42. Aventura de Verão (Parte I)

235 40 6
                                    


As viagens relativas às atividades de fim de ano foram agendadas para o dia 18 de dezembro, uma quinta-feira. Conforme instruído pelo coordenador em pessoa, os estudantes registrados em lotações longe da capital deveriam se reunir fora dos portões da cidade, onde seriam convocados pelos representantes das comitivas que os levariam aos respectivos destinos.

Como em qualquer quinta-feira, inúmeras carroças, cavaleiros e pedestres, entravam e saiam dos portões da capital. Os transeuntes mais azarados tinham suas mercadorias vistoriadas por truculentos guardas, que por uma gorda quantia os deixariam passar sem mais problemas, independe da mercadoria que transportavam para dentro ou para fora.

Próximo a uma dessas vistoriais, do lado de fora dos portões, Ronan esperava os amigos enquanto sentava em uma das dezenas de caixas apreendidas durante a manhã do mesmo dia. O sol brilhava em um céu de poucas nuvens, pelo ângulo da estrela brilhante e das sombras por ela projetada, o jovem rapaz deduziu já passar das nove horas.

A mente divagou. Lembrou-se da semana anterior. Memórias do dia que implorou aos pais para assinarem a autorização vieram à tona. Hobb ficou orgulhoso com a notícia, mas disfarçou uma preocupação para agradar Laura, a sua esposa, que não acreditava na irresponsabilidade da universidade em deixar "crianças" viajarem para outras cidades. Ainda mais em tempos conturbados como este em que viviam. Para sorte de Ronan, ele aprendera uma lição: falar com propriedade algo que pouco entenda, para alguém que entenda menos que você, é uma persuasão garantida. Graças a isso, quando explicou à mãe da importância em aprender com um Sábio da Ordem dos Magos, ela apenas ouviu e acenou para o relato falacioso, e sem entender absolutamente nada, ela cedeu. Quando Ronan recobrou a consciência e voltou para o presente, estremeceu ao ver que alguém ali perto o encava.

— Sou tão feia assim?

— A-Anna, me desculpe. Acho que sonhei acordado por um instante.

Ela puxou um caixote para perto e sentou próximo ao rapaz.

— Você ficou encarando o guarda por cinco minutos, ele quase veio te dar uma surra, mas eu expliquei que você tinha um probleminha, ai ele ficou envergonhado.

Ronan sentiu as bochechas ferverem.

— Obrigado. — Sua voz saiu fraca.

— Que? — perguntou incrédula. — Você acreditou mesmo? — ela caiu na risada.

— Sem graça... — Suas bochechas esquentaram ainda mais.

Um pedestre se aproximou dos três, para perguntar:

— O que é tão engraçado?

Ronan não iria admitir, então esperou Anna recobrar o juízo, porém, foi após muitas gargalhadas que ela se acalmou e parou para responder a pergunta do garoto que acabou de chegar:

— Não é nada Dario, esquece, deixa pra lá.

Assim como os dois ali presente, Dario arrastou um caixote de madeira para perto dos amigos. Ficando ao lado esquerdo de Ronan.

— Só espero não ter perdido nada — disse ao encostar as nádegas na superfície.

A conversa foi logo interrompida quando um oficial de um destacamento que ali marchava, os abordou:

— Vocês! — bradou enérgico. — Guardem essas caixas nos devidos lugares. Esse é o armazém exclusivo das mercadorias apreendidas, e não um parquinho para crianças brincarem. — Fuzilou-os com o olhar.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora