27: 스물 일곱

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Addict > 27

A mentira é mais afiada que a lâmina de um bisturi, e te atinge mais fundo que um espadachim.

Cada palavra na voz daquele homem que gravara os recados para Jungkook soaram feito balas contra seu peito.

Naquele dia os pés de Jimin moveram-se sozinhos para fora da casa de Jungkook, e suas mãos pareciam saber exatamente o que fazer quando sacaram dinheiro em um caixa eletrônico. Seu corpo não teve comandos, pois sua mente estava em estado de puro estupor.

Jimin era mais bobo que imaginara.

Era cego. Genuíno. Surdo. Fraco.

Se sentia, novamente, completamente sozinho. Na verdade, sentia como sempre estivesse solitário, que suas companhias fossem passageiras, fossem mal intencionadas.

Sentado no banco daquele trem, partindo da estação de metrô, ele puxou as pernas para perto do corpo, apoiou o queixo nos joelhos e deixou que a primeira lágrima escoresse.

JJ.

Uma biografia sobre o assassinato de sua mãe.

Jeon Jungkook.

Tudo uma mentira, tudo interesse, tudo um truque. Jimin escondeu as mãos no rosto e chorou, chorou mesmo em meio à todas as pessoas.

Seu choro mal tinha uma definição, era devido à tudo e também sem real explicação. Ele chorou até que sua cabeça doesse, até que seu corpo parecesse entorpecido, que se sentisse em fim sem os pés na terra.

Queria fugir o mais rápido possível daquele plano.

Quando o trem parou, ele se levantou, zonzo, notando os olhares sobre si, e saiu as pressas pela porta de desembarque. Usando as mangas da blusa escura para tentar enxugar o rosto, parou em uma banca, e pediu uma carteira de cigarro e um isqueiro.

Subindo as escadas para fora da estação, descobriu que chovia, mas não se importou de estar sem um guarda-chuva e usando uma roupa de tecido frágil. Ele puxou um cigarro e o acendeu, sentando-se na beira de uma calçada qualquer, sentiu o corpo todo ser inxarcado pela chuva, e a água empossar em volta de seus pés.

Sem conseguir encarar o céu escuro, ele tragou o tabaco, e prendeu a fumaça em seu peito, de cabeça baixa. Suas lágrimas ainda fluiam, misturando-se com a água da chuva.

Notícia. Notícia foi o que virou a morte de sua mãe, em todos os jornais, em cada revista, cada coluna, em toda página.

Ele detestava a mídia, detestava o jornal, os repórteres, os jornalistas. Eram como parasitas atrás de carne podre, vindo com seus microfones e gravadores, câmeras, sem se importar com os sentimentos de quem sofre. Eles só querem uma matéria para chocar os telespectadores.

Jungkook era um jornalista. Do pior tipo.

Tragando mais vezes, Jimin grunhiu com raiva, fechando os olhos com força, fechando o punho livre, o cerrando até que o pulso ficasse dolorido.

- Moço? - uma senhora chamou. - Saia da chuva, vai ficar doente.

Ele já estava doente, e não tinha cura, o perseguia, o fodia totalmente. Jimin não se importava. Ele se levantou e atravessou a rua, sem olhar antes, fazendo com que um carro tivesse que freiar quase sobre seu corpo. O motorista pôs a cabeça para fora da janela, confuso. - Está maluco?

- Estou - Jimin bateu com força contra o capo do carro do homem, continuando a atravessar a rua.

Terminou o cigarro e acendeu mais um, retornando a inalar a fumaça, andando sem rumo sob a chuva intensa, contra o vento horripilante do inverno. A dor e a raiva impregnadas em cada parte de sua alma, o puxando para baixo.

Addict {jikook}Where stories live. Discover now