Fly Away!

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Havia se passado uma semana desde o grande caso na carreira de Yuri, e diferente do que o loiro imaginava, ele estava ainda mais atolado de trabalho. Estava cada vez mais cansado, e com menos tempo para dividir com Otabek. A quantidade de ômegas que o procuraram após a divulgação do caso extrapolou todas suas expectativas.

O cazaque fazia o que podia para tentar algum tempo de qualidade com o namorado, mas o mesmo estava sempre querendo transar, comer ou dormir, e o moreno não sabia como abordá-lo sobre o fato de não receber a atenção que gostaria. Tinha medo que Yuri interpretasse errado, e ficasse chateado consigo, então apenas seguia, aproveitando do pouco que tinha. Era melhor do que não ter Yuri.

Também não tinha conseguido entregar a maldita aliança de compromisso, o que fazia com que seu irmão o zoasse sempre que possível, já que JJ estava junto quando o Altin a comprou.

Na verdade Jean desde a infância não perdia a oportunidade de fazer piada com o mais novo. Ele nem mesmo percebia o quanto isso o afetava, que já ele parecia ser inseguro desde pequeno. Com o passar dos anos, Otabek tinha aprendido a filtrar as brincadeiras do Leroy, porque era o jeito dele, e ele fazia isso com todo mundo. Mas quando se tratava de Yuri, Otabek perdia totalmente o controle, e sempre pensava o pior.

Seu alfa interior gritava que ele era insuficiente, que Yuri tinha encontrado alguém ideal, que o russo não tinha lhe dado um pé na bunda por pena, porque ele tinha aquele olhar de peixe morto, e Yuri não saberia lidar com suas bobagens.

Fazia o que podia para espantar tais pensamentos, porque sempre que estavam juntos, Yuri o tratava com carinho, mesmo enquanto dormia, abraçava-se ao pescoço de Otabek, e caia em sono profundo, então o moreno agarrava-se a essas pequenas demonstrações de afeto e seguia em frente.

Esperava pacientemente alguma mensagem do loiro que indicasse que podiam se ver. Yuri tinha ido ao endocrinologista e, pelas contas do mesmo, o seu cio estava próximo, ele queria trocar os supressores e anticoncepcionais antes disso.

Otabek tinha comprado o apartamento que sonhava um dia dividir com Yuri, e já tinha até mesmo começado algumas pequenas reformas e mobiliado alguns espaços. Arrumou o escritório de forma que Yuri ficasse mais à vontade, porque cansou de ver a forma torta com que o loiro estudava seus casos na casa do irmão, então tinha colocado uma grande poltrona muito confortável em um canto da sala, a iluminação ali era ótima.

Também fez uma parede toda de prateleiras, porque Yuri tinha muitos livros, e muitas caixas com arquivos e cópias sobre casos e Otabek queria que ele pudesse fazer dali sua biblioteca particular. Conseguia visualizar Yuri estudando tranquilamente ali. Isso aquecia seu corpo.

Também mudou os móveis da sala e do quarto, a cozinha deixou como estava, porque Yuri tinha gostado, e não teve coragem de mexer no quarto de bebê.

Tinha tentado, pensou em transformá-lo em um quarto de visitas, ou quebrar uma parede e expandir o escritório, mas quando entrava no local, e via a singularidade do ambiente, não podia deixar de ver seu Yuri sentado naquela poltrona de amamentação, enquanto alimentava um pequeno bebê de cabelos castanhos e olhos verdes.

Otabek se considerava patético.

Ele nem mesmo tinha coragem de pedir Yuri formalmente em namoro, como diria que já tinha comparado uma casa, feito reforma e sonhava com bebês? Era realmente patético.

Portanto, quando recebeu a mensagem de Yuri dizendo que queria sair e conversar, o cazaque praticamente surtou. Se arrumou enquanto aturava Jean falando no seu ouvido que o loiro iria terminar com ele. Não acreditava, ele conhecia Yuri. Ele sabia que ele no máximo iria comer algo diferente e depois transar loucamente. Balançou a cabeça, não queria pensar nisso.

I can't FlyWhere stories live. Discover now