CAPÍTULO 17

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MELINDA

Eu juro que isso está começando a parecer um maldito disco repetitivo.

Toda noite eu penso em alguma burrada que o Heitor fez e como isso prejudica os meus sentimentos por ele e todo o relacionamento que possamos vir a ter.

Ontem, quando ele se despediu de mim, ele me beijou na testa e disse que não iria desistir. Eu apenas dei de ombros.

Logo no primeiro dia tudo dar tão errado assim?

Sempre vai dar errado em cada uma das etapas que prosseguirmos?

Passo a mão pela testa já prevendo uma dor de cabeça e levanto em direção a sala. Era segunda e eu precisava trabalhar e acordar a Malu.

Mas fui surpreendida ao abrir a porta do meu quarto e dar de cara com a sala coberta por rosas brancas e vermelha. Uma explosão de rosa e vermelho pela sala.

- O que é tudo isso? – sussurrei.

- Do Heitor. Não é lindo? – Suspira Malu do outro lado da sala, com uma rosa vermelha em seus cachos. – Eu pesquisei o significado e vi que rosas brancas significam perdão e rosas vermelhas amor, atração, fidelidade. – Seus olhos brilham em minha direção. – Não sei que besteira ele fez dessa vez, mas isso aqui é lindo.

E era mesmo.

Eu estava sem palavras.

Ela me estende um cartão e eu reconheço a caligrafia elaborada dele.

"Eu já consegui uma nova secretária. Sei que precisava de espaço e pode voltar ao seu cargo, mas quero que saiba que estarei sentindo a sua falta a cada momento.
Cada rosa representa um minuto inteiro que fiquei pensando em você e como eu só cometo burradas com você.
Não se permita desistir de nós tão cedo.
Até mais tarde.

Com amor,

Heitor"

Com amor.

Meu coração vibra dentro do peito e eu perco as palavras.

Ah Heitor...

*

Depois de conseguir arrumar a maioria das flores em jarros e Malu levar algumas para segundo ela, "distribuir um pouco de amor" na escola, eu finalmente consegui chegar ao trabalho.

Dona Rose já estava me esperando com um sorriso no rosto e um copo de café que eu tanto precisava.

Dei um abraço nela.

- Ai Dona Rose, como eu senti a sua falta!

Ela retribui o abraço com um sorriso ainda maior.

- Eu senti mais a sua, minha menina! Ficar aqui sozinha foi um pouco trabalhoso, mas tinha noção que o pobre do Heitor precisava mais de você do que eu.

Dei de ombros.

- Mas eu prefiro muito mais a senhora. – Confidenciei sorrindo.

Eu a adorava.

Sempre me tratava bem e era espirituosa.

Mandava até presentes para a Malu! Ela era como uma mãe deveria ser.

Como a minha não foi.

Botei um sorriso no rosto e peguei meu copo de café tomando um grande gole.

Era hora de botar minha vida confusa de lado e trabalhar.

HEITOR

Three little birds sat on my window

And they told me I don't need to worry

Summer came like cinnamon, so sweet

Little girls double-dutch on the concrete

Maybe sometimes

We've got it wrong, but it's all right

The more things seem to change

The more they stay the same

Oh, don't you hesitate

Eu ouvia a voz suave da Mel vindo de algum lugar do almoxarifado e como um irmã, meu corpo ia em direção a ela.

Era sempre assim.

A presença dela, a voz dela, a beleza dela, a risada dela, tudo me atraia como um imã poderoso.

Eu não tinha controle sobre o meu corpo.

Só ela.

Quando eu cheguei mais perto, ela estava de costas para mim, fones no ouvido e dançando enquanto arrumava uma pilha de documentos.

Girl, put your records on

Tell me your favorite song

You go ahead, let your hair down

Sapphire and faded jeans

I hope you get your dreams

Just go ahead, let your hair down

You're gonna find yourself somewhere, somehow

Eu sorri e a abracei por trás.

Ousado, eu sei os riscos que eu corria fazendo isso.

Mas porra, eu morria de saudades dela.

As rosas eram apenas uma das muitas surpresas que eu queria dar pra ela. Não pelas burradas, mas porque eu gostava de fazê-la feliz.

Como o esperado, ela tomou um susto e se virou para mim.

- Heitor! Não pode me assustar desse jeito! – Ela diz, mas não me afasta. Continua em meus braços e eu tomo isso como um bom sinal.

Dou um beijo em sua testa e a encaro.

- Você gostou das rosas?

- O que você está fazendo aqui?

- Ué, eu não posso vir visitar a minha namorada?

- Namorada? – Ela me olha com os olhos arregalados.

- Sim, é isso que somos desde ontem.

Ela suspira e passar seus braços pela minha cintura.

- Sim, é isso que nós somos.

Eu senti o alívio percorrer o meu corpo e antes que eu pudesse me impedir, a beijei.

Eu morria de saudades daquela boca, do jeito que ela abria a boca totalmente já receptiva ao meu beijo, do jeito que ela gemia baixinho quando eu me encostava cada vez mais nela...

Me afastei antes que eu perdesse o controle, já que eu tinha certeza que Dona Rose poderia voltar a qualquer momento e eu não queria constranger a Mel.

Ambos estávamos sem fôlego. Passei o dedo pelos seus lábios inchados que me faziam querer beijá-la novamente. Deus! Tudo o que eu queria era ficar sozinho com ela.

Só nós dois.

Como ontem no meu apartamento.

- Você quer jantar hoje no meu apartamento?

- Você não acha meio cedo?

- E você não acha que merecemos um primeiro encontro decente?

Ela morde o lábio e leva todo o meu autocontrole para não mordê-lo também.

- Vamos, Melinda. Não vai acontecer nada que você não queira. – Mas Deus, eu espero que você queira.

Ela continua a me olhar e acho que finalmente chega a uma decisão.

- Ok, eu topo.

Ótimo, mas o que eu iria fazer?

Droga, eu teria que ligar para a minha mãe.

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HONEY - Uma história de amor sem medidasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora