quatre

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Em um estado de lenta aceitação, que culminou a última hora em que Harry organizou sua prateleira de livros, ficou fazendo exatamente nada em seu celular, lendo matérias aleatórias e por fim reconhecendo a negação, ele passou os últimos dez minutos parado em frente ao arquivo em branco, as tentativas de escrita que no fim foram deletadas sem um segundo questionamento.

Harry suspira, seu cotovelo sobre a mesa e seu rosto apoiado em seu punho, a posição que mais tarde lhe trará dores nas costas, mas que agora ele não encontra razão para se importar. Não é um bloqueio. Ele sabe exatamente o que escrever e as últimas tentativas foram decentes – mas quando ele as relê, ele não sente nada.

São apenas palavras, vazias, que não lhe refletem nada.

Sentando-se em uma posição mais inclinada e apoiando as costas contra a cadeira, ele cruza os dedos em sua nuca e se deixa olhar ao redor. Sua mesa está relativamente arrumada, a tela do seu notebook ficando escura pelo tempo sem uso e as cortinas brancas balançando, o céu nublado ante o verde das vinhas e é onde Harry olha fixamente.

A noite passada é fresca em sua memória; assim como em seus olhos inchados e avermelhados, a garganta incômoda e o sentimento em seu peito ao qual ele não conhecia a sete anos. A chuva começa a cair, o vento balançando as cortinas e carregando gotas para o interior do quarto.

Com algumas gotas ainda frescas sobre sua face, Harry se inclina e fecha as janelas, a chuva rapidamente escorrendo pelo vidro e o exterior tornando-se embaçado. Com o som da chuva contra as telhas e as folhas lá fora, o cheiro da terra recém molhada e Zayn cantarolando enquanto anda pelo corredor, Harry fecha o arquivo e abre um novo.

Sem hesitar, perder minutos pensando em como começar o capitulo ou essa nova estória - Harry começa.

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Harry olha para a frente fixamente, algum filme que ele não realmente esteve prestando atenção na TV. Ele quase pode sentir a força do olhar de Zayn em sua direção.

Ele não o culpa, realmente. Os últimos dias passaram com chuvas, coincidentemente combinando com o humor de Harry, o que significa que ele fala bem menos e passa mais tempo com seus livros e escrevendo, não dando espaço para Zayn quando ele ainda busca o seu próprio.

Talvez conversar seria uma boa ideia, e ele confia em Zayn o suficiente para isso. Mas ele ainda não está pronto, e ainda tem medo. Harry gostaria de falar sem mencionar o quanto doí, buscando um espaço onde ele possa cuidar das feridas sem reabri-las e nomear a dor sem convidá-la de volta. E enquanto ele não pode, ele escolhe o silêncio.

Zayn comenta algo sobre o filme e Harry concorda distraidamente, seus olhos se atraindo para as janelas quando um trovão ressoa alto e longamente.

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Harry sai do quarto a passos rápidos, indo para a cozinha e seguindo novamente pelo corredor até a sala quando a encontra vazia. Ele olha para o cobertor e travesseiros sobre o sofá, franzindo sua testa quando não encontra Zayn, mas percebendo o som do chuveiro e voltando ao corredor.

- Porra! – Zayn grita assim que Harry abre a porta, uma touca de banho amarela em sua cabeça e segurando a cortina de flores contra seu corpo. – Harry, que diabos?!

- Eu não sei o que fazer, okay? – Harry começa, apoiando-se contra a pia. – Em relação a Louis, quero dizer. Ele me magoou e eu o odeio? Sim, mas as vezes é tolerável estar do lado dele e eu só percebi que todas nossas brigas partiram de mim, o que é compreensível, mas ainda sim... – Harry hesita, seus olhos se alargando ao que ele chega a uma conclusão: - Você acha que eu estou vivendo no passado?

Clair de Lune • l.s.Where stories live. Discover now