia: essa última reação quando recebida termina sempre em esfaqueamento.

Outra coisa interessante é como que Killian bêbado fica ainda mais inibido. Não que ele se segurasse muito sóbrio, desde que se casaram eles faziam sexo praticamente toda noite às vezes por horas e horas a fio sem parar, porém ele parecia ainda mais preocupado em machuca-la e agia bem mais delicado do que na primeira vez de ambos.

Emma preferia quando ele ficava bêbado e perdia o medo, se tornando todo selvagem e bárbaro.

Tinha algo de diferente em fazer sexo grávida. Não que ela tivesse muita experiência em fazer sexo não-grávida, mas ela se sentia mais sensível e excitada. Não entendia porque Killian ainda a desejava — ela não gostava das mudanças que a gravidez causava em seu corpo, mas ele não parecia ligar. Na verdade parecia ter algo de primitivo e animalesco nele que gostava de vê-la carregando sua prole. Era algo estranhamente sexy.

Emma estava se tornando mais "do povo". Aprendendo a fazer tarefas domésticas para ajudar no navio, mesmo que Killian dissesse que não precisasse, ela queria ser útil. Limpava, varria, ajeitava remendos em roupas, ajudava Keith a cuidar de ferimentos bobos dos homens em brigas de bar e tentava aprender até cozinhar. Não queria substituir Keith como o cozinheiro do navio, definitivamente não, Emma queria apenas fazer alguma coisa. Não tinha muito o que fazer no navio. Killian precisava cuidar dele e mandar em seus homens o dia inteiro. Ela podia até ficar do lado dele e fazer companhia, mas ela não era de muita ajuda e como não podia atrapalha-lo se sentia um objetozinho bonito que ia de lado a lado com o Capitão.

Não era a melhor das sensações.

Ela também passava bastante tempo com Sullivan. Nem todos os homens do navio conversavam com ele (Preconceito, talvez, pensa Emma — sendo que na verdade, é mais que definitivamente), então ele adora a companhia que Emma o faz. Eles falam de garotos bonitos, de experiências amorosas e de como se dar nós e os tipos que existem. Parece chato falando, mas é um ótimo passatempo.

Ela também lê bastante livros. Aventura sim, históricos e científicos também, mas principalmente românticos e eróticos. Ela "reclama" (não reclama nada) da tesão infinita que Killian parece sentir, mas estar grávida a faz sentir como se estivesse constantemente no cio.

Uma coisa que Emma fazia bastante em seu tempo livre era pintar. Desde pequena ela sempre gostara de desenhar e seus pais incentivaram seu talento. Ela não era nenhuma pintora profissional, não sabia fazer nada de natureza muito realística, mas tinha quadros de traços próprios e cheios de personalidade.

Suas cores eram muito vivas e saturadas, seus traços bem geométricos (suas pessoas eram mais retas e seus objetos mais arredondados) e a perspectiva era praticamente inexistente. Sua dimensionalidade não era muito bem planejada, seus desenhos e pinturas apontavam para todas as direções. Ela podia fazer algo que não tinha ponto de fuga algum ou alguma com múltiplos. Dependia do dia e do seu humor.

Killian adorava a arte de Emma. Achava nova, bela, interessante. Não seguia muito os padrões clássicos e ele como um bom rebelde anarquista e admirava isso nas coisas. Sempre que eles atracavam em algum porto ele a trazia novos materiais pra distrai-la. Ela fez diversas pinturas em sua estadia no navio. No geral, passava seu tempo assim ou imaginando como seria o bebê dos dois. Teria ele os cabelos de Killian? Os olhos de Emma?

Ela estava fazendo uma pintura do Jolly Roger em meio a um calmo oceano visto de cima, quando de repente o navio tremeu e Emma borrou sua pintura.

— Merda! — ela exclamou. Se lembrando que tinha um bebê em sua barriga sussurrou: — Não, a mamãe não disse isso. Por favor que você não saia de dentro de mim falando palavras assim tão feias, por favor, por favor, por favor... — se ela já estava super nervosa com a possibilidade de ter um bebê? Que nada!

Ela começou a se preocupar com a segurança do navio quando começou a ouvir gritaria e passos de correria no convés acima. Quando Sullivan chegou correndo da direção do quarto dela com uma espada e trancou a porta, Emma viu que tinha algo de muito errado. Não melhorou nada que ela ouviu sons de tiros.

— Sullivan, me deixe sair! Quero ver se Killian está bem! — ela exclama preocupada batendo na porta.

— Ordens do capitão para que eu a proteja durante um ataque, Senhora. Dessa porta você não saí. — Emma respirou com dificuldade. Killian estava em perigo. O navio estava sendo atacado, provavelmente outros piratas. Ela sabia que aquela vida que ambos levavam era perigosa, mas ela era tola de pensar que o perigo nunca chegaria e que eles simplesmente viveriam felizes para sempre com seu bebê e tripulação.

Pelo jeito não.

As coisas já estavam preocupantes o suficiente, mas Emma sabia definitivamente que o que estava pior não tinha como não piorar após ouvir:

— A guarda de Misthaven está aqui pela Princesa Emma! Tragam-na aqui e nenhum de vocês piratas imundos sairá ferido!

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