Raymon, Washington, Março de 1987.
"Tem um pastelão na minha braguilha".
Kurt a uma multidão de quinze pessoas no primeiro concerto do Nirvana.
A CARREIRA DE KURT COBAIN COMO BANDLEADER quase se
encerrou antes mesmo de começar. Numa noite de chuva no inicio de março
de 1987, a banda finalmente saiu de Aberdeen numa camionete-baú cheia
de equipamentos com destino ao seu primeiro show. A banda ainda não
tinha nome, embora Kurt tivesse passado horas a fio considerando diversas
opções, entre quais Poo Poo Box, Designer Drugs, Whisker Biscuit, Spina
Biffida, Gut Bomb, Egg Flog, Pukeaharrea, Puking Worms, Fish Food, BAt
Guana e Incompotent Fools (internacionalmente grafada errado), além de
muitas outras. Em março de 1987 ele ainda tinha de ser fixar em um nome.
Eles se dirigiam para Raymond, meia hora ao sul de Aberdeen,
porém mais parecida com Aberdeen do que a própria Aberdeen: era uma
autêntica cidade de madeireiros e bitolados, já que praticamente todo
emprego se relacionava com madeira.
Escolher Raymond para seu Show de estréia era com uma
produção da Broadway iniciar sua temporada nos Apalaches — era uma
chance para testar coisas com uma platéia tida como não muito perspicaz
ou sofisticada.
Ryan Aigner, que por sua natureza sociável se tornara seu
empresário por um breve momento, havia acertado a apresentação. Ele
importunou Kurt para que se apresentasse numa festa sem o consentimento
prévio de Kurt. Ryan emprestou uma van de transporte de carpetes de seu
emprego, colocou os equipamentos dentro e apanhou Kurt, Krist, Buckhard,
Shelli e Tracy, que tiveram de se senta entre rolos de carpete. Durante a
viagem, Kurt se queixava sem parar de que a banda — que tinha de tocar em
outro lugar que não seu minúsculo barraco — merecia algo melhor do que
essa apresentação. "Estamos tocando em Raymond", disse ele, pronunciando
o nome da cidade com pouco-caso. "Na casa de alguém, ainda por cima. Eles
ainda não sabem o que é rádio. Eles vão nos detestar." "A idéia de Kurt
observou Ryan, "Era que ou a multidão iria odiá-los, o que eles aceitariam,
ou iria adorá-los, o quem também seria legal. Ele estava preparado para
qualquer das duas coisas." Este foi um exemplo clássico de um artifício que
Kurt aplicaria ao longo de sua carreira: menosprezando o sucesso e, de fato,
pintando o pior cenário possível, ele imaginava que poderia se proteger do
verdadeiro fracasso. Se o evento real que ele temia fosse um desastre quase
total, ele poderia declarar com algum grau de triunfo que ele havia mais uma
vez passado a perna no destino. Desta vez, porem, sua previsão se mostraria
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Mais pesado que o céu (Heavier than heaven)
Non-FictionEste livro apresenta a vida singular de Kurt Cobain, o mítico líder do Nirvana, banda que revolucionou o estagnado mundo da música pop no início da década de 1990, com o lançamento do clássico álbum Nevermind. Em capítulos que evoluem em ordem crono...