fogo cruzado

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              AS ESTAÇÕES MARCAVAM UMA NOVA ERA, numa história da qual eu não permitiria linhas tortas

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              AS ESTAÇÕES MARCAVAM UMA NOVA ERA, numa história da qual eu não permitiria linhas tortas. Lutando diariamente contra as odiadas cicatrizes, decidi enterrar junto com aquela jaqueta, as vivências ruins que presenciei. Daryl não contou a ninguém o que vimos, nem o que passamos, considerei isso como mais um dos meus primórdios erros a serem superados. Em Alexandria haviam escolhas, e a oportunidade de tornar-me alguém diferente era o que restava.

Você canta tão bem... – A voz de Carl chegou aos meus tímpanos suavemente, dispersando um arrepio pela extensão do meu corpo. Sorrimos juntos, meu movimento de balanço no berço cessando, para que alcançasse suas mãos em minha cintura, num abraço que me envolvia por trás. — Judith não é a única que adora essa canção, "You are my sunshine, my only sunshine"

"You make me happy, when skies are grey." – Murmuramos num único tom de paixão, deixando que o ritmo contagiássemos numa dança e gargalhadas.

Vidrados um ao outro, nos encaramos por alguns minutos, que na minha concepção se assemelhavam a anos. Suspirei em alívio, pois seus lábios se ataram aos meus, causando faíscas em meu peito e reunindo diversas borboletas no estômago vazio.

— Espero que fique bem. – Carl segurou em meu queixo, sua tonalidade insegura transparecendo a razão: Grimes me olhava como se fosse um poço de ingenuidade, e tocava-me como numa despedida. — Prometo que voltarei... teremos muito tempo juntos, então, te ouvirei cantar todas as canções que existem nesse mundo.

— Quando nós voltarmos, você diz. – O corrigi com um riso meio indignado. — Seu pai me disse sobre a missão, e acatou meu pedido de ir também.

— Por que você tem que ser tão teimosa? – Grimes me enlouquecia, não duvidava surtir o mesmo efeito nele. — Rebecca, você não é burra! Esteve nas reuniões passadas, sabe das pessoas perigosas que estão atacando nossas rotas, sabe dos riscos. Não permito que seja colocada num fogo cruzado, e ponha tudo a perder.

— Não permito que vá, sem nem a previsão de um retorno. – Revirei os olhos, o peitando. — Prefiro que me odeie e esteja vivo, do que morto e me ame. Não posso suportar perder mais alguém, nessas bandas, arriscamos. Me arriscarei por você, pela Judth... por cada pessoa que amo.

Nosso diálogo se encerrou, Carl abraçando-me mais uma vez e depois a sua irmã. Ele não gostava da ideia, mas não via sequer uma forma de deter-me, tinha consciência que não conseguiria. Do mesmo jeito que ele não conseguiria me parar, não iria conseguir deixá-lo partir.

Saindo da residência dos Grimes, já avistava um grupo de nove pessoas armadas, de frente a um trailer. Reconheci todos, eram os mais próximos e confiança de Rick, e pelo que entendia, precisávamos chegar até a outra comunidade, Hilltop. Maggie dependia de um médico e exames constantes, sua gravidez não podia contar com complicações.

Ir de um ponto ao outro não seria um problema, os caminhantes já não eram mais ofensivos quanto antes.

O veículo começou a se mover, as árvores passavam pela janela como vultos, as observava deitada no colo do cowboy.

Cada um se entretinha como podia, a viagem seria longa e uma breve conversa com o líder sobre Atlanta, não me ocupava o suficiente; Glenn ao lado de sua esposa, acariciava a barriga de Maggie para que aliviasse as contrações; Daryl repousava os dois pés sobre a mesa de madeira, enquanto afiava as flechas; Já Rosita, parecia contente o bastante, apenas olhando Abraham dirigindo.

Vendo daquela maneira, parecíamos tão diferentes uns dos outros. Tínhamos histórias diferentes, e fizemos coisas diferentes. Mas, Rick nos uniu de alguma forma, nos amarrando no laço inquebrável de sermos uma família. Sermos unidos, apesar das diferenças. Rick sabia o que fazia.

Um sentimento de calmaria me inundava, questionando como podia ter tal afeto por aquelas pessoas, trata-las com mais carinho do que a mim mesma, ter o anseio diário de protege-los. Alguns meses atrás, provavelmente estaria apontando uma arma para o besteiro, aplicando uma chave de braço em Carl, ou até mesmo discutindo com os adolescentes com quem ele andava. Foi uma descoberta imprevisível, eles me acolheram e a reciprocidade era inevitável.

A calmaria me assustava.

E inesperadamente, essa desconfiança veio com uma justificativa: o frear brusco, arrastando os pneus de borracha no asfalto me despertou, gritos autoritários nos chamavam do outro lado, e só consiguia cumprir a ordem de permanecer abaixo das mesas, como Grimes havia dito.

— Vamos entrar, é bom que já estejam devidamente, desarmados. – O falar masculino voltou a funcionar através de um megafone, e indicava que viriam para cima de nós. Continuamos escondidos, sem saber o que viria a seguir.

Leva a Maggie aos fundos.

Rick sussurrou, passando sua AK-47 para o outro braço, possibilitando deitar a mesa como uma barricada. Assenti, destravando minha arma de fogo, e ajudando-a passar pelo corredor apertado. Ela, nervosa, apenas deitou na maca soando frio, suas pernas tremiam e respirava com dificuldade devido a agitação.

Bastou segundos, a porta do motorista se abriu e de lá, entrou mortos-vivos conectados por correntes de ferro, que atacavam com avidez acima de Daryl e Glenn, os primeiros da formação.

Disparos. Ruídos. Gritos. Acontecia tudo rápido demais.

A entrada de emergência foi arrancada com um só chute, um velho musculoso foi na direção de Maggie com dois canivetes em punhos. Apenas um movimento. A grávida em defesa, acertou um chute na face dele, de modo com que a lâmina fizesse um corte em sua panturrilha. Quando a ouvi agonizar em lágrimas, acreditei que o golpe tivesse acertado sua barriga, a piedade tinha morrido.

— Mag, não! – Em descrença, apertei o gatilho acertando-o nas costas, a bala explodindo de raspão suas costelas. Ele tinha altura de um gigante, sua estrutura se assemelhava a de um ogro invencível, disparo algum parecia dete-lo.

Com um só golpe, fez com que a arma voasse de minha posse, batendo-me duas vezes contra a parede de vidro. Atordoada, mal enxergava, suas mãos faziam pressão em volta do meu pescoço, impedindo com que respirasse ou reagisse.

Pelo pouco de sentido que restava, vi Carl acertar o grandalhão com um pedaço de madeira, fazendo-o me soltar, caindo bruscamente no chão forrado de caco. Foram diversas pancadas, mas o velho só demonstrava cansaço, e machucaria o garoto com facilidade.

Fisicamente, tudo doía. Mas, a pior dor seria permitir que Carl se ferisse, ou morresse.

Com um pedaço do espelho quebrado, decidi que teria que matar para salvar. Um rasgo, a garganta dele jorrava sangue, me encharcando. Não via nada além daquilo, o corpo daquele desconhecido caindo sem reação, sem vida.

— Merda, garota! – Uma figura limpa, e divertida acabou revirando o trailer, cercando o mesmo com mais de vinte e cinco homens bem treinados. Os Alexandrianos foram pegos. — Solte isso, e saía do veículo!

Sou retirada a força, e jogada ao solo na mesma intensidade. Estávamos rendidos, de joelhos e fracos.

— Isso foi emocionante, e aposto que o chefe vai adorar saber disso! Sou o Simon! – O cara de bigode se apresentou, descontraído. Não me parecia ser o mandachuva. — E agora, vocês irão conhecer o maioral, vão pagar pela bagunça e vão chorar pela vidinha miserável que carregam, a tanto tempo.

— Quem são vocês? – Rosita questionou, entre-dentes.

— Oh... Nós somos os Salvadores, e vamos salvar vocês.

Stay Alive 》Negan [REESCREVENDO]Kde žijí příběhy. Začni objevovat