VINTE E CINCO

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— O que você faria se voltasse para sua casa? — Daniel perguntou se apoiando na cadeira.

Dei de ombros e coloquei uma colher cheia de sorvete na boca enquanto pensava, não sabia exatamente o que faria se voltasse a viver como antes.

— Não sei — falei ao que ele deu de ombros antes de voltar para a pia onde ele recheava a pizza.

Fazia pouco mais de meia hora que estávamos ali, aquele era seu dia de folga e ele tinha feito questão de preparar o jantar para Megan, me convidou para ir ao supermercado e comprou sorvete e ingredientes para fazer pizza, o que incluiu a massa, já que ele não sabia como fazê-la.

— O que gostava de fazer? — dessa vez ele não me olhava.

— Eu não tinha muitos amigos, quer dizer, vivia rodeada de garotas, mas nossos programas se resumiam a compras e jantares ou almoços em restaurantes — dei de ombros.

Aquela parecia uma cena improvável, eu e Danny em uma cozinha conversando civilizadamente enquanto ele cozinhava alguma coisa. Alguém que não nos conhecesse e nem soubesse da nossa história, jamais imaginaria que alguns dias atrás, estávamos trocando farpas ou que ele já fora absurdamente babaca comigo.

— Para mim, não teria graça ter muito dinheiro se não tivesse meus amigos — ele comentou.

— Quando se tem muito dinheiro, não sobra tempo para sentir falta de certas coisas — falei vagamente e ele se virou para mim com uma expressão estranha no rosto.

— Você nunca se sentiu sozinha? Você nunca esteve tão deprimida ao ponto de se perguntar onde estavam as pessoas que diziam gostar de você? — ele parecia surpreso.

— Você não pode sentir falta do que nunca teve, Daniel. Essa é a questão, para mim sempre foi muito normal as pessoas não confiarem umas nas outras, simplesmente por saber que, por dinheiro, elas te apunhalariam pelas costas sem pensar uma vez sequer — expliquei, vendo a expressão do garoto passar de surpresa para enternecida.

— Pode me chamar de Danny, nem minha mãe me chama de Daniel. A menos que ela esteja brava ao ponto de querer me matar — disse voltando a se virar para a pizza. — Deve ser triste viver dessa maneira.

— Se voltasse a ter a vida que tinha, com certeza sentiria falta desse tipo de coisa. Sentiria falta de Angie, Mayh, Tom, enfim, sentiria falta de tudo, não sei se conseguiria ficar longe — falei brincando com o copo vazio.

— Fiquei surpreso quando soube que você e Tom eram próximos. — Ergui uma sobrancelha.

— Por quê? Sou próxima de todos seus amigos, Danny, só de você que não. Converso e troco mensagens com todos e o Tom sempre se esforçou para ser legal comigo — peguei o copo e levei até a pia.

— Tom é legal com todo mundo, menos com quem ele não gosta e não gostar de alguém é algo muito raro quando se trata dele — comentou enquanto eu ensaboava a colher.

— Diferente de você, que implica com as pessoas sem nem conhecê-las — falei o olhando brevemente.

— Isso faz parte da minha personalidade — sua voz parecia divertida.

— Você é neto da Nona, o que quer dizer que você tem descendência italiana, certo? — perguntei curiosa.

— Na verdade não, minha avó não era italiana. — Senti meu rosto esquentar.

— Achei que ela fosse italiana. — disse e ele riu.

— Meu pai a chamava de Nona quando criança, consequentemente meu avô passou a chamá-la assim também, e quando ela se deu conta todos já a chamavam assim. — Concordei com a cabeça. — Você se lembra dela?

From Prada To NadaWhere stories live. Discover now