Contos

Capítulo três

Na manhã do baile real, um luminoso sábado de verão, marquei com Charles para nos encontrarmos, fazia parte do plano fingir perdoa-lo eu precisava persuadi-lo a fazer tudo que eu queria naquela noite.

Caminhei pelas ruas, que estavam mais desertas do que geralmente são, Ibéris é uma linda cidade histórica, não é por acaso que é a capital do nosso país, seus antigos conjuntos arquitetônicos mesclam-se a moderna capital que vem tomando forma constantemente.

Segui tranquilamente pela sinuosa calçada de pedras que me levaria ao meu destino, uma belíssima praça no meio da cidade, Charles sugeriu que fosse ali o nosso encontro, ele sabia o quanto eu adorava o lugar, cheio de árvores e flores, tranquilo e encantador.

Ao longe vi que George caminhava em minha direção, e como de costume a palpitação incontrolável em meu peito e a sensação de que borboletas estavam usando meu estômago como pista de vôo, sempre que eu o via, logo se iniciou.

- Cecília - Ele me cumprimentou parando a minha frente, seu sorriso de canto era como uma linda pintura, e eu poderia passar horas e horas olhando pra ela sem que me cansasse - Como vai ?

- Olá George - Sorri sentindo-me extremamente nervosa - Eu estou bem e quanto a você ?

- Estou bem - Nos encaramos por alguns segundos - Soube que você terminou o namoro. Charlotte tem mesmo a lingua solta, foi correndo contar ao George o que aconteceu.

- Ah, você soube - Disse pouco a vontade - Char...

- Charlotte - Dissemos ao mesmo tempo - Sempre torci pra que esse namoro terminasse.

- Você torceu ? - Perguntei levantando o olhar para encara-lo.

- É, a fama dos Leroy não é a das melhores - Senti meu rosto corar instantaneamente, sou mesmo tola em pensar que ele torcia pelo fim do meu namoro apenas porque sentia ciúmes de mim.

- Ah - Sorri amarelo, por cima do ombro de George vi Charles se aproximar - Bom, eu preciso ir agora, até mais George.

- Você vai ao baile não é mesmo ? - Corri meu olhar de sua mão que segurou levemente o meu pulso, até seu rosto.

- É claro - Sorri - Eu não perderia por nada.

Aproximei-me de Charles, o mesmo não estava com uma feição nada agradável e eu sabia bem o porque.

- O que ele queria com você ? - Ele sempre teve ciúmes do George, a resposta mais desagradável que eu pude pensar quase escapoliu, mas eu precisava me conter, coloquei o sorriso mais falso que consegui e o abracei.

- Ele não queria nada importante.

- Que bom que você está aqui - Ele sussurrou apertando nosso abraço -

- É, muito bom.

- Eu quase não acreditei quando recebi sua mensagem dizendo que queria me encontar - Charles disse quando caminhamos até um dos bancos que se espalhavam pela praça.

- Eu acho que fui muito precipitada na minha decisão - Disse encarando as árvores a minha frente - Talvez eu devesse te dar uma nova chance.

- Você está falando serio ? - O encarei e assenti levemente.

- É, você merece o meu perdão Charles - Eu posso está senso um tanto quanto cruel, mas ve-lo sorrindo e acreditando que realmente tinha o meu perdão me deixou extremamente bem, eu não tenho o espírito elevado e eu pagarei todo o mal que ele me fez, da forma mais fria que eu puder.

- Você não vai se arrepender - Ele sorriu segurando meu rosto em suas mãos - Eu amo você Cecília, e vou fazer por merecer esse perdão - Então ele me beijou, senti a ânsia de vômito subir por minha garganta, mas me contive e com repulsa, retribui.