Capítulo 3

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Para Ingrid Rocha, Brenda Thamara, Andressa, suas lindas.

Para Clara Stephania e suas filhas, Élida, Anaila, Giulia. Para Sadoc e Deide. 


   Pov – Kevin

Eu nem estava pensando em nada. Só quis mesmo ser gentil com uma moça bonita. Por que tanto drama? Mulher preconceituosa e irritante. Tão jovem e mesmo assim tão cheia de rancor.

Encosto a moto no canto da mecânica, era apenas isso que ia fazer, deixar a moto pegar a mochila e subir, para minha casa. Depois do encontro com minha mãe tudo que quero é ficar longe de gente como essa senhorita Grimaldi. Senhorita primeira dama. Arzinho arrogante.

Subo a escada lateral a mecânica, uma porta discreta com entrada independente. Minhas grandes janelas com as cortinas abertas enchem o lugar de luz.

Abro um vinho e aspiro o perfume só para sentir o cheiro de casa. Tomo um gole e sigo para o banho. Depois me estico na cama. Vontade de voltar a trabalhar e colocar o passado de volta em seu lugar. No canto seguro da mente.

Me pergunto o que fui fazer lá. Não sei bem o que esperava ouvir. No fundo acho que buscava um real pedido de desculpas pelo passado. Bobagem. Não Eleonor, ela não se arrepende.

Tento entender seu lado, nossa vida foi mesmo um inferno. A guerra entre ela e meu pai durou toda uma vida e quando Dick acenou com aquela vida mágica ela simplesmente não pode resistir.

Tudo teria ficado bem se ela e o novo marido não ficasse tentando de todos os modos me moldar a vida que eles queriam. Eu estava ainda machucado, na defensiva. Era só revolta, só magoas e tudo que eu queria era jogar em cima de todos minha frustação.

Carrie era a única que me inspirava alguma calma, a única que me deixava com vontade de melhorar. Então aquela decepção. No fundo me fez mais bem do que mal. Por pura vingança eu quis mudar, me fortalecer e dar a volta por cima, só para não dar o gostinho a elas de me ver por baixo.

Acho que Carrie sempre foi daquele jeito. Eu é que não via, encantado demais para enxergar a verdade. Completamente iludido em meu primeiro amor. Único, foi uma boa lição, não caio mais nessa.

Não foi o fim, isso é natural, pode acontecer, foi como tudo aconteceu a traição, a mentira, as mentiras.

Foi bom deixar tudo para trás, hoje me sinto outro. Busco paz, busco equilíbrio por isso não entendo como aquela garota conseguiu em três segundos me tirar do sério. Tinha tempo que não acontecia.

Até me sinto meio culpado, se encontra-la de novo eu tento consertar, mas se ela for arrogante de novo mando para o inferno. Se mando, ela vai ver só.

Acabo adormecendo, acordo com a casa escura, passo a mão pelo rosto e encaro o relógio. Sete e meia. Preciso comer alguma coisa. Descansar e amanhã retomar a vida. Péssima semana de férias essa minha.

A geladeira está vazia, dei tudo que tinha para os caras da mecânica antes de viajar. Me visto e desço até a lanchonete uns metros de casa.

A grande vantagem em viver numa cidadezinha como essa. Tudo pertinho.

Está quase vazia, tem poucos turistas essa época do ano, além disso é um dia de semana e as família cozinham seu próprio jantar, as vezes, aos sábados e domingos as famílias se reúnem aqui para comer e conversar.

Não olho muito em torno, só caminho para o balcão, nunca me sento em uma mesa. O lugar me lembra as lanchonetes americanas, não por acaso. O dono é um americano que como eu veio em busca de um pouco de paz e ar livre.

―Boa noite, John, uma cerveja e um sanduiche caprese, como sempre.

―Agora mesmo. Chegou hoje? – Ele me questiona abrindo a cerveja e me servindo a garrafa.

Série Família De Marttino - Recomeço (Degustação)Where stories live. Discover now