🐻 primeiro 🐻

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Eu estava na lojinha de suvenir havia muito tempo. Meus pêlos âmbar estavam com uma leve camada de poeira assim como os meus olhos negros de plástico. Lembro-me de sempre ficar triste por ver os outros brinquedos serem levados e eu não. Doía ser ignorado. Tudo o que eu mais queria era ser comprado por alguém. Podia ser uma criança, eu ia adorar brincar, ou podia ser um adolescente, eu ia ficar tão contente em servir de decoração! Porém, isso parecia que nunca ia acontecer.

Eu cheguei ao ponto de achar que ia findar os meus dias ali, sozinho e pegando poeira.

Mas um dia, depois de tanto ser passado batido pelas pessoas que entravam e saíam da loja, um rapaz apareceu e veio direto na minha direção. Ele não se importou se eu estava sujo ou se o lacinho azul em volta do meu pescoço estava torto, ele me pegou em suas mãos grandes e foi até o caixa, pagando 10 dólares por mim. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.

O rapaz que me comprou não era muito alto ou muito velho. Ele devia ser um adolescente a julgar pelas espinhas em seu rosto. Ele tinha os cabelos escuros e levemente cacheados, seus olhos eram castanhos e brilhantes. Algo gritava que aquele rapaz estava apaixonado.

E a ideia de que eu poderia ser um presente para a amada daquele garoto me deixou mais feliz ainda! Aquilo era tão docemente romântico. A moça deveria ser tão sortuda.

Depois da compra ter sido efetuada, fui colocado numa sacola de compras e o menino me levou para fora dali as pressas. Eu fiquei chateado porque não podia ver nada, a ansiedade de saber o meu destino futuro começou a me corroer.

Depois de alguns minutos, eu senti o garoto parar. Devíamos estar na porta da casa de alguém, já que ouvi uma campainha soar ao fundo. Me perguntei se estávamos na casa da namorada dele. E pelo visto, isso logo eu iria descobrir, o rapaz me tirou da sacola e a guardou a mesma no bolso da calça jeans. Ele mordia o lábio inferior nervoso e apertou meu corpinho entre os dedos com certeza força. Senti a necessidade de reclamar mas fiquei quieto, afinal era tudo o que eu podia fazer.

Uma mulher mais velha abriu a porta com um sorriso radiante no rosto. Ela era loira e os olhos claros eram bondosos. Eu logo estranhei; seria ela a namorada do jovem?

— Joshua! — exclamou ela, o sorriso ficando maior ao reconhecer o outro. — Fico tão feliz em te ver! Como está a sua mãe?

O garoto, Joshua, riu forçado, ele estava claramente nervoso.

— Ela está bem, Sra. Joseph. — ele fez uma breve pausa e me apertou de novo — Tyler está aí?

Estranhei de novo. Tyler era um nome muito diferente para uma garota.

— Mas é claro, ele está no porão! Vamos, Josh, entre! — Sra. Joseph era simpática, eu gostei dela de imediato. Ela deu espaço para Josh entrar na casa e quando ele o fez, fechou a porta. — Esse ursinho é para quem eu estou pensando, uh?

Josh ficou parado na soleira da porta. Sem jeito, ele trocava o peso de um pé para o outro, a pele branca estava vermelha como um tomate. Ele assentiu timidamente e a Sra. Joseph riu.

— Você pode ir lá — disse ela — ele vai gostar de te ver.

Espera... Ele?

Eu estava bem confuso.

Josh balançou a cabeça em acordo e andou pela casa como se fosse sua. Rumou a passos largos até uma porta de madeira atrás da escada, a abriu e depois desceu outra escada que dava acesso ao tal porão. Dessa vez, ele caminhou lentamente, como se estivesse com medo da escada se desfazer sob os seus pés.

— Quem está aí? — perguntou alguém antes de Josh chegar ao fim da escada. — Mãe, eu já não disse para bater?! E se eu estivesse pelado?!

little bear ≠ joshler Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang