Capítulo dois

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Descobri a traição de Charles foi um baque muito forte, eu gostava de verdade dele, não chegava a ser amor, mas eu sentia que estava caminhando para isso, e foi duro de mais ver que ele me traia descaradamente.

Obriguei meu corpo a levantar da cama na manhã seguinte,Char e eu estamos em nosso último ano, mesmo sendo herdeira do trono, ela e ela e toda família real são muito simples, e por isso, mesmo depois do país se tornar uma Monarquia Constitucional eles ainda são adorados pelo povo. Pretendo, depois de terminado o colegial viajar com Charlotte, iremos conhecer alguns lugares que sempre sonhamos e só então, voltaremos para iniciar uma faculdade.

Depois do café sai apressada, meu pai com certeza já me aguardava no carro, onde o motorista buzinava desesperadamente e eu sei que tem dedo dele nisso.

- Robert, você não tem que atender tudo que o Sr. Alfred pede para que você faça - Disse ao nosso motorista assim que entrei no carro.

- Eu acho que devo, vou lhes contar um segredo - Ele disse sorrindo e baixando o tom de voz - Isso é o que empregados fazem, seguem ordens.

- Mas, você bem que poderia relevar não é mesmo ? Quando as ordens dele me afetarem diretamente - Meu pai sorriu por trás dos jornal ao meu lado, Robert trabalha para ele como seu "espião" particular, me vigia por onde eu vou, observa se eu não estou correndo nenhum tipo de perigo, meu pai é o homem mais super protetor de toda história.

- Não Cecília, eu não posso - Ele sorriu me encarando pelo espelho retrovisor, enquanto eu rolava os olhos e então seguimos pela rua.

- Bom, até a noite querida - Meu pai me beijou na bochecha, quando estacionamos em frente a escola, uma tradicional e enorme construção azul e dourado, que trazia nas extremidades a beleza de lindos jardins.

- Até mais papai - Desci do carro e encarei Robert pela janela do carona - Essa conversa ainda não terminou.

- Pelo tanto que conheço a senhorita, eu sei que não.

- Tchau Robert - Ele sorriu, observei o carro se afastar, seu destino agora seria o palácio de Ibéris, onde ele trabalha diretamente com o Rei, era seu amigo de infância, fiel conselheiro, companheiro e assessor.

- Então, como você está ? - Virei-me e dei de cara com Charlotte, a dona de inebriantes olhos verdes, como os meus, e o sorriso que sempre me passava calma e segurança sobre os lábios. Ela me puxou para um abraço que eu imediatamente retribui com a mesma intensidade.

- Estou bem, na medida do possível - Disse quando nos misturamos com os outros alunos e seguimos para dentro da escola.

- Não imagino como sua cabeça está agora.

- Um caos, é o que posso te garantir.

O dia no colégio não poderia ter sido pior, Charles e Victoria, sua intragável amante, estudavam conosco. Ela sorria como uma hiena descontrolada sempre que me via, nunca nos demos bem, mas ela agora poderia espalhar aos quatro ventos que eu era a idiota da vez. E quando enfim conseguia me livrar dela e de suas seguidoras, deparava-me com Charles, com olhar de cachorro abandonado, implorando para que eu o perdoasse.

Enfim o último sinal do dia bateu, caminhei com Charlotte em direção a saída de onde seguiríamos com sua escolta até o palácio.

- Cecília, por favor - Charles que já me aguardava no portão de entrada e disse assim que me avistou, trazia um enorme buquê de astromélias nos braços, uma das flores mais cultivadas em nosso país.

- O que você quer ? - Parei abruptamente o encarando da maneira mais fria que pude.

- Te pedi perdão, por favor - Disse me entregando as flores.

- Você acha mesmo que pode agir como um cafajeste e voltar no dia seguinte com um pedido de desculpas ? Pensando que tudo será como antes ?

- Não, claro que não - Ele apressou-se em dizer - Vamos conversar, eu te amo Cecília, não quero perde-la - Antes que eu pudesse responder, Victoria brotou de algum inferno muito próximo.

- Charles, nos veremos mais tarde, no mesmo lugar de sempre ? - Perguntou esganiçada muito próximo de seu rosto, no entanto alto o bastante para que eu escutasse.

- É claro, que irão se encontrar - Interferi engolindo o nó que se formou em minha garganta - E você já me perdeu Charles, sua traição foi a prova de que esse amor que você diz sentir, jamais existiu.

Empurrei as flores nos braços de Victoria e caminhei o mais rápido possível para longe dali.
Apesar de sentir uma forte angustia dentro de mim, eu não consegui derramar uma lágrima desde que descobri tudo, o que me domina é só a vontade de me vingar.

Segui com Charlotte até o palácio, caímos na cama em seu quarto, era hora de colocar nossas cabeças para funcionarem.

- Eu preciso fazer alguma coisa com o Charles, caso contrário eu vou explodir.

- Vamos pensar em alguma coisa - Ela disse franzindo a testa e jogando o celular de lado em seguida.

- O que houve ? Quem mandou mensagem ? - Perguntei buscando o aparelho e soltando uma gargalhada em seguida - Bryan Chester ? Ele acha mesmo que vai te conquistar dizendo que te ama ?

- E olha que nunca trocamos mais que dois beijos - Rolou os olhos - Só porque é capitão do time de basquete, acha que estou interessada, e pior que estou apaixonada.

- Logo Charlotte Rousseau, dona do coração mais gelado do que toda neve que já caiu em Ibéris, apaixonada ? Ele não a conhece mesmo.

- Não seja tão radical, eu só não faço parte dos que se apaixonam e ficam loucos para viver romances, eu não nasci para isso, só quero viver em paz e sem mais preocupações.

- Eu estou nessa estatística.

- É, você está - Ela sorriu me olhando de relance.

- Obrigado por me lembrar o obvio, sua alteza - Disse fazendo cara de paisagem, mas recebi o travesseiro no rosto em seguida.

- Não me chame assim - Sorri e me sentei na cama.

- Vamos lá Char, precisamos traçar nosso plano. Preciso de armas, munição, granadas - Enumerei nos dedos, enquanto Charlotte sorria.

- Para com isso, não vamos tortura-lo, vamos humilha-lo - Disse dando um sorriso, acompanhado de um olhar que faiscava cumplicidade, e então eu compreendi que ela já havia pensado em algo.

E assim, tudo foi acertado, uma grande armadilha para Charles dali a dois dias, no baile real Iberiano, onde será comemorado o aniversário de 25 anos de casamento do Rei e da Rainha.

Durante o jantar meu pai questionou sobre o meu namoro, Robert já deve ter lhe contado que eu e Charles não nos encontramos depois da escola como de costume.

- E então minha querida Cecilia - Bebericou de seu vinho e me encarou - Como vai seu namoro com o filho do Phillip ?

Meu pai nunca aceitou muito bem o meu namoro com Charles, ele e o Rei Arthur tem uma rixa bastante antiga com Phillip Leroy, e foi um grande custo faze-lo entender que nós ficaríamos juntos com ou sem o consentimento dele. Mas, agora nada disso importa.

- Não tem mais que se preocupar com isso - Dei uma pequena garfada em meu praticamente intocável jantar - Eu e Charles terminamos.

- Terminaram ? - Ele e Beatrice me encararam, continuei com o olhar baixo e assenti levemente - O que aquele, o que ele aquele moleque fez com você ?

- Calma querido - Beatrice disse tocando sua mão.

- Nada pai - O encarei - Ele não fez nada, tá bom ? Deixa comigo , eu posso resolver isso.

- Resolver o que ? - Perguntou com cautela - O que você está apronta Cecília Bouvier ?

- Nada, não estou aprontando - Me levantei - E quer saber, o senhor tinha mesmo razão, a família Leroy é realmente digna de pena.

Caminhei de volta até meu quarto e me preparei para dormir, dali a dois dias eu teria a minha vingança, vou mostrar ao Charles que ele mexeu com a garota errada.

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