huit

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A chuva corre pelo vidro, constante, ofuscando o exterior nublado de Londres. Harry olha pela janela, o táxi suavemente deslizando pelas ruas, o frio e a chuva torrencial deixando mais que claro que ele não está mais na França.

A porta do seu apartamento bate a suas costas, sua mala caindo ao seu lado em um baque surdo. Gotas frias de chuva escorrem pelo seu rosto, suas roupas úmidas e ele treme ligeiramente, rapidamente indo até o termostato e ajustando o calor do apartamento. A chuva continua caindo fora do seu apartamento, a extensão do céu cinza quando Harry para na mesa em frente à janela.

Cercado pela familiaridade das muitas prateleiras cobertas de livros, mobília e decoração simples e aconchegante, os três meses que se passaram desde que ele esteve ali parecem terem se estendido além disso, o sentimento não harmonizando com o espaço-tempo real.

Deixando suas roupas no banheiro, ele leva a sua mala para o quarto. O Morro dos Ventos Uivantes está no topo das roupas, o peso familiar em suas mãos e a mesma textura na ponta dos dedos, caminhando até uma das prateleiras e o colocando entre tantos outros, não olhando para trás quando se vai.

Uma reunião com sua editora foi o que o trouxe de volta em primeiro lugar. Com certa expectativa em torno do seu novo livro, este encontro acrescenta ainda mais ao nervosismo característicos, principalmente ao fato de que o livro original é um arquivo a muito não aberto em seu notebook, o novo em que apesar de até o momento ser o que ele mais apreciou escrever, pode causar discordâncias. Ele sai para a chuva, seu casaco apertado em torno de si e seu caminho preenchido de expectativas.

Horas mais tarde, Harry retorna para o seu apartamento, um sorriso no rosto e seu primeiro instinto é pegar seu celular, o contato de Louis selecionado e prestes a chamar quando ele se dá conta. Mordendo o lábio inferior, ele hesita. A reunião foi mais que boa, e ele sente esta expectativa borbulhando, de que em breve seu novo livro estará impresso, ao alcance do seu toque e real. Ele pressiona o símbolo e começa a chamada, dois toques antes que a voz de Louis ecoe:

- Olá Haz! Como está Londres?

- Hm, chuvosa. – Harry responde, sentando-se em uma das poltronas da sala, seus olhos nas janelas onde a chuva continua a cair, silenciosa e calma. – Você está ocupado?

- Não. – Ao fundo soa como vozes a distância, passos e então uma porta batendo-se. – Então, como foi?

- Vão publica-lo. – Harry não pode conter o sorriso em sua voz, a exclamação que Louis solta do outro lado lhe tirando uma risada, felicidade em seus traços enquanto ele mexe distraidamente na almofada em seu colo. – Okay, era somente isso. Volte para o trabalho.

- Eu não estou trabalhando. – Louis zomba. – Mas, de qualquer modo, meus parabéns. Estou feliz por você, realmente, vai ser um ótimo livro!

Harry suspira, abraçando a almofada contra seu peito enquanto sem querer, seus pensamentos dispersam para uma outra época, quando ele e Louis ainda eram algo e inseguro com sua escrita, Louis apenas imprimiu uma cópia de um conto que ele havia escrito e mandou ao jornal da universidade sem ele saber. É quase doloroso as lembranças de Louis o beijando, sussurrando coisas quando uma semana depois ele conseguiu uma matéria do que foi o começo de tudo onde ele está agora.

- Obrigado. – Harry murmura, encolhendo-se em seu sofá, o som da chuva mais forte contra as janelas reconfortante enquanto distante demais Louis murmura contra seu ouvido. – Tchau, Lou.

xxx

O sol brilha através das janelas, o deslocamento de uma nuvem proporcionando o breve momento, os raios amarelos e quentes pousando sobre onde Harry senta-se em seu sofá. Ele observa o brilho amarelado contra a sua pele, sua atenção facilmente levada por algo tão ínfimo.

Clair de Lune • l.s.Where stories live. Discover now