Mel

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Uma garota no seu começo de adolescência, nunca teve nenhuma decepção amorosa, nunca se relacionou com qualquer garoto. Vivia em meados do século XIX, seu sonho não era nada diferente dos sonhos de outras meninas da sua idade, queria um casamento com um moço belo e distinto, o príncipe encantado. Tinha postura de moça, seus vestidos longos e brancos eram bastante marcante, seu corpo sempre vestia um desses, meias longas, chapéu branco e delicado e luvas. Prendada, sonhadora e amável, ajudava com todo o serviço doméstico. O normal para sua idade era sair apenas para visitar alguém da família, mas isso não fazia sentido para ela, ficar tanto tempo dentro de casa sendo que tudo já estava limpo e organizado. Pedia licença para sua mãe, que era a única em casa depois do almoço, e ia brincar pelo espaçoso sítio, algumas vezes pulava a cerca e ia para um lugar mais movimentado. Adorava subir em árvores e observar as pessoas passando, tinha muito cuidado para não estragar a roupa, não deveria ficar empoleirada em árvores, mas não tinha muita coisa para fazer. Irmã mais nova e a única dentre 8 irmãs que ainda não havia se casado, o quinto irmão -divisor de águas entre as meninas- também não tinha saído de casa ainda e trabalhava junto com seu pai. Mel sabia ler, assinar seu nome e calcular o básico. Tinha certa admiração por Leopoldina e certo asco por D. Pedro I, em segredo, apesar de não ter muito contato com a política. Era bastante intuitiva e isso explicava o fato de não gostar de D. Pedro I, os casos que ele tivera não chegaram até ela mas ela nutria esse desencanto por ele.

Olhava de cima de uma árvore, em um campo nada movimentado, um rapaz vindo ao longe, pegou uma fruta e desceu com cuidado para não rasgar seu vestido. Sentou-se encostada na árvore e comeu o fruto se esquecendo completamente de que em poucos minutos estaria acompanhada.

Favo e MelOnde histórias criam vida. Descubra agora