26. Laços

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Megan prendeu o ar e mergulhou na banheira que até então nunca havia usado. Depois de serem deixados na oficina, cada um pegou seu carro e foi para casa. Sean não insistiu em ter a conversa com ela, na verdade foi o primeiro a sair.

Ela expirou, ainda submersa, soltando bolhas e então levantou, puxando o ar com força para os pulmões. Você sabia que havia riscos, a maldita vozinha em sua cabeça falava. Se pudesse socar seu subconsciente, provavelmente faria isso agora. Claro que Megan sabia, tinha consciência de que muitas coisas poderiam dar errado nessa viagem, mas isso não fazia mais leve o fardo de seis policiais acabarem mortos por sua "equipe". Não os conhecia, mas eram de certa forma seus colegas.

— Merda — ela murmurou ao sair da banheira.

Colocou uma toalha no cabelo e vestiu o roupão tentando fugir do espelho. Não estava pronta para ver o próprio reflexo.

Ela saiu do banheiro e se assustou ao ver Ian sentado em sua cama.

— Você demorou, pensei que tinha descido pelo ralo.

Ele sorria, mas ao ver a expressão da parceira, ficou preocupado.

— Ei Meg, o que foi?

Ian se levantou para segurá-la pelos ombros e assim que sentiu o toque do parceiro, as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Megan. Ela o abraçou como se sua vida dependesse disso. Não conseguia dizer exatamente porque aquilo lhe pesava tanto a mente, mas então a vozinha de sua cabeça gritou um nome: John. Seu melhor amigo e ex-parceiro no FBI, que morreu bem na sua frente durante um tiroteio.

— Meg, o que aconteceu lá? — Ian falou acariciando suas costas, tentando acalmá-la.

Ela sabia o quando Ian devia estar preocupado, pois a única vez que ele havia a visto chorando tinha sido justamente no enterro de seu amigo.

Megan respirou fundo e controlou as lágrimas. Então limpou o rosto e olhou para o parceiro.

— Eu explico no relatório. Vou só me vestir.

Ele assentiu e foi em direção à porta, para dar espaço a ela.

— Ian.

Ele parou e a olhou.

— Obrigada por estar comigo. Você... é muito importante para mim, espero que saiba disso.

Ian sorriu e voltou até ela, então lhe deu um beijo na testa.

— E você é importante para mim, Meg. Se veste que eu vou preparar algo para comermos.

Megan sorriu de volta e o assistiu saindo do quarto.

Ao terminar de ler o relatório, Ian entendeu o momento de fraqueza da parceira. Assim que começaram a trabalhar juntos, após o tiroteio que tirou a vida de John, Ian notou que ela ainda não estava bem para missões de campo, porém Megan jamais admitiria e quis continuar. Em uma delas, houve uma cena parecida de tiroteio e a agente simplesmente congelou, como se seu cérebro tivesse desligado o corpo. Ian foi quem a salvou de levar um tiro que provavelmente a mataria. Nessa época eles não se davam exatamente bem, mas Megan o agradeceu apesar de não falarem sobre isso desde então. Nem precisava, Ian sentia o quanto aquilo a afetara e que situações que remetiam ao acontecimento, remexiam o mesmo sentimento da época. Ele não queria tocar na ferida, mas ao vê-la daquela forma, sentiu que devia.

— Meg... não sei como dizer isso, acho que não tem um jeito fácil. Olha, eu sei que agora você vai olhar tanto para o Walker quanto para o resto da equipe de uma forma diferente, pelo menos até conseguir superar o que aconteceu. Mas isso pode comprometer a missão e se começarem a desconfiar de sua lealdade, poderá ser um problema.

Ride Or Die [Livro I]Where stories live. Discover now