TRAUMAS

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Ele entrou feito um furacão, deixando tanto Cadu quanto Benício assustados. O estrondo que aquela porta fez ao bater na parede da antiga sala de calouros, ainda ecoava por todo aquele ambiente.

Ele era jovem, alguns anos mais velho que Ben com certeza, mais ainda um rapaz. Movido por uma estranha agitação, talvez um sentimento de fúria.

- Isso é maneira de chegar e falar Allan? - Perguntou Cadu que não havia se acuado ao rompante do rapaz.

Allan, esse era o nome do projeto de furacão. E que furacão era aquele, Ben agora passando o susto começa a prestar atenção nos muitos atributos do rapaz.

- Você sabe perfeitamente o porquê disso- Allan percebendo a presença de outra pessoa na sala decide falar entrelinhas, ainda assim não tira os olhos de Cadu- você não tinha o direito de fazer o que fez.
- Allan, nós vamos conversar, mas essa não é a melhor hora. A propósito esse é o Benício, o rapaz que você deixou muito assustado com essa sua aparição um tanto que desnecessária.
- E quando vai ser a melhor hora?
- Allan, o Benício está com a mão estendida para você- Cadu deu um novo corte no rapaz o deixando bastante constrangido.

Allan pela primeira vez olha para Benício, e o olha mesmo, fazendo uma análise completa, com intensidade, agora é Benício que fica constrangido.

- Mal aí cara, prazer sou Allan, Allan Falconi- Estendendo a mão para Ben.
- Benício- O rapaz não consegue sequer completar a frase com o sobrenome, nem falar do apelido, tamanha a força daquele aperto de mão. Ben nunca foi um rapaz muito delicado, porém jamais entendeu o fato de homens precisarem de tanta força nos cumprimentos. É um aperto de mão como agora, um abraço quase fraturando a caixa torácica e os tapas pesados nas costas.

- Mas então, quando será a melhor hora professor Carlos Eduardo?

Ben pode sentir a ironia no ar.

- Benício, você pode me deixar agora sozinho com o Allan.
- É claro professor, desculpa não queria ser inconveniente.
- Calma rapaz, você não está sendo- Respondeu Cadu.
- Vou indo então, vai ficar tudo bem né? - Perguntou aos dois.
- Pode ir tranquilo Benício- Novamente respondeu Cadu.

Ben pensou em se despedir de Allan, mas achou melhor sair sem falar nada, tendo em vista que o rapaz não era um grande exemplo de educação. Mas acabou se surpreendendo.

- Até logo Benício- Ben que já estava na frente da porta, olhou para trás e encontrou Allan atento esperando sua resposta.
- Até

Benício ficou muito curioso com aquela situação toda, mas resolveu não pensar mais naquilo. O problema era esse, conseguir de fato não pensar. Quem aquele cara pensava que era para chegar daquela forma, tentando intimidar as outras pessoas? E por que Cadu ainda assim quis falar com ele?

Ficou remoendo aquela história e teve dúvidas se realmente tinha sido uma boa ideia deixar o professor sozinho com aquele troglodita. Pensou também em como Allan era bonito, muito bonito na verdade, corpo moreno esculpido em muitas horas de treino com toda a certeza, utilizava o cabelo cortado estilo militar, barba serrada, vestia uma camisa preta apertada dando volume ao seu peitoral e uma calça jeans escura. Tinha possivelmente um metro e oitenta de altura. Nos pés um tênis que deveria ter custado um mês de aluguel de Benício.

Ficou boquiaberto ao perceber que em cerca de cinco minutos conseguiu reparar tanta coisa no rapaz, se Allan não estivesse tão interessado em acertar contas com Cadu, teria percebido o fato de ter roubado a atenção de Ben.

Naquela tarde Benício resolveu almoçar na faculdade, iria começar a procurar um emprego naquele dia mesmo. Enquanto comia recebeu uma mensagem de Tereza, ela soube do interesse do amigo em trabalhar e resolveu dar uma mão pedindo ao noivo Thomaz para tentar uma vaga para o rapaz na academia que trabalhava.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Where stories live. Discover now