21. Infiltrados (Parte IV)

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Adotando um olhar fulminante, Magnus Leonhart encarou os dois Guardiões encurralados contra a parede. Aproximou-se arrastando o florete que empunhava contra as grades de cada cela, deixando o tilintar metálico dar um clima ao embate que previa. Para a ocasião ostentava sua famosa armadura prata e vermelha, trazendo embaixo do braço esquerdo o elmo fechado que julgou necessário trazer.

Magnus viera sozinho, porém confiante. Acreditava que o show pirotécnico enlouqueceria o cavaleiro-arqueiro, mas o maldito demonstrava calma. E até o encarava de forma desafiadora. Quando ficou a 15 metros dos invasores, o arqueiro levantou o arco curto, puxou uma flecha da pequena aljava em sua cintura e levou-a até o arco, tencionando a corda, pronto para disparar.

Fixando os olhos no arqueiro que o ameaçava, Magnus ergueu o braço com o florete, apontado a arma como se fosse conjurar algo por ela. Com a mão esquerda trouxe o elmo para si, encaixando-o em sua cabeça, sem dar abertura para um disparo.

O florete que trazia era uma espada mais fina, leve e rápida comparada às adotadas pelos exércitos ao redor do continente. Uma arma ideal para enfrentar oponentes desprotegidos. Para sua relativa sorte, os infiltrados trajavam apenas as couraças de aço polido.

Eduardo atentou-se à espada erguida pelo conjurador mirando o colega à esquerda, que fez o correto e não se precipitou em soltar a primeira flecha. Em guarda o comandante caminhou para perto de Magnus. Os dois trocaram olhares, mas o oponente dividia sua atenção entre os dois Guardiões Rúnicos.

Quando o olhar do inimigo mirou o arqueiro, Eduardo avançou numa estocada. Magnus reagiu redirecionando o golpe perfurante com o seu florete. A flecha zuniu ao alçar voo e ganhar velocidade. Magnus saltou para trás e num estalar de dedos o projétil foi engolido na combustão de uma enorme bola flamejante que abrasou as grades das celas mais próximas.

— Isso é tudo? — perguntou com um meio sorriso. — Soldadinho! — zombou com os olhos semicerrados.

O arqueiro dirigiu-se a Eduardo, que recuou quando previra com antecedência a conjuração.

— Comandante, e agora?

— Quantas flechas você ainda tem?

Ele conferiu a pequena aljava presa na cintura.

— Quatro.

— Só isso?

— A gente não vinha para uma guerra, você mesmo disse: "quanto menos, melhor".

Ouvir aquilo fez Eduardo arrepender-se em ser tão rigoroso, mas por outro lado, isso talvez tenha permitido à escalada ser um sucesso.

Não importa, é muito tarde para ficar lamentando.

Virou-se mais uma vez para o subalterno.

— Quando enxergar uma oportunidade, não hesite, atire nele.

Mas foi Magnus quem respondeu:

— Não irei ficar quieto enquanto vocês planejam! — bradou ao acumular energia arcana o suficiente para dispará-la numa torrente chamejante.

Sem muito espaço para reagir os cavaleiros focaram a energia na runa talhada em suas couraças, que brilharam ao envolvê-los em uma barreira translúcida. O fogo abraçou as barreiras arcanas e dissipou-se quando a energia acumulada pelo conjurador se esgotou.

Quando as chamas baixaram uma flecha disparou contra a figura trajando à armadura prata e vermelha. Um estalo metálico reverberou na prisão. A seta atingira a lateral da armadura, mas fora defletida pela curvatura da proteção criada para este propósito.

RonanWhere stories live. Discover now