Para Pithy e filhas, Blenda, Thayná, Bea e Mira.
Para Danny, Feliz Aniversário!!Parabéns minha linda. Muitos sonhos realizados.
Pov – Valentina
A mala está aberta sobre a cama, ainda não acredito que estou indo conhecer minha família. Dobro um vestido azul, o mais bonito que tenho. Eles são tão ricos, não sei como deve ser a vida deles. O dia a dia dos De Martinos.
Fecho a mala e me sento na cama indecisa. Tem apenas uns dias que minha mãe se casou e partiu para uma viagem ao Japão e já me sinto a pessoa mais solitária do planeta.
―Cadê sua independência, Valentina? – Me pergunto olhando para a mala fechada. Vittorio me convidou para conhecer seu filho. Quero fazer isso. Não apenas o bebê, mas todos os outros.
Meu pai foi um canalha comigo, mas foi também com eles. Achei por toda a vida que os meus irmãos e mesmo minha avó sabiam da minha existência e não me queriam em suas vidas.
Por anos minha mãe insistiu para que eu fosse até eles, que procurasse minhas raízes. Logo depois de descobrirmos que meu pai tinha morrido e depois de um tempo descobrimos também que a mãe deles tinha falecido e mesmo assim eu não quis. Achava que não seria bem-vinda e fui levando minha vida.
Nunca me deixei criar magoas, sobre nenhum deles. Nunca quis carregar esse tipo de sentimento. Mamãe me deu amor, educação e fomos tudo uma para outra. Ela sempre sofreu com a culpa que carregava do passado. Sempre se puniu e por anos se obrigou a afastar qualquer um que tentasse se aproximar dela. Pelo menos de modo romântico.
Sorrio quando penso em Bartolomeu. Bartô não se deu por vencido, foi aos poucos ganhando o coração da minha mãe, deixo ela segura e mamãe acabou sentindo confiança no amor dele. Sempre torci por eles. Por isso me recusei a acompanha-los nessa viagem de seis meses ao Japão.
Bartô vai trabalhar, mamãe é agora sua esposa e ela nunca teve a chance de viver uma vida tranquila, sem alguém para cuidar, quero que ela viva esses primeiros meses de casada apenas com Bartô.
Meu sonho mesmo é que quando eles retornarem eu tenha um emprego e possa me sustentar e morar sozinha. Assim nós duas nos tornamos independente, ainda que eu vá morrer de saudade.
Deixo a cama e vou até o espelho, estou bem, nada de mais, um vestido simples e sapatos baixos, cabelos soltos. É uma viagem longa de trem, depois ônibus, mas não vou avisar antes por que não quero incomoda-los nesse momento e sinto que Vittorio pode querer mandar o helicóptero que eles tem vir me apanhar e nem imagino como isso deve sair caro.
Quase parei de respirar quando o ouvi se anunciar na porta. Do nada, sem aviso, num dia comum.
Vittorio De Martino, meu irmão mais velho. O executivo que cuida da empresa, que gere os bens da família, incluindo e principalmente o vinho De Martino. O mais famoso vinho da Itália.
Ele pareceu um homem bom, lembra meu pai. A aparência, não o caráter, no pouco tempo em que esteve aqui em casa deu para ver que não tem nada de Lorenzo De Martiono. Talvez tenha herdado a dignidade da mãe. Antonella. Não gosto muito de pensar no passado.
Tenho ainda viva em minha memória meu único encontro com meu pai, na única vez em que estive na Vila De Martino. Ele pareceu um tanto distante, quase indiferente, não apenas comigo, mas com meu irmão também. Enzo, segundo filho dele, um dos meus irmãos mais velhos.
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Série Família De Marttino - Recomeço (Degustação)
RomanceKevin Sayer é um enólogo que deixou o passado e seu país em busca de uma nova vida, na Itália, num dos maiores e mais importantes vinhedos encontra paz e a vida simples que sempre sonhou. O vinho De Martino é sua paixão agora. Não está disposto a pe...