C A P Í T U L O 3 |MALENA

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"Quando você sente isto em seu corpo
Você encontrou alguém que
Faz você mudar suas maneiras."
Usher - U Got It Bad

T H R E E🥀M A L E N A

Mais de quatro horas depois, nos encontrávamos em frente a um luxuoso hotel localizado no Sul de Las Vegas. O edifício era tão grande, que eu não conseguia olhar para o topo dele. Pelo menos não com o sol da tarde ferindo os meus olhos.

Nossos amigos foram os primeiros a sair do carro. Se eles começassem a pular e a fazer danças esquisitas, eu nem iria estranhar. Só eu e Stuart sabíamos quantos "Estamos chegando?" ouvimos durante a viagem. Teve um momento que eu pensei se seria muito ruim jogar meus amigos na estrada e passar com o carro por cima. Em minha defesa, ficar horas dentro de uma lata ambulante, enquanto meus amigos não paravam de repetir a mesma coisa, não fazia bem para minha sanidade mental.

Pus-me a sair do veículo também e olhei em volta. Se meu queixo não tinha ido ao chão antes, com certeza foi naquele instante. Parecia que o hotel era uma cidade única de tanto espaço que ocupava. Eu já imaginava que seria grande por ser um hotel-cassino. Porém a realidade, às vezes, está muitos passos à frente da fantasia. Minha imaginação não fez jus a beleza e os metros do lugar. A entrada do local parecia à entrada de um castelo moderno, desses filmes de "monarquia moderna", com direito a gramado, estátuas e uma rua exclusiva de ciclismo — para os hóspedes passearem sem precisar sair do hotel.

— Por que estão parados iguais dois bocós? — questionou minha amiga, delicada como sempre, se referindo a mim e ao Stur do meu lado. — Vamos, mexam-se. A diversão nos espera.

Depois do pedido fofo da Kim, todos nós adentramos o hotel. Tentei não ficar igual uma "bocó" de novo, ao olhar o hall, enquanto os meninos iam à recepção. Mas era meio impossível. O lado de fora parecia um sonho, e o lado de dentro era um sonho total. Senti-me num filme antigo sobre a máfia. Juro que a decoração antiga e amarronzada dava essa impressão.

Concentrei-me em tentar conter Kim pelo braço. Ela estava parecendo minha sobrinha de um ano; se eu soltasse, focaria numa direção e dispararia que nem bala.

— Será que você pode se conter? — pedi. — Já chegamos. Se quiser fazer a sua tatuagem na testa, que faça, mas espere — resmunguei.

— Tatuagem na testa? — Ela riu como se eu fosse louca. — Se for para pagar mico, tem que pagar direito.

— Vamos? — chamou Chris ao se aproximar, e eu apenas assenti.

— Somos quatro, mas reservei apenas duas suítes — Stuart explicou enquanto caminhávamos para o elevador.

Ele tinha feito aquilo pela internet, minutos depois que decidimos para qual lugar viajar.

— Sem problemas para mim — a morena disse indiferente.

— Ótimo, porque você vai ficar numa comigo — Chris alertou-a e deu o sorriso provocante que ela odiava.

Minha boca ficou seca e meu sangue correu mais depressa. Eu imaginei que seria assim. Era quase sempre assim. Mas ficar num quatro com Stuart ainda bugava minha mente.

— Como eu disse, sem problemas. É só você manter suas patinhas longe de mim e eu não serei presa por homicídio. — Sorriu para ele.

Entramos os quatro no cubículo de aço com mais uma senhora.

— E porque eu encosta... Quer saber, esquece — resmungou enquanto se olhava no espelho do elevador. Passou a mão nos seus cabelos cor de ébano enquanto sorria para o próprio reflexo.

Trajetos do Coração |DEGUSTAÇÃO|Where stories live. Discover now