2- Crônicas Elementares- Terra e Ar

capítulo-5

Me viro rapidamente, voltando a escavar as pedras meio queimadas com agilidade desesperada, mais um pedido de ajuda ecoa em meus ouvidos:

- ACHEI UMA SOBREVIVENTE!- grito para os soldados próximos.

Ouço gemidos de dor próximos de mim, medo toma conta do meu corpo, ninguém veio ajudar, olho em volta o mundo ficando fora de foco, girando, vejo uma jovem de longos cabelos tão brancos quê transmitem um brilho prateado, no quê parece ser uma camisola também branca quê quase se camufla a sua pele, sinto suas mãos frias em minha pele, olho pela primeira vez seu rosto, calmo e sereno, seus olhos azuis, duros e frios como gelo, e um sorriso cruel destoando a beleza da garota:

- Encontrei- fala.

Sua respiração ondula e a baforada de ar frio me fez voltar a mim, me assusto quando uma mão saída dos escombros agarra meu braço, negra, não sei se de queimaduras ou da fuligem, empurro os pedaços de madeira e gesso, e encontro o corpo destruído de Rosie.
O corpo da menina, está quase irreconhecível, o cabelo negro reduzido a um ninho de poeira, grito de novo, e dessa vez alguém vem ao socorro da jovem, Kayle, quê segura a garota com uma delicadeza quê pensei não ser possível para alguém de seu porte, o ajudo a carrega-la para longe, descansamos seu corpo em uma das macas trazidas para casos de emergência, sua respiração irregular é rápida demais, ele segura sua mão:

- Vai ficar tudo bem- murmura- calma.

Encaro o rosto do rapaz, vejo quê ele tem um sorriso calmo, quê não alcança seus olhos azulados, quê chegam a tremer de tensão, me pergunto de apenas pelo caos a sua volta, seu corpo esguio curvado para quê possa falar com a jovem
olhando-a:

- Chame alguém para ajudá-la- pede ainda acalmando-a.

Me viro em busca de algum curandeiro, médico, qualquer coisa quê pudesse auxiliar, quando vejo uma garota puxando loucamente os escombros de uma casa um tanto maior quê as demais, corro para ajudá-la, ela ergue os olhos para mim, e vejo lampejos de lágrimas, mas rapidamente e volta a revirar os pedaços queimados, não sei o quê ela procura mas começo a tentar ajudar, jogo restos para todos os lados, mas só espalhamos cinzas, até quê ela ergue os braços para o céu em rendição, e passa as mãos nos cabelos loiros, então se levanta e balança os braços abertos, ergo a sobrancelha sem entender os gestos, mas uma ventania  começa fraca, então passa a espalhar partes do quê fora uma casa, e faz meu corpo saculejar com violência, me empurrando para trás e revelando uma caixa de madeira pintada de branco, intacto, exeto por pequenas partes pretas, um caixão, com abas douradas, e detalhes negros, inscrições, Adelyne desaba sobre o caixão, e percebo com uma certeza fria quê ela era a causadora da ventania quê momentos atrás sacudiu o lugar, ela abre os fechos, com os dedos tremendo, e empurra com força a tampa, derrubando-a com um baque seco, revelando um jovem de porte médio, com cabelos castanhos e lisos de corte militar, de olhos abertos, azuis de semelhança quase assustadora com a menina debruçada sobre o corpo, ajeitado demais, as mãos postas sobre o tórax, quase ironicamente, destoando o rosto do rapaz quê está congelado numa expressão de horror, como se tivesse morrido de maneira dolorosa, e com certeza recente, apesar de não ter marcas em nenhum lugar:

- É culpa minha- murmura Adelyne- meu Deus, o quê eu fiz?

Sinto o clima do lugar mudar, como se tensão tomasse conta do meu corpo, algo ruim iria acontecer, vejo um movimento rápido e um corpo desce sobre a garota bruscamente a abraçando por trás, penso quê Kayle está ali para consola-la por quem quer quê fosse o jovem no caixão, mas logo percebo quê algo está errado, a expressão do garoto é de dor, e ele está com as costas arqueadas, então suas mãos deslizam pelo corpo de Adelyne e ele desaba no chão, ao seu lado, ela se vira rapidamente arquejando e grita, me levanto e paro ao seu lado, vejo com surpresa e medo mesclados, uma faca alojada nas costas do rapaz quê está caído de bruços gemendo de dor.