I-Conjunção.

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BRASIL, 2018. NARRADO POR UM DESCONHECIDO.

As relações nascem de diversas maneiras, podem nascer por um cruzar de olhar, por vezes alguém vai te apresentar alguém com quem você terá este futuro relacionamento. Mas relacionamentos podem sim nascer por meio da internet e ser à distância, basta apenas que haja entrega.

Um amor nasceu entre os dois, e como o ditado popular diz, os opostos se atraem. O vilão da nossa história é a própria vida, e os caminhos que ela leva. Lembrando que amar é se relacionar com outra pessoa criando laços invisíveis a olho nu, algo que os unem independentemente do que acontecer, e também é se comprometer a estar ao lado uma da outra nos dias bons ou ruins.

— Não fuja do seu destino! — Foram as últimas palavras que Aline escutou de sua mãe, antes de morrer de complicações do câncer.

Ao perder a mãe, com apenas quinze anos, e com seu pai trabalhando ainda mais para sustentar ela e o irmão, ela se tornou uma mulher forte, que espera muito de suas relações, e que ama intensamente. Aline decidiu então entrar em um aplicativo de relacionamentos, e conheceu um homem que lhe chamou a atenção, maduro e confiante de si, ele mostrou o que era apoio e a garota rapidamente se apaixonou. Porém, este homem morava em São Paulo e ela em Manaus. Eles tinham uma diferença de idade de dez anos e por isso, ela tinha a certeza que o relacionamento não seria aceito e decidiu esperar fazer dezoito anos para ir embora de sua cidade natal e ir viver com ele, sem que ninguém pudesse interferir na sua vida.

— Apenas aproveite o tempo! - Foram as últimas palavras escutadas por Víctor de sua Avó, que o criou, antes de ele ir para o trabalho e quando voltou ela havia morrido devido a um infarto.

Victor é um advogado com uma carreira de sucesso. Ele é autoritário e gosta de ter a situação a seu poder. Ele acreditava ter quase tudo e foi esse quase que ele quis completar quando entrou em um aplicativo de relacionamento. Neste aplicativo ele conheceu uma garota menor de idade, que poderia dar muita dor de cabeça para ele, porém foi por ela que ele criou um sentimento.

Era manhã do dia vinte de agosto, o tempo estava nublado e chuviscava, e além disso a temperatura estava amena, aquele era o dia em que Aline completava os seus dezoito anos. Ela que já vinha se preparando a alguns dias, acordou mais cedo do que seus familiares, e com uma mala de viagem com seus pertences mais importantes organizados, ela saiu pela porta sem dar adeus a ninguém.

A garota pegou um táxi e foi para o aeroporto, mas antes ela pediu que o taxista passasse na igreja. Ele seguiu a ordem e Aline entrou na igreja enquanto ele aguardava no carro. Ela então foi até o canto da igreja, onde as velas queimavam.

— Deus, só você sabe como eu sofri, mas você me ajudou nos momentos mais difíceis e me fez perceber que o tempo melhora feridas. Estar sem minha mãe foi muito duro, e talvez você tenha colocado Víctor no meu caminho, eu estou jogando todas minhas fichas por ele, então eu te imploro que me ajude, que me dê o final feliz que eu realmente mereço. Faça por mim, o que você não pôde fazer por minha mãe. — Depois de falar isso, sussurrando na igreja vazia, Aline aproveitou e rezou o pai nosso, e voltou ao táxi.

Depois de chegar ao aeroporto, ela passou pelas etapas para embarcar no voo e estava no corredor se encaminhando para o avião.

— Isso não é um adeus, eu iriei voltar, mas agora é hora de eu ter uma vida nova! - Sussurrou Aline, para que ela mesma escutasse, apesar da grande expectativa para chegar em São Paulo, o medo a despertava cautela. A garota que estava prestes a ir para São Paulo, não era muito segura de si, ela era oriental, e não tinha grandes referências na mídia de pessoas parecidas com ela. Desde cedo sua mãe havia lhe ensinado que a aparência é só questão de pontos de vista, e foi com ela que Aline aprendeu a confiar em si mesma.

O voo demorou cerca de três horas para chegar a São Paulo, Aline ficava cada vez mais agoniada e desconfortável, então se distraiu durante o voo com sua lista de músicas e alguns jogos do seu celular. Com o crescimento do medo, ela começava a se questionar se estava fazendo mesmo a coisa certa.

Já em solo paulista, ela desceu do avião. Durante o desembarque pegou a mala e se dirigiu à área em que as pessoas estavam esperando. Víctor estava esperando aflito pela demora. Quando Aline saiu e ele viu a menina por quem desenvolveu um sentimento confuso, a garota com quem ele passava horas falando, ele ficou estático. Ela correu na direção dele, o abraçou e aconteceu como se os dois levassem um choque. Sem trocar nenhuma palavra, eles se beijaram e não havia como explicar o que estava acontecendo naquele momento. Ela não conseguia largar ele e nem ele conseguia largar ela.

— Eu te amo! — Disse ela em um ato precipitado se derretendo por ele. O medo que ela estava sentindo já havia se esvaído, ele não era diferente das fotos e das vídeo-chamadas e não parecia ser um estuprador, muito menos um louco. — Eu esperei tanto por este momento, que não acredito que ele está mesmo acontecendo.

— Não se preocupe, está mesmo acontecendo, eu te... — Ele queria dizer que a amava, entretanto, as palavras não saiam.

— Não precisa dizer, eu sei que é difícil para você dizer isso! — Disse Aline ainda muito extasiada. Ele não havia explicado direito por que tinha medo de relações, só havia dito por cima.

— Eu gosto muito de você e isso é verdade, você sabe, mas agora vamos... Quero que conheça nossa casa! - Disse ele com um sorriso no rosto e ela retribuiu esse sorriso com um selinho.

— Como foi a viagem, é bom viajar de primeira classe? — Perguntou Víctor com um sorriso no rosto, enquanto se dirigia para o estacionamento.

— É bom sim, mas você sabe que não precisava comprar aquela passagem para mim! — Disse Aline, tímida.

Os dois foram juntos para o carro que aparentemente era de Víctor, conversaram pouco, mas mostravam uma incrível sintonia. Ela não largava a mão dele, e eles foram para o apartamento.

— É aqui que você mora? — Aline disse, admirada. Ela estava olhando o luxuoso prédio, e ficou boquiaberta, já que não estava acostumada com luxo.

— Sim, você gostou? — Disse ele com um meio sorriso entre os lábios. Víctor já estava acostumado com o luxo, ele havia nascido em uma família rica, entretanto disfuncional.

— Se eu gostei? Achei incrível, você nunca me disse que morava em um lugar tão luxuoso. — Disse ela, impressionada.

— E olha que você ainda não viu nosso apartamento por dentro, espero que você goste da decoração. — Depois disso os dois passaram pela portaria e entraram no elevador.

Os dois subiram no total silêncio, sem trocar palavras. Quando o elevador se abriu, só havia uma porta, que era a do apartamento de Víctor. Ela estava surpresa com o luxo que era a vida dele, mas também estava com vergonha por não ter o mesmo estilo de vida. Naquele momento ela refletiu se aquilo não seria um problema.

— Este é meu apartamento! — Disse Víctor, abrindo a porta e Aline deu um longo suspiro.

Destinado a AcontecerWhere stories live. Discover now