capítulo- 3

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Antes que eu possa sequer me mover, ela acerta um tapa estalado em meu rosto, recuo para trás não por dor, mas por surpresa:

- O que quer aqui?- ela pergunta novamente.

- Eu quero fazer algumas perguntas e dar-lhe uma má notícia.

Ela não me convidou para entrar, me arrastou para dentro da casa, a senhora nos seguiu, me sentei em uma cadeira simples no quê eu acho ser a sala de jantar, ao me ver sentado ela me lança um olhar de desprezo, percebo que está odiando minha presença no local, ela apenas ajeita algumas coisas em cima da mesa e se senta dr frente para mim:

- Comece.

- Desculpe te dar essa notícia assim, mas... seu pai faleceu.

Ela encara o chão por um longo tempo, vejo uma lágrima solitária escorrer por seu rosto, mas ela a limpa rapidamente e me encara:

- Como?

- É isso quê estou tentando descobrir.

Ela me encara com seus olhos castanhos duvidosos:

- Ele acordou estranho essa manhã, os olhos dele estavam azuis, ele não falou comigo, apenas saiu do quarto como um zumbi, disse que se entregaria, eu não tentei impedi-lo, sempre quis que ele fizesse isso.

- Eu te entendo.

Ela riu sarcásticamente:

- É claro que sabe, general Michael Millore.

Fico parado, sempre a mesma reação, como se apenas pelo fato de eu ser um membro do palácio, não tivesse passado por perdas:

- Eu também sou um ser humano- soltei sem querer.

- Um ser humano abençoado general.

Me levanto da mesa rapidamente com um estalido derrubando a cadeira:

- Obrigado senhorita Rosie- falo a pondo de pé- por seu depoimento.

Ela pareceu ter percebido o quê tinha feito, uma sombra de pena passou por seu rosto:

- Eu...e- começou.

- Pare- falei a cortando- se quiser que eu te leve até o palácio para ver seu pai, ou posso traze-lo aqui...

- Traga-o aqui- falou novamente com um semblante de tristeza- quero enterra-lo aqui, na nossa casa.

Assinto silencioso, saindo calmamente  da pequena casa amarela, o vento leve soprando, monto no cavalo e volto rapidamente para o palácio, torcendo para voltar antes do anoitecer.

Passo pelos portões rapidamente, as estrelas pipocam no céu azulado, deixo o estábulo pela entrada dos empregados, com intenção de subir rapidamente e descansar, no caminho me deparo com uma garota de cabelos amarelados e olhos verde- mar, me desvio bruscamente para não derrubar a cesta de frutas que carrega nos braços:

- Opa!- falo pegando uma maçã sem quê perceba- desculpe.

Ela arregala os olhos parando no meio do caminho, e me lança um olhar de descontentamento, passo as mãos atrás das costas, e ela segue o caminho de volta.

Mordo um pedaço da fruta voltando ao andar de cima, escuto vozes, lembro-me quê reuniões com ativistas  do país do ar costumam demorar, eles são conhecidos por sua minociosidade em negócios, encosto o ouvido na porta aguardando:

- ...Então vocês não estão envolvidos nos ataques recentes a água?...

- Não querida, está acontecendo uma guerra civil, o último contato que tivemos encerrou nossas relações comerciais.

- Então..., vamos passar algum tempo aqui, aí veremos se estão aptos.

Ouço arrastar de cadeiras e me afasto da porta, me encostando na parede:

- Michael?- pergunta Nyssa abrindo a porta.

- Senhorita- falo fazendo uma pequena reverência- vim lhes levar aos seus aposentos.

Seguimos pelos corredores até os quartos, paramos em frente a um roll de vários quartos vazios:

- Este pode ser o seu senhorita Adelyne- falo apontando para uma porta- e Kayle...

- General- interrompe o garoto mais uma vez, passando as mãos pela cintura de Adelyne- não precisamos de dois quartos.

Fico com a boca entreaberta, olho dos dois para Nyssa, em busca de respostas:

- Eles são um casal- explica.

- A quanto tempo?

- Por quê quer saber?

Viro-me para o rapaz petulante, ele continua esboçando um pequeno sorriso sarcástico:

- Por nada Sr.Kayle.

Ele assente e fala algo no ouvido de Adelyne, que revira os olhos azuis, eles seguem para dentro e me viro para a Nya:

- Posso acompanha-la?

Ando com as mãos para trás, ela caminha ao meu lado numa distancia respeitável:

- Você fechou negócio?- pergunto.

- Ainda não.

- Como?

- Eles vão ficar aqui por um tempo, observando, e então decidir se vale a pena... e você?, onde você foi?

- O senhor que morreu... ele tinha uma filha, fui a um povoado atrás dela, tinha que tirar minhas dúvidas, Ny, se eu estiver certo podemos estar próximos de...

- Para- ela diz me interrompendo- não precisamos de uma lenda nos assombrando.

Torço a boca numa linha reta, ela se aproxima um pouco e seguro sua mão com força, entrelaçando nossos dedos:

- O quê você achou deles- pergunto- digo... Kayle e Adelyne.

- Eles são um belo casal- comenta olhando diretamente pra frente.

- Eu não teria notado.

- Você saiu rápido, não ficou com eles.

- Pelo menos eles podem demonstrar- falo apoiando sua cabeça em meu peito.

2- Crônicas Elementares- Terra e ArOnde as histórias ganham vida. Descobre agora