Thinking 'bout you

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Eu não estava conseguindo me concentrar. A única coisa que eu fiz nesses quase dois dias sem falar com Paulo, foi pensar nele e em como eu tinha pisado na bola.

Assim que saí de seu apartamento, sem falar absolutamente nada, eu recorri a única pessoa que me entenderia naquele momento e que me daria algum tipo de consolo. Quando cheguei na casa de Ágata, a morena logo percebeu que algo tinha acontecido e eu despejei todas as minhas lamentações no colo da minha melhor amiga.

Recebi várias broncas, as quais eu sabia que eram necessárias, já que a culpa toda tinha sido minha. Mais uma vez eu tinha deixado minha insegurança tomar conta das emoções e acabei machucando os sentimentos do jogador da Juventus.

No outro dia quando acordei, com uma ressaca enorme do vinho que eu e Ágata bebemos, fiquei decepcionada ao ver que não tinha nenhuma mensagem de bom dia no meu celular, coisa que, desde que comecei a sair com ele, já tinha virado rotina nas minhas manhãs. Com o passar do dia, notei que o silêncio de Dybala era uma forma de punição, que de certa forma eu merecia.

Essa greve de silêncio também foi necessária, pois estando sozinha com meus próprios pensamentos, eu pude perceber o quanto eu sentia falta dele. O nó enorme que estava preso no meu estômago não me deixava pensar em outra coisa e meu coração parecia que ia quebrar a qualquer momento. Eu nunca tinha sentido algo parecido, mas agora queria que essa sensação incômoda fosse embora o mais rápido possível.

Quando minha mãe telefonou para saber quando eu iria para Londres, eu não pude me controlar. Não consegui explicar direito para a mulher o que tinha acontecido, mas nem foi preciso, pois de certa forma dona Glória me conhecia o suficiente para saber que o motivo daquelas lágrimas secas, da voz engasgada e do humor triste, eram coisas do coração. Ela apenas me confortou, falando que não via a hora de poder me abraçar, e no final da ligação soltou a frase que me rendeu uma noite toda em claro: "Siga o seu coração, que no final tudo vai se resolver''.

E agora, depois da discussão, depois das broncas de Ágata, depois da noite toda em claro, depois de passar o dia inteiro olhando para meu celular esperando alguma notificação, e da sensação ruim onde parecia que peito iria explodir a qualquer momento, eu sabia exatamente onde meu coração estava.

Ou melhor, eu agora podia sentir exatamente o que meu coração implorava para eu seguir. Ele estava machucado e a dor piorava toda vez que eu lembrava da expressão decepcionada no rosto de Paulo.

Na hora que o professor anunciou o fim do primeiro período de aulas, eu não precisei pensar duas vezes antes de agarrar meus materiais e correr para o carro. Não sei dizer ao certo como cheguei no apartamento do jogador tão rápido, mas a realidade caiu nos meus pés no momento em que toquei a campainha e ele abriu a porta, surgindo uma expressão de surpresa no seu rosto marcante.

Pelo visto ele não esperava que eu fosse aparecer ali tão cedo.

Vê-lo ali, parado na porta, foi o suficiente para eu sentir uma calmaria tomar conta do meu interior, me confirmando exatamente o que meu coração estava mandando eu fazer.

- Posso entrar? - perguntei com a voz baixa, com receio de uma possível rejeição de Dybala.

Ele apenas assentiu com a cabeça, me dando espaço para entrar no apartamento que estava silencioso demais, indicando que ele estava sozinho ali. Me virei devagar, para encarar novamente seus olhos marcantes, mantendo uma distância razoável. Respirei fundo algumas vezes antes de começar a falar.

- Eu vim aqui para pedir desculpas pelo que eu falei naquela noite. - comecei, lutando para minha voz não ficar falhada. - Eu não queria ter dito aquilo, não da forma como falei, como se o que estava rolando entre nós dois fosse algo passageiro ou uma brincadeira pra mim, por que não é. Mas... desde que saí daqui... eu vi o quanto foi necessário ter acontecido aquilo.

Lights On • Paulo DybalaOnde histórias criam vida. Descubra agora