'-Você acha que eu vou voltar a usa-lo um dia? – Barry indagou olhando para o seu traje no manequim, ele parecia tão frágil.
-Espero que sim. – falou torcendo para que tivesse dito a coisa certa. Ele suspirou e ela se colocou ao seu lado.
-Eu não tive a minha velocidade por muito tempo, mas agora que ela se foi, sinto como se parte de mim tivesse ido também. – ele disse se afastando, a preocupação brilhava em seus olhos, assim como o anseio e o medo.
-Com ou sem sua velocidade, você ainda é você, Barry.
-Não sou. Não sou a melhor versão de mim. Eu amo ser o Flash. – ele falou, ela sorriu com carinho. – Eu amo tudo nele: a sensação de correr a centenas de quilômetros por hora, o vento e a energia correndo pelo meu rosto, ser capaz de ajudar as pessoas. – cada palavra dele soava com a mais pura verdade, ela amava o fato dele colocar o amor em tudo o que fazia, era isso que o tornava tão ele. – Não tenho certeza se posso viver sem ele, Caitlin.
Ela deu um passo à frente seguindo seus instintos.
-Farooq Gibran. – Cisco falou entrando no córtex, ela se afastou.
'-Barry? – o chamou sentindo um pouco de receio, mas sabia que não conseguiria dormir se não fizesse isso. – Pode ficar comigo até eu adormecer? – indagou se sentindo um pouco boba, o efeito do álcool aos poucos passava deixando apenas uma névoa em sua cabeça. Barry a olhou um pouco hesitante antes de concordar.
-Claro. – ele se sentou ao seu lado colocando a mão sobre sua coxa e acariciando-a com carinho, Caitlin fechou os olhos mais relaxada, algo dentro dela se aqueceu, como uma pequena brasa no meio de um inverno rigoroso.
'-Não pense que eu não te mataria. – disse, Barry continuou parado a sua frente.
-Então faça. - ela criou um adaga de gelo em sua mão e a colocou sobre o coração dele. – O que você está esperando? – ele indagou, algo em sua cabeça gritava alto dizendo para parar, era Barry a sua frente. – Qual o problema? Vamos lá, faça pelo seu nome, Killer Frost, eu quero ver uma morte. Você quer ser uma vilã, é isso que eles fazem, matam os amigos. – a voz continuou a gritar, aumentando cada vez mais. – Por que nada mais importa para eles, certo? – ERRADO, a voz gritou tomando sua cabeça. – Certo!? – Barry segurou seu pulso empurrando a adaga contra o próprio peito, ela desviou o olhar do dele. – Vamos lá, mate-me, Caitlin. – ela o olhou nos olhos, todas memórias dos dois voltaram a sua mente, aquela brasinha dentro do seu coração se aqueceu. -Você não consegue fazer isso. Não consegue. Porque de baixo de todo esse gelo, você continua você.
A voz gritou em sua mente, alto e claro, a sua própria voz. Sentiu os olhos arderem e a respiração faltar, soltou a adaga deixando ela se espatifar no chão.
-Barry. – o abraçou com força, ele a abraçou de volta.
-Está tudo bem. – ela deixou o ar se esvair de seus pulmões sem conseguir se desgrudar dele. – Eu estou com você. Está tudo bem.
'-Fazer o quê?
-Isso, as palavras, os gestos, não me dê falsas esperanças quando sei que isso nunca daria certo. Eu estou apaixonada por você, Barry. E isso dói mais do que eu posso aguentar, não piore a situação. Por favor. – deixou as lágrimas escorrerem. – Você não sabe o quanto me doí toda vez que te vejo com ela, sei que vocês se amam, por isso não vou me intrometer entre vocês dois. Você está feliz Barry, é isso que importa.
'-Caitlin, eu... – ele começou a falar, mas ela o interrompeu.
-Eu sei. – disse já sabendo o que ele queria falar. – Eu também.
***
Caitlin piscou os olhos encarando as formas geométricas que se formavam a sua frente, movimentou a cabeça devagar para o lado, sua visão turva aos poucos voltava ao normal, olhou para o branco do teto, mexeu os dedos dos pés e os das mãos apenas para testar a sensibilidade, soltou um suspiro tentando se levantar.
-Não faça isso. – a voz gentil falou, Caitlin virou o rosto encarando uma mulher de meia idade usando um jaleco branco.
-Onde estou? – indagou, as palavras saíram arrastadas pela sua garganta, era como se a muito tempo não falasse nada.
-No hospital. – a mulher disse apertando um botão, a cama começou a se erguer aos poucos, Caitlin se ajeitou melhor.
-Onde está Barry? – sussurrou um pouco tonta.
-Quem?
-Barry Allen, meu...o pai do meu filho. – disse, então olhou ao redor, estava em um quarto simples, as paredes brancas e as janelas abertas, levou a mão até a barriga, mas se surpreendeu quando a encontrou menos inchada que o habitual. O desespero tomou conta de si quando apalpou a barriga.
-Se acalme. – a mulher pediu segurando suas mãos. – Vou pedir para traze-lo.
Caitlin piscou varias vezes confusa, então as peças começaram a se encaixar.
-Quanto tempo eu fiquei em coma?
-Quatro meses. – a mulher disse, Caitlin sentiu todo o corpo pesar, jogou a cabeça contra o travesseiro, as lágrimas escorreram pelo seu rosto. – O garotinho está bem, fizemos uma cesariana em você há dois dias.
-E o pai dele?
-Desculpa querida, mas ninguém veio atrás de você.
Aquilo para Caitlin foi como um soco no estômago, Barry não havia ido atrás dela, ninguém havia. As lágrimas aumentaram.
-Vou trazer a criança e chamar o médico. – a mulher saiu do quarto, ela respirou fundo, deveria haver uma explicação muito lógica para ele não ter ido atrás dela, tinha que ter.
Se ajeitou melhor na cama e olhou para a janela, a cidade que se projetava parecia estranha aos seus olhos, então um vulto passou, rápido em direção ao céu, ela ofegou assustada.
-Não se preocupe. – se virou para a porta onde o homem que parecia ter a sua idade estava, ele tinha cabelos avermelhados e olhos esverdeados. – É apenas a Supergirl.
-Supergirl? – olhou para a janela de novo, desta vez com esperança de vê-la novamente. – Onde eu estou? Em que cidade estou?
-National City. – ele disse. Caitlin se jogou contra o travesseiro, agora fazia sentido, Barry provavelmente não sabia onde ela estava, por isso ele nunca apareceu.
-Como eu vim parar aqui?
-A polícia a achou desacordada em um beco, a trouxeram pra cá para cuidarmos de você. – ele explicou. – Você se lembra do seu nome?
-Sim, é Caitlin Snow. E você?
-Sou o dr. Bartholomew Fisher, mas pode me chamar de Bart. – ele disse, Caitlin umedeceu os lábios deixando um sorriso escapar. – Vou cuidar de você a partir de agora.
Assentiu, a porta se abriu e aquela enfermeira entrou carregando uma pequena bolinha envolta de uma manta azul, ela sentiu o coração acelerar e as mãos tremerem levemente.
-Olha quem veio ver a mamãe. – a mulher lhe entrou Josh, Caitlin o segurou sem jeito. Olhou para o rosto de seu filho pela primeira vez tentando memorizar cada detalhe, o nariz meio achatado, o queixo delicado, a bochechas avermelhadas, Josh abriu os olhinhos, o tom era o mesmo que o de Barry, a íris era idêntica. Caitlin envolveu a mãozinha dele beijando com delicadeza.
-Acho melhor deixa-los a sós. – o dr. Fisher disse empurrando a enfermeira para fora. – Vamos Raiben, ainda temos alguns pacientes para tratar.
Caitlin não conseguia tirar os olhos de Josh, ele finalmente estava ali em seus braços, depois de tudo o que haviam passado ele estava ali. Mas não podia deixar de sentir o incomodo dentro de si, havia perdido sua chegada, Barry não estava ali, ele não deveria fazer a mínima ideia de onde ela estaria. Olhou para seu filho.
-Eu prometo, Josh, nós vamos encontrar o papai.
YOU ARE READING
Snowflake
FanfictionCaitlin já havia passado por muitas coisas em sua vida, tinha traumas e cicatrizes que nunca se fechariam, fora quebradas tantas vezes que mal podia contar, não havia mais nada que não pudesse aguentar, havia criado uma barreira ao redor de si. Até...