4 dias...ou não.

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Horas antes:

Uma noite longa se aproximava, eu sentia isso. Mas pela data da carta não faltavam cinco dias e sim um, o que eu devia esperar? O que eu deveria fazer? Levantei e fui viver minha vida, como o ultimo dia.

Fiz café e deixei um bilhete para Vanessa, que ainda dormia.

" Vane, preciso resolver algumas coisas. Volto para o jantar.

te amo."

Peguei o carro e dirigi até o banco, odiava aquela burocracia para retirar uma quantia maior mas era necessário. Quando sai de lá fui direto ao supermercado, comprei tudo que eu sempre quis comer e tinha adiado até aquele momento, comprei vodka, energético e outras bebidas que também não havia experimentado ainda. No caminho pra casa ouvi todo o cd do arctic monkeys que era meu preferido. Estacionei o carro na orla e fui caminhar, aquela agua, o vento, tudo me acalmava naquele lugar.

Depois de algumas horas decidi que iria a policia, iria dar um jeito de prender aquele que me fez mal por tantos anos. E fui.

Pedi para prestar depoimento ao caso 139, ocorrido em uma quinta-feira a noite. Em uma cidade pequena, perto da capital. O policial ligou o gravador e disse:

-Estamos aqui para ouvir sobre o que aconteceu no dia 09 de novembro de 2015. Assim que se sentir pronta, pode começar.

Senti como se meu mundo fosse desmoronar, mas respirei fundo e comecei a falar.

-Eu acordei, levantei e me arrumei para trabalhar. Eu trabalhava em uma firma de design e foi lá que conheci ele.

-Qual era o nome dele?

-Mikael.

-Pode continuar.

-Eu passava em um café todas as manhãs e depois subia para meu serviço, mas naquela manhã percebi que haviam colocado uma mesa do lado da minha e que ele estava lá. Como boa funcionaria dei boas vindas e me apresentei, ele foi bem simpático  e se apresentou também, disse que vinha de uma empresa do Canada e que iria trabalhar comigo em um novo projeto da empresa depois não conversamos o dia todo. No final do expediente, perto das 20:00 horas, ele me convidou para ir jantar e conversar sobre o tal projeto e eu aceitei, acabamos jantando em um restaurante perto da casa dele. Não passou de conversa, mas ficamos lá até as 02:00 da manhã, ele insistiu em me levar em casa, afinal meu carro havia ficado na empresa. Eu dormi e no outro dia quando fui trabalhar ele estava na frente do meu apartamento me esperando, achei estranho mas aceitei a carona até o trabalho novamente. Depois de alguns dias trabalhando juntos vi que ele queria ser mais que um simples colega de trabalho e acabei me aproximando dele e então um dia ele me convidou para jantar na casa dele e eu fui.

-Esse jantar ocorreu na noite do acidente?

-Não, uma noite antes.

-Então vocês se encontraram sozinhos mais vezes?

-Sim, na quarta feira quando fui jantar lá e na quinta, quando aconteceu tudo. Na quarta feira quando fui lá jantar foi super agradável, ele cozinhou e foi super simpático comigo, não demonstrou nada de estranho e antes de eu ir embora me chamou para voltar na quinta, pois queria conversar comigo sobre o projeto.

-Entendo, nos conte o que houve na quinta feira então.

-Eu sai do trabalho e fui em casa me arrumar, ele disse que iria me buscar pois estava perto, eu o esperei e fomos para a casa dele, chegando lá jantamos e conversamos sobre muitas coisas, mas acho que perdi a noção do tempo pois estávamos tomando vinho, mas senti algo diferente em um certo momento era como se eu não dormisse a meses, eu simplesmente apaguei. Quando eu acordei estava deitada em uma cama, sem roupas e sozinha no quarto, havia um bilhete perto de mim e estava escrito:

Oi, adorei a noite mas tive que sair para comprar comida, volto logo.

Eu levantei e não fazia a menor ideia de onde estava pois quando olhei para a janela vi neve e aqui no Brasil além de não nevar era verão, surtei na hora, procurei minhas roupas e não as encontrei mas haviam outras roupas femininas na casa, vesti e tentei sair mas todas as portas e janelas estavam trancadas, então simplesmente esperei ele voltar.Quando ele chegou perguntei onde estávamos e o que havia acontecido, ele disse que estávamos no Canada e que havíamos nos casado na noite anterior, sendo que eu ainda não me lembrava de nada, tentei fugir de lá e então foi quando ele pegou uma arma e apontou para minha cabeça, me fez ficar lá por semanas com ele, ate que um dia eu consegui abrir as portas, pois todas eram com senha e super trancas, fugi e voltei pro Brasil. Quando cheguei aqui as pessoas da minha empresa estavam loucas a minha procura, contei o que aconteceu e ninguém acreditou pois ele estava lá, ninguém nunca acreditou em mim.

-Então o primeiro crime foi o sequestro, certo?

-Exatamente.

-Então nos conte o segundo.

-Depois de alguns dias ainda sem entender o que havia acontecido ele voltou a me perseguir, uma noite eu fiquei até mais tarde no serviço, mas depois de tudo que havia acontecido eles haviam me trocado de setor então eu não o via mais. Mas aparentemente as únicas pessoas naquela noite na empresa eram eu e ele, quando fui embora ele me deu um soco no elevador, segurou meu pescoço e colocou o corpo contra o meu e disse que a partir daquele dia eu seria dele, se não fosse dele eu não seria de mais ninguém. Eu fui até a policia mas nada aconteceu, ele continuou me perseguindo e me ameaçando até que eu peguei a arma que eu tinha...

-Tu tem porte de arma?

-Tenho, eu servi no exercito quando jovem e recebi porte de arma.

-Continuando, peguei a arma e fui até a casa dele e não havia mais todos aquele moveis bonitos, pelo contrario, a casa estava vazia mas havia um barulho vindo do segundo andar então eu fui até lá e quando entrei não havia ninguém, mas cada passo meu do ultimo ano estava pelas parede e em um computador, ele havia colocado câmeras por toda minha casa, ele estava me controlando 24 horas por dia. Eu me distrai vendo tudo aquilo e de repente só senti um pancada forte na cabeça, quando acordei eu estava amarrada em uma cadeira e com uma fita na boca, ele me torturou por dias, me fez passar fome e sede até que um dia eu acordei em um hospital, a policia foi chamada mas ele havia sumido, os médicos falaram que quem estava fazendo isso conhecia os limites do meu corpo e sabia o momento de parar, também falaram que eu estava gravida mas perdi o bebe quando cheguei no hospital por falta de nutrientes para me manter vida. Eu segui minha vida, por alguns meses eu precisei de ajuda medica mas acabei melhorando. Mas ele voltou a poucos meses, me mandou cartas, apareceu na frente da minha casa. Eu não sei mais o que fazer, por isso vim aqui eu tenho certeza que ele vira atras de mim essa noite e quero pegar ele, com a ajuda de vocês. 

Um amor psicopataOnde histórias criam vida. Descubra agora