Favo e Mel

Beijo

Depois de se conhecerem eles continuaram se encontrando debaixo da mesma árvore todos os dias e iam passear em busca de uma nova com frutos. Era como um ritual, sempre comiam encostados na planta de grande porte e riam até suas barrigas doerem e os seus rostos queimarem. O acordo era: Mel colhia as frutas e Favo ensinava ela escrever mais do que o próprio nome. Cada encontro era um segredo que ambos compartilhavam.
Em um desses dias​ Favo levou uma cesta com algumas comidas diferentes e uma toalha para estender no chão, quando Mel chegou se deparou com um piquenique, ela não se lembrava da última vez que havia feito um.

-Favo!

-Gostou?

-Claro que sim.

Seu sorriso se iluminou e os olhos ficaram miúdos formando pequenas rugas, era isso que Mel sempre esperava ao estar com ele. Ambos sabiam que estavam apaixonados, ambos sabiam que não era apenas paixão.

-Sente-se. Vamos comer algo.

Aproveitaram cada alimento da cesta e cada momento juntos. Sempre um deles procurava um pretexto para tocar discretamente o outro. A incerteza sobre a reciprocidade os deixavam nervosos e nenhum tinha coragem para tomar as devidas medidas. Favo tinha medo de estar desrespeitando-a e Mel de que com essa atitude estivesse sendo oferecida ou algo próximo.

-Favo, já amares alguém?

Ele a olhou nos olhos e transpareceu suavidade mas a verdade é que ele estava explodindo por dentro, palavras como "amor" suavam como doce para Favo vindo dos lábios da moça.

-Amar, nunca. Paixão não é amor. E a dondoca aqui?

Apertou seu nariz e eles riram juntos.

-Nunca.

Ele ofereceu uma das uvas que estava comendo, para quebrar aquele assunto, e ela aceitou.

-Abre a boca.

A menina o fez e o menino a admirava, aquilo era quase sexual a seus olhos, nunca estivera tão próximo a uma mulher antes. Passou o dorso da mão em seu rosto e ela se inclinou para sentir o carinho. Neste momento ele se aproximou e colocou um casto beijo em seus lábios.