Capítulo Dez - Nada dura para sempre

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Eu me lembro de reclamar do tempo e sua velocidade no início disso tudo. E como eu queria que ele corresse para as coisas acabarem logo – não importa como, que apenas acabassem. Eu queria que o mundo girasse até perder o controle, até eu perder o controle.

A neve está começando a derreter, mas algo dentro de mim está derretido há mais tempo. Cada palavra que saiu de mim nas últimas semanas deixou de ser meio vazia e se tornou um lago de interpretações. Olhe para uma pessoa e veja a superfície do seu lago, conheça-a melhor e mergulhe nele.

Se a água estava fria, você não se importou. Se a margem parecia abandonada, você não se importou mais ainda. Se eu estava dormindo no fundo do lago, você mergulhou cada vez mais fundo para me levar para a superfície.

Então os dias voltaram a congelar. Ou a correr. Eu não sei, eu me perdi no meio dos meus pensamentos e afazeres da vida real. A minha cama me expulsava toda manhã, as aulas se arrastavam e o café parecia frio e sem graça não importava em qual cafeteria eu fosse.

Mensagens de texto são a forma mais vazia de expressar algo. É apenas uma forma de comunicação traduzida em linhas de código, zeros e uns. Eu odeio o quanto as pessoas acham que a internet é capaz de tapar todos os buracos sentimentais que temos. Eu gosto de e-mails para substituírem as cartas, mas eu odeio redes sociais para mostrarem algo que, muitas vezes, não é real.

Eu vivo para guardar os momentos na minha memória e senti-los por todo meu corpo.

E quando parece que o mundo vai ficar sem graça e cinza, alguém surge na esquina e diz "Que sotaque mais doce" para automaticamente me lembrar de você.

Um pouco de cor na vida nunca matou ninguém.

Mas o cinza é a minha nova cor.

Doce Sotaque | ✓Where stories live. Discover now