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Acordo com os gritos das galinhas,gemo e me levanto,meu corpo está dolorido pela luta corporal que tive com Rusher ontem.

Me sento na cama e passo as mãos pelo cabelo, vim até essa fazenda a procura de paz e só o que encontro aqui é confusão.

Sonhos com fogo,as crises de humor de Rusher e agora o ódio de Vanessa,bufo e me levanto da cama indo até o banheiro.

Me alongo na frente do espelho,sorrio para mim mesma prometendo que hoje o dia vai ser melhor.

Faço a minha higiene e tomo um banho rápido,visto uma calça jeans e um moletom, coloco minhas botas e desço.

Não há ninguém na mesa,franzo a testa e vou até a cozinha,Edite está lavando a louça.

-Oi Edite.Digo e sorrio.

-Olá minha querida,acordou tarde hein?

-Acordei?

Digo e olho para o relógio pendurado na parede já são 9 da manhã,minha nossa,sorrio para Edite tentando me desculpar.

-Foi mal Edite, é que ontem dormir um pouco tarde depois do pesadelo.

-Outro?,você está bem querida?.Ela toca em meu rosto e franze a testa me analisando.

-Estou bem,não se preocupe.Digo e sorrio,me sento na cadeira,a mesma de ontem,hora que colocar meu plano em ação,preciso descobrir mais sobre Rusher.

-Então,você está aqui com Rusher a muito tempo?

-Sim,desde que ele nasceu,os pais dele morreram em um incêndio terrível,ainda lembro de quando eu fui comprar algumas frutas, rusher estava em uma reunião discutindo alguns preços de sua mercadoria, voltamos juntos para a fazenda e então vimos o fogo por toda parte.

-Nossa,essa eu não sabia.Balanço a cabeça pensando em um homem sem o calor da mãe ou do pai, apreendendo a viver só com a babá só com a babá,ah Rusher.

-Pois é querida,Rusher viveu e vive até hoje sem a presença dos pais,se tornou um homem honrado,cresceu com muito amor por minha parte.

-Por que ele não foi morar com algum parente mais próximo?

-Ninguém quis ficar com ele, achavam que ele já estava velho demais,que tinha que viver sozinho,o achavam sem futuro por nascer numa fazenda,então acharam uma maravilha quando eu pedi para cuidar dele.

-Mas minha família fala tão bem dele.Digo não entendemos,por que os Clarke o renegaram?será mesmo que foi por preconceito?

-Falam bem por que meu menino tem dinheiro e muito e pensam que podem tirar algo dele,mas Rusher não quer saber deles,tem muita mágoa.

-Imagino,sabe... Rusher ontem me falou que não está aberto para...bem...um relacionamento sério,você sabe o motivo?

Edite me olha e fica pálida,ela sabe,deve saber,não ficaria assim se não soubesse,ela enxuga as mãos e vem até mim.

-Falou é?

-Sim,e fiquei curiosa,você sabe ou não por que ele não quer se relacionar de novo?

-Sei.

-Então?

-Não posso contar Suzana,é íntimo e pessoal,não estou autorizada a falar.

-Mas eu não conto para ninguém,eu juro.Digo e mordo meu polegar,minhas manias estranhas.

-Não posso contar menina,não mesmo,por que não pergunta a ele?

-Aposto que Vanessa sabe.Digo com certa amargura.

-Vanessa não sabe de nada e nem vai saber,ela não conseguiria manter a boca fechada.Ela sorri.-Você não precisa saber.

-Tudo bem.Me lavando e saiu da sala escutando Edite me chamar,sei que fiz errado em deixar ela sozinha,mas não posso olhar para ela agora,estou com raiva e não quero descontar nela.

Caminho por entre a varanda,preciso desabafar,mas não há ninguém, Vanessa passa pela minha cabeça,mas faço careta,não,de jeito nenhum.

Desço as escadas da varanda e caminho pelo jardim,o sol está no céu,mas nuvens de chuva se aproximam,o vento ruge em meu ouvido e começo a caminhar pela estrada principal,olho ao redor e vejo Vanessa cuidando das flores,desde que cheguei ela só faz isso,me afasto e caminho indo em direção aos estábulos,entro e logo sinto o cheiro de fezes,tento prender a respiração e vou até o garanhão negro,o olho e me sinto mais calma,aproximo minha mão e toco em seus pêlos,ele relincha e sorrio,continuo acariciando ele.

-Sabe bonitão,queria ter a sua vida boa,mas não posso.Digo e me sinto estranha por falar com um animal,olho para os lados tentando ver alguém,mas Vanessa está longe demais e não há sinais de Rusher.

-Deve ser muito legal ser um cavalo,só comer e dormir e acasalar,e correr por aí.Digo e faço uma careta.-Ah é,também tem gente que monta em você e te batem,bem,pensando melhor não é legal não.

Ele relincha mais uma vez e inclina sua cabeça em minha mão,olho para os cavalos ao redor que nos olham curioso,continuo fazendo carinho nele.

-Quem sabe depois eu passe aqui e te dê algumas cenouras ham?,e a vocês também,não vou me esquecer.

Sorrio e me afasto dele saindo do estábulo,caminho até chegar aos porcos,ando devagar por eles ainda com medo de cair feito aquela vez,aceno para eles.

-E aí?,como vão?,eu só estou de passagem.Digo sorrindo e assim que estou livre da lama solto um suspiro.
Ando mais um ouço pela grama alta,alguém precisa aparar isso aqui é espero que não seja eu,então chego no galinheiro,pego a cesta que está do lado de fora vazia,ninguém veio pegar os ovos.

Bufo e entro no galinheiro,as galinhas assassinas estão lá me olhando, observando cada passo que dou.

-Fala meninas,olha sei que não começamos bem,mas que tal fazermos as pazes ham?,não quero brigar com vocês toda vez que vim pegar os ovos.Digo e me sinto a mais idiota das pessoas,estou falando com galinhas,galinhas.

Elas não fazem nenhum movimento,me ajoelho e olho para ela.

-E então?,não façam essa cara,eu só vou pegar uns ovinhos,vocês colocam todo dia,não vão se importa não é?

Tento pegar um ovo,mas a dona dele tenta me bicar,a olho fazendo uma careta.

-Olha aqui sua nanica eu estou cheia,tenho sonhos estranhos que me fazem acordar no meio da noite,tem uma mulher que não gosta de mim e um cara que é gostoso e totalmente confuso,uma hora me beija e na outra diz que não pode,ah,estou farta,e ainda tem meus pais que não dão sinal de vida e acabei perdendo contatos com minhas amigas e bem sei se elas são minhas amigas e nem sei se ainda tenho emprego e não vou começar uma guerra mundial com vocês,então saiam daí ou Rusher vai ter muitas galinhas para o jantar.

Grito e elas saem correndo pela porta,indo para bem longe de mim,sorrio vitoriosa e começo a pegar os ovos.

Não acredito que conseguir,venci a guerra,pelo menos as das galinhas.

Com a cesta cheia de ovos e saiu do galinheiro finalmente respirando ar puro sem cheiro de galinha.

Uma risada ecoa atrás de mim e me viro a tempo de ver Rusher com os braços cruzados,com um sorriso no rosto.

-É impressão minha ou você estava discutindo com as galinhas?

A Fazenda Rusher - Livro Único (CONCLUÍDO/SEM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora