Capítulo 13

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As duas únicas coisas que Ben conseguia pensar ao voltar para casa: a maciez dos lábios de Elizabeth e que o plano dele tinha que funcionar. Ele sentiu que depois do beijo, a empresária parecia envergonhada, exposta e até temeu que ela se afastasse dele, mas o tímido "obrigada" que saiu dos lábios dela quando ele beijou a mão dela para se despedir, provou que talvez ele tivesse uma chance. Ben contou a Elizabeth o que ele tinha mente, e disse que eles iriam colocar o plano em prática no dia seguinte, e depois ele sorriu ao ouvir Elizabeth sutilmente pedindo que ele a acompanhasse ao consultório da Dra. Jane antes de irem para a empresa.

Enquanto dirigia para casa, ele sorriu ao se lembrar da beleza dos olhos de Elizabeth logo após do beijo, ele quase se perdeu naquela imensidão azul-esverdeada daqueles olhos, ele estava se apaixonando por ela, a cada dia mais, a maior vontade que ele tinha agora era proteger Elizabeth e fazê-la feliz, mas será que a empresária permitiria?

Depois de checar se seus filhos estavam dormindo tranquilamente, Elizabeth seguiu para o seu quarto, fechou a porta e se encostou nela. Repassando em sua mente tudo o que tinha acontecido naquela noite, ela abrira seu coração para Ben, ou pelo menos parte dele, ela nunca tinha feito isso, nunca tinha contado pra ninguém o que tinha acontecido, Lia e Alec eram os únicos que sabiam de tudo. Será que ela se precipitou ao contar tudo para ele? Ela suspirou, ela sabia a resposta. Não, ela não se precipitou em contar para ele, pois agora ela se sente aliviada como se tivesse tirado um peso das costas. Ela suspirou outra vez, não, ela definitivamente não se precipitou ao contar pra ele, pois aquele abraço que ele deu nela assim que ela terminou de contar tudo foi uma das coisas mais reconfortantes que ela já sentiu. Ela sorriu um sorriso tímido, ela absolutamente não se precipitou, pois o beijo foi doce e ao mesmo tempo poderoso, ela se sentiu cuidada e ao mesmo tempo desejada. Como era possível ser tão diferente? Porque ela se sentia tão segura com ele? Será que ele era diferente mesmo? Ela parou de sorrir. "Eu não posso permitir ser machucada outra vez", ela pensou antes de se preparar pra dormir, ou pelo menos tentar.

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− Bom dia, Elizabeth. Você parece melhor, como se sente? − Dra. Jane disse sorrindo ao ver a empresária e Ben entrando no consultório. 

− Bem. − a empresária respondeu objetivamente, ela na verdade estava meio desconcertada com a presença do Ben, ela não conseguiu dormir a noite inteira sem pensar no beijo.

− Talvez você esteja se sentindo melhor porque, de alguma forma, parou de ingerir a substância. − a médica disse, olhando os exames da Elizabeth.

− De qual substância estamos falando, Dra. Jane? − Ben perguntou, se lembrando que Elizabeth não contou de fato tudo que a médica havia dito.

Dra. Jane olhou para Ben, sua sobrancelhas levantadas em surpresa. Elizabeth não tinha contado para Ben? Ela olhou para Elizabeth. − Você não contou a ele? − ela perguntou e Elizabeth negou com a cabeça, a médica voltou a atenção para Ben e viu que agora ele estava mais preocupado, querendo saber o que ele não sabia. − Ben, como falei para Elizabeth ontem, nos exames nós encontramos uma mistura de substâncias, essas duas substâncias separadas não causam mal, mas juntas elas podem ser tóxicas, ainda mais quando ingeridas em altas doses...

− E elas foram encontradas em grande quantidade no corpo da Elizabeth? − Ben perguntou, parecendo ainda mais preocupado. 

A médica assentiu com a cabeça. − As doses foram tão altas que o estômago dela já... perdeu uma pequena parte da sua eficiência... e se ela continuar ingerindo isso, pode até levá-la a... óbito. Foi o que eu disse para Elizabeth ontem. − Jane continuou, e viu Ben ficar cada vez mais pálido, parece que Elizabeth não havia contado isso também.

− Oh Deus... o meu plano precisa funcionar. − Ben disse olhando para Elizabeth afetuosamente, passando as mãos nos cabelos dela em preocupação.

− Plano? − Dra. Jane perguntou.

− Eu tenho minhas suspeitas de quem seja, não sei o motivo, mas eu espero que eu esteja certo, pois não quero que nada de ruim aconteça com a Elizabeth. − ele disse, e Elizabeth se controlou para não se emocionar com o cuidado dele.

− Ben, seja lá qual for o seu plano, é preciso agir rápido... eu preciso que você continue vindo aqui para fazermos mais exames e sabermos as quantidades das substâncias no seu corpo.... vocês precisam descobrir logo como a Elizabeth está ingerindo isso. Você não pode ingerir mais dessas substâncias. − a médica disse olhando seriamente para Elizabeth.

− Ela não vai ingerir, doutora. Mas vamos precisar da sua ajuda. − Ben disse segurando a mão de Elizabeth, surpreendendo tanto empresária como médica.

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O elevador da Thompson Corporation chegou ao 10º andar, o andar do escritório do Ben. Antes da porta abrir, ele segurou a mão de Elizabeth e a beijou.

− Vai dar tudo certo. − ele disse antes de sair do elevador, ela se controlou para não sorrir, então apenas concordou com a cabeça. 

Ela estava nervosa, o plano era bom, mas poderia ser perigoso, mesmo se as suspeitas de Ben estivessem certas, ela ainda não sabia com quem estava lidando.

− Quero saber todas as mudanças que ocorreram na minha agenda por causa da minha ausência. Remarque a reunião com os investidores para amanhã. Quero os relatórios para agora. Preciso que você compre o DVD favorito da minha filha, o antigo arranhou. Ligue para Harry, não me importa se ele está ocupado ou não, quero falar com ele agora. − Elizabeth despejou as ordens assim que saiu do elevador, Karen a acompanhava anotando tudo. Quando a empresária chegou na frente da mesa da assistente Sarah, ela parou. − Eu quero meu café. − ela disse em tom sério e frio. 

Assim que a assistente colocou o café dela na mesa e saiu da sala, Elizabeth pegou o copo e fingiu bebericar, vendo que assistente a olhava enquanto bebia. − Imagino que você não tenha trabalho a fazer, já que pode se dar ao luxo de ficar olhando para mim. − Elizabeth falou em tom cortante para a assistente, que piscou nervosa e logo voltou sua atenção para o computador.  

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− Sua chefe está? − Karen ouviu a voz masculina agora já conhecida dizer, era Ben outra vez, lindo como sempre, sorrindo como sempre e bebericando um café. As visitas deles ao escritório de Elizabeth estavam cada vez mais frequentes. 

− Sr. Dane, boa tarde, deixa eu verif...

− Deixe-o entrar, Karen. − ela ouviu a voz de Elizabeth dizer de dentro da sua sala. 

Ben caminhou para a sala de Elizabeth, evitando olhar para Sarah. 

− Você poderia ter disfarçado mais e deixado a Karen te avisar que eu estava aqui, para todos os efeitos, você odeia minha petulância. − Ben disse sorrindo e quase sussurrando ao entrar na sala da empresária. 

− Eu faço o que eu quiser no meu escritório, Sr. Dane. − ela falou séria, mas podia se notar um brilho diferente nos olhos dela.

Ben sorriu ao ver Elizabeth o "provocando", ele se aproximou da mesa, bem em frente ao copo de café de Elizabeth, e discretamente o trocou pelo copo que carregava nas mãos, um movimento quase que imperceptível.

− Pronto, esse daqui é seguro para você beber. − ele disse sorrindo e meio hesitante de Elizabeth não confiar nele e pensar que o copo que ele estava colocando lá também não era seguro. 

Ela não hesitou, pegou o copo, bebeu o café e fechou os olhos apreciando o sabor. Depois falou um tímido "obrigada", parecido com o daquela noite do beijo.

− Esse daqui vai ser examinado já já. Vou mandar entregar no consultório da Dra. Jane agora mesmo. − ele disse, com o tom de voz baixo, se referindo ao café em suas mãos, o olhando como se tivesse carregando uma arma. Ela apenas concordou com a cabeça, ele sorriu e se dirigiu para sair da sala, até que parou e olhou para Elizabeth. − Obrigada por confiar em mim. − ele sussurrou antes de sair.

"Não, obrigada você." Elizabeth pensou ao vê-lo sair pela porta. 

Águas Passadas (Part I)Where stories live. Discover now