Vejo sombras
Me sobressalta isso de ver sombras
Mesmo antes que as encare, somem
Vejo sombras
Mais e mais e mais
E elas somem
Jocosas
Ao me virar
Por vezes, não me incomodo
Bebo
Rio delas
E elas se aprochegam
Mas antes que eu as encare, somem
Temerosas
Vejo sombras
Sempre que posso
E as evito
Não mais do que o posso para que não desconfiem
Que eu as vejo
Sim, eu as vejo
E por vezes não me incomodo
Até agora
Não me incomodo
Mas trago em mim fósforos
E se me inflamo algum dia
Onde elas vão se esconder
Pergunto em sussurro
Sem levantar a voz
Para que não desconfiem
Que sim
Eu sei
Que as vejo
Mas não me incomodam por enquanto
Que não me incomodem
Assim será melhor
Para todas nós.
ESTÁ A LER
Na Companhia da Poesia
PoetryPoemas sobre sonhos, sobre inquietações, sobre celebrar as pequenas alegrias, sobre se assombrar um pouco, sobre provocar um tanto. Principalmente, sobre se viver poesia. A imagem de capa é um detalhe da tela A Primavera, de Botticelli, c.1482. No d...