Capítulo 3

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-Você pode me trazer um café grande sem açúcar por favor. – River pediu, Caitlin empurrou a porta de vidro do Jitters com o ombro, o cheiro de café puro quase a fez voltar para trás.

-Não sei nem se eu vou conseguir entrar.

-Vamos lá, Cait. Apenas um café. – ela insistiu.

-Ok, mas depois você vai ter que me pagar.

Desligou o celular tomando folego o suficiente para entrar no café. Teria apenas três segundos antes de vomitar o que havia comido no chão da cafeteria, poderia evitar o café até o final da gravidez se isso a fazia se sentir melhor com sigo mesma. Pegou o café e saiu, ainda tinha que ir para o laboratório, estava atrasada graças ao sono irregular que vinha com a gravidez, era um pacote completo, com vomito, tontura, sono, cansaço e fome.

Checou o celular para ver as horas quando sentiu alguém puxar seu braço.

-Livre-se dele. Ainda temos tempo – a voz sussurrou, ela se virou, mas não havia ninguém ao seu lado. Olhou em volta, as pessoas passavam, entrando nas lojas e conversando entre si. Respirou fundo e apertou o passo para acenando para um táxi. Colocou o cinto e virou para a janela, a figura grisalha a observava, o vestido preto arrastava aos seus pés, mas tão rápido quanto veio, ela se foi. – Tire-o. Mate-o. Livre-se dele.

***

Apoiou a caneta sobre o lábio encarando a tela desligada do computador, estava alucinando, aquela mulher não era real. Os últimos dias haviam sido estressantes o suficiente para enlouquece-la. Não havia mulher com que se preocupar, não havia ninguém com que se preocupar além de seu filho ou filha, embora algo dentro dela dissesse que é um menino, River insistia em deixar o gênero em aberto.

-Cait? – piscou voltando a realidade, Barry lhe estendia um copo do Jitters, negou com a cabeça, se tomasse café ou sentisse o cheiro era capaz de vomitar. – É chocolate quente, na verdade apenas morno.

Sorriu pegando o copo, estranhamente o chocolate acalmou seu estômago.

-Então, estava pensando e talvez o centro não sirva apenas como um esconderijo, mas também como um centro de treinamento.

-Ai elas aprendiam a controlar seus poderes e não usa-los para o mal. – Barry completou, ela assentiu escondendo o sorriso com o copo. – Tenho que admitir, essa ideia é genial.

-Verdade. Vai ser bom. – tomou outro gole do chocolate antes de perguntar. – Quando você e Iris se casaram?

-Há algumas semanas, é muito recente.

-Você está feliz. – disse, Barry sorriu. – Isso importa.

-Mas você está feliz, Cait? Depois de tudo?

-Estou seguindo. – falou desviando o olhar, sabia que olhasse para ele acabaria se entregando.

-Não nós falamos muito depois do enterro do HR. Nunca te liguei e sinto muito.

-Não tem problema, Cisco se preocupava por vocês dois.

-Eu fui um mal amigo, Cait. – ele insistiu e tudo o que ela queria era que ele calasse a boca.

-Barry, eu estou bem, ok?

-Quero compensar isso.

-Não, não precisa. – balançou a cabeça em negação.

-Eu insisto, Iris tem que escrever uma matéria hoje para entregar a amanhã, que tal um cinema?

Sua cabeça girava, aquilo não poderia estar acontecendo. Mas antes que pudesse responder a figura robusta foi introduzida na sala com Cisco ao seu lado.

-Dr. Parker. - Barry saudou olhando para o homem de cabelos acinzentados e olhos castanhos. Caitlin ficou de pé. – O que faz aqui a essa hora? Nossa reunião será apenas mais tarde.

-O senhor Ramon me chamou para conversamos sobre o centro de apoio, achei uma excelente ideia. – o doutor disse, Caitlin olhou para Barry.

-O dr. Parker é um meta-humano que pode controlar o metal com a mente. – ele explicou.

-Ah claro, prazer Caitlin Snow. – estendeu a mão, o doutor apertou sorrindo, de repente Caitlin sentiu seu estômago rodar, coisa que acontecia quando ela estava preste a vomitar. – Vocês podem me dar licença um minuto, tenho que ir ao banheiro.

Se afastou prendendo a respiração enquanto corria para o banheiro mais próximo, se apoiou na pia respirando fundo. Encarou se reflexo e piscou sem saber o que fazer. Encontro com Barry? Péssima ideia, acabaria se entregando sem querer. Dr. Parker? O conhecia de algum lugar, apenas não se lembrava da onde. Mulher esquisita na rua? Aquilo iria dar merda. Talvez fosse melhor voltar para casa, lá era seguro. Tanto para ela, como para o bebê.

Não se preocupe, nada acontecerá com esse pequeno floco de neve. A voz de Killer Frost soou em sua cabeça. Apenas deixe comigo se algo chegar perto.

-Não ouse sair sem autorização, eu tenho o controle agora. – sussurrou.

Eu sei, desde de que Savitar se foi não tenho motivos para sair.

-Você gostava mesmo dele, não é?

Tanto quanto você gosta de Barry.

-E não gosto dele. – retrucou um pouco mais alto, se sentia uma louca quando conversava com Killer, não fazia sentindo aquilo. – Quem disse que eu gosto dele?

Oh Cait, tão bobinha. Ele pode até estar com Iris, mas é você que carrega o filho dele. Basta apenas falar e ele cairá de quatro por você.

-Calada. – rosnou empurrando a porta e saindo do banheiro.

***

-Posso te fazer uma pergunta?

-Você já está fazendo, River.

-Por que você não quer contar para eles? Para ele?

Desviou o olhar do notebook sobre a almofada em seu colo e encarou a amiga.

-Não quero estragar a vida de Barry. De nenhum deles.

-Mas eles iriam aceitar.

-Acho que sim.

-Mas por que não?

-Uma vez disse a Julian que eu não tinha casa, eu não tenho para onde ir, River. Se eu voltar vou machucar muitas pessoas. Não quero isso.

-Oh docinho. Às vezes tenho tanta pena de você. – River disse, Caitlin revirou os olhos. – Quando sinto que minha vida está uma merda, eu olho para você e penso, Deus eu estou tão bem.

-Cala a boca River. – jogou uma das almofadas nela. A loira riu.

***

À noite chegou tão rápido que ela mal havia visto, se deitou na cama pensando se o que estava fazendo, esconder o bebê era algo bem radical, mas não podia envolver Barry naquela confusão, não era culpa dele, nem dela tecnicamente, Savitar e Killer Frost haviam feito aquilo. E agora ela pagava pelo erro.

-Olha pequeno floco de neve. – sussurrou com a mão sobre a barriga. – Seu pai não vai estar presente, mas saiba que ele te ama muito, mesmo sem saber que você existe. Tenho certeza que Barry te amaria. Mas eu prometo te amar por ele também...mas você não é filho do meu Barry, você é filho de Savitar. – empurrou os dedos contra a barriga, mas parou, aquilo era errado, aquele bebê não tinha nada a ver com aquilo, ele não tinha culpa.

Umedeceu os lábios se sentando na cama, se levantou caminhando até a janela. Olhou para a cidade que cintilava sobre seus olhos. Aquela não era sua casa, não tinha uma casa. Se virou indo para o banheiro quando sentiu algo arder em seu braço, passou o dedo pela ardência, talvez fosse um inseto, mas quando seus dedos voltaram eles estavam sujos de sangue, desviou o olhar para a parede a sua frente, havia um buraco do tamanho de uma bala, simplesmente se jogou contra o chão, então sentiu algo passar por cima de sua cabeça. Engatinhou até a cama e pegou o celular apertando o botão de alerta. Então esperou. Esperou Barry ir salva-la como ele sempre fazia. 

SnowflakeWhere stories live. Discover now