Capítulo Treze

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Dizendo Adeus


*SAKURA

Acordo sem saber onde estou.
Sento rapidamente e minha cabeça gira, fecho os olhos e espero que o mundo pare de rodar até abri-los novamente. Minha boca está com o aspecto de pergaminho seco, olho ao redor procurando um copo com água.
Agora que estou situada, sei que estou na casa de Sasuke, mas não no meu quarto.
Sei disso porque meu quarto é bem mais desarrumado. Já esse... Bom, é impecável.
Livros estão empilhados na estante por gênero, os poucos objetos de decoração estão limpos e lustrados.
Uma espada longa e uma kunai estão penduradas na parede atrás de mim.
Não consigo distinguir muita coisa pois a janela está quase fechada, deixando o ambiente em meia luz.
Em cima da cômoda vejo um copo com água. Até o copo com água estava com um porta-copos em baixo.

- Esse definitivamente não é o meu quarto. - murmuro baixinho para mim mesma antes de pegar o copo com água.

- Realmente, não é mesmo. - diz uma nova voz vinda da escuridão.

Levo um susto e deixo o copo com água cair. O copo cai derramando água em todo tapete perto da cama.
Fico olhando de boca aberta enquanto Sasuke entra em meu campo de visão, lindo e belo. Poxa, será que aquele cara nunca fica feio? Ele também não facilita.
Sasuke vem em minha direção e eu fico imóvel, acompanhando seu processo com olhos arregalados. Ele para ao lado da cama, pega outro copo, enche de água e o entrega a mim. Com um pouco mais de lerdeza que o necessário, pego o copo.
Ele se vira e senta na cabeceira do lado oposto da cama, como se quisesse ficar o mais longe possível de mim. Isso me entristece um pouco.
Bebo um gole de água, mas de repente ela não parece ter o gosto tão bom.
Ficamos nesse silêncio angustiado por uns três minutos antes de ele falar.

- Do que você se lembra? - Ele pergunta.

Ergo os olhos do copo com água e olho para ele, mas não o vendo completamente.
Casa de Shita, Sasuke chegando, uma discussão, uma notícia, um porco com uma maçã na boca, e então...

- Papai... - meu lábio inferior treme e meus olhos enchem de lágrimas. Como pude me esquecer disso? Pelos Deuses, como pude esquecer que meu papai...
Solto um soluço nada feminino, e cubro minha boca com as mãos.

- Sakura, eu... Eu, sinto muito. - Sasuke diz com a voz contida. Parece ter muita dificuldade em dizer essas palavras.

- Por favor, me deixe sozinha. - eu digo entre soluços e fungadas. - Por favor, eu...

Sasuke se levanta, mas em vês de sair, ele senta ao meu lado. Não muito longe, mas também não muito perto. Ele estende o braço e pega na minha mão. Ao primeiro contato a única coisa que percebo é que suas mãos são geladas. A segunda coisa que percebo é que não tem nada de romântico no seu gesto. É um gesto amigável. Fraterno até.
Não sei porque, mas gostei disso.
Ele fica lá, calado, apenas segurando minha mão enquanto eu me acabo de chorar.
Não me pergunte o porque, mas isso faz eu me sentir melhor.

* * *

O enterro não foi muito grande.
Muitas pessoas foram até lá para ver o que tinha acontecido, e não pelo meu pai. Isso me deixou irritada, mas não podia começar uma cena. Não com minha mãe do jeito que estava. Meu pai era o mundo da minha mãe. Um completava o outro. Nunca os vi sequer brigando. Faziam piada de tudo, um completando as frases do outro e no final, riam como dois bobos.
Não sei se minha mãe voltaria a sorrir um dia.
Ela estava com sua roupa fúnebre recebendo educadamente os convidados em nossa casa, mas simplesmente não parecia certo ela estar ali, sozinha.
Meu pai deveria estar ali, ele deveria estar ao seu lado.
Conversas vem e conversas vão, pessoas choram, outras me abraçam forte, e até pessoas que mesmo não conheceram meu pai estão ali, para nos dar força nesse momento tão difícil.
Por fim, ficam somente os íntimos.
Naruto está em um canto conversando com Sasuke, Choji e Shikamaru estão na mesa de aperitivos. Hinata, Tenten, Temari e Ino estão perto da janela conversando baixinho. Imagino que estejam falando sobre a nova vida de casada.
Lee, Shino, Kiba e Sai estão em missões e Gai e Kurenai já passaram por aqui. Kakashi-Sama infelizmente ficou preso no trabalho com burocracias e não pôde vir, mas mandou uma cesta de frutas e um cartão se desculpando e dizendo que mais tarde apareceria por aqui. E só os Deuses sabem onde Tsunade- Sama e Shizune estão.
Fico um pouco sem saber pra onde ir, mas nesse momento, minha mãe chega perto de mim e me chama pra conversar. Rapidamente vamos até meu quarto e minha mãe fecha a porta. Suas mãos tremem levemente e tem mexas grisalhas no seu belo cabelo cor de caramelo que, com certeza não havia antes. Seus olhos estão vermelhos e um pouco inchados, além das olheiras, como se ela não conseguisse dormir. Talvez porque passou a noite toda chorando. Compreensível. Eu também não aguentaria se o amor da minha vida morresse de um soluço.
Minha expressão deve ter mostrado a minha preocupação, porque ela olha para mim e dá um pequeno sorriso.

Sasuke e Sakura - A História Nunca ContadaWhere stories live. Discover now